“... Se meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá.” (Sl. 27.10).
A solidão é algo que assusta profundamente o ser humano. A solidão dói. As pessoas se envolvem cada vez mais em atividades, para não se sentirem sós. O medo da solidão pode gerar relacionamentos insatisfatórios, onde as pessoas se toleram e se aturam para não ficarem sós.
Cercar-se de amigos, casar-se, ir a festas, participar de uma igreja, mergulhar no trabalho, nada disso vence a solidão, pois ela não é uma ausência física de companhia humana, é a constatação da ausência de relações significativas com outras pessoas. “Não é bom que o homem esteja só” (Gn. 2.18); Daí os solitários sentirem-se insatisfeitos, tristes, inseguros, ansiosos e deprimidos.
Na cruz, Jesus sentiu-se desamparado. Paulo viu-se sozinho numa prisão de Roma. João passou seus últimos dias exilado na ilha de Patmos. Precisamos distinguir solidão de solitude.
Jesus tinha necessidade de ficar sozinho de vez em quando e procurava lugares desertos para orar. Nós também podemos ter esses momentos de isolamento, tão propícios ao descanso e reflexão.. Já a solidão é caracterizada por um vazio existencial devido à falta de relações significativas com entes queridos. Mesmo cercados de muitas pessoas, se elas não tiverem determinada importância ou proximidade conosco, seremos solitários.
“Sou como o pelicano no deserto, como a coruja nas ruínas” (Sl. 102.6). Existe muita solidão nos orfanatos, asilos, hospitais, e penitenciárias. Nós a encontraremos entre os migrantes, soldados, solteiros e viúvos. Ela também existirá nas grandes cidades, condomínios luxuosos, entre artistas, governantes, nas multidões apressadas e nas fábricas entupidas de operários.
Fazer-se religioso não deixa ninguém menos só. A religião não pode resolver o problema da solidão, dependendo do caso até agrava. Não podemos forjar uma relação com o Senhor para compensar a falta de laços satisfatórios com outras pessoas. Não seria uma comunhão espiritual saudável, mas uma compensação. Muitos vão em busca do Senhor por serem incapazes de um relacionamento com os semelhantes, muitos permanecem frustrados, pois procuravam outra coisa.
A solidão é um fardo pesado, mergulha-se num estado crônico de depressão, a auto estima desaba, vão à busca dos outros com tanta ansiedade que as afastam, originando então autopiedade e desespero. Como resultados as pessoas tentam esconder-se no trabalho, numa vida social intensa, nas drogas ou no álcool, alguns, até tentam o suicídio.
Nós podemos ira à Casa de Deus por costume e sair de lá exatamente como entramos, mas, se quisermos faremos do culto um momento de riqueza espiritual e de crescimento interior. Infelizmente muitas igrejas, com suas cerimônias frias e convívio humano superficial, contribuem para que seus membros se sintam solitários.
Nenhuma solidão resiste a um companheirismo sincero e desinteressado com o Senhor. Quem está com ele nunca se encontra totalmente só. “... Se meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá.” (Sl. 27.10).
Se nos relacionarmos apenas com pessoas, mas não com Deus, ainda estaremos solitários. Além de nos abrirmos com Deus, necessitamos estabelecer relacionamentos significativos com quem está ao nosso lado, no templo, em casa, no trabalho, para isso precisamos tentar superar desentendimentos do passado.
Para sairmos da solidão, temos de reconhecer que o propósito da vida das pessoas não é nos satisfazer, nem tornar nossas vidas mais agradáveis, que eles não existem para nós, mas para si próprios. É dar-se e receber, para viver e deixar viver, de uma maneira desinteressada, profunda e sincera. Para sermos seres humanos em plenitude precisamos uns dos outros.
Obter vitória para a solidão é superar as circunstâncias, a timidez e o medo. É sair da sua concha e estabelecer relações significativas e gratificantes.
Por Litrazini
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