quarta-feira, 17 de julho de 2013

"Descobrindo" a vontade de Deus?


Por Bruce Waltke

A palavra "descobrir" normalmente é usada no sentido de aprender, alcançar ou compreender a mente de Deus. Quando procuramos "descobrir" sua vontade, estamos tentando descobrir um conhecimento oculto, por meio de uma atividade sobrenatural. Se vamos descobrir a vontade divina em uma situação específica, temos de penetrar na mente de Deus para saber qual é a sua decisão. "Descobrir", nesse sentido, é na verdade uma forma de adivinhação.

Essa ideia era comum nas religiões pagãs. Na verdade, era a maior preocupação dos reis pagãos A maioria dos textos do antigo Oriente Médio tratam da adivinhação. O rei jamais tomava uma decisão importante, como ir para a guerra, até obter uma resposta dos deuses, se deveria ou não ir. Muitos cristãos seguem esse mesmo caminho na busca da mente divina para uma decisão.

 Já conversei com pessoas que realizam certos rituais antes de ir a Deus com uma pedido importante, como se assim pudesse se tornar mais aceitáveis perante Deus, tendo uma chance maior de receber uma resposta. Entretanto, foi desse tipo de comportamento pagão que Cristo nos livrou. Não precisamos matar cordeiros ou fazer grandes promessas, nem fazer sacrifícios especiais para negociar nosso acesso à presença de Deus. 

Cristo, com sua morte na cruz, rasgou o véu do Santo do Santos. O acesso a Deus não é mais restrito a apenas um sacerdote humano, nascido de uma família específica, que ia diante do Senhor em favor do povo escolhido. Você agora tem acesso a Deus por meio de Jesus Cristo. Agora você tem direção de Deus por intermédio do Espirito Santo. Talvez o problema seja que nem todos os cristãos estão tendo um relacionamento íntimo com o Deus que os ama. 

O Novo Testamento não dá nenhum mandamento explícito para "descobrirmos a vontade de Deus", nem se pode encontrar nenhuma instrução específica sobre como fazer tal coisa. Não há uma fórmula mágica, oferecida ao cristão, que abra alguma porta misteriosa e maravilhosa e que nos dê um vislumbre da mente do Todo Poderoso. 

A Bíblia proíbe a adivinhação pagã (Dt 18.10) e prescreve punições severas para aqueles que recorrem à magia para determinar a vontade de Deus. Simão, o mágico, foi severamente repreendido por Pedro, por tentar adquirir poderes sobrenaturais (At 8.9-13) e Cristo criticou a geração que sempre pedia sinais a Deus. 

Deus não é um gênio mágico. O uso de "caixinha de promessa" ou o hábito de abrir a Bíblia ao acaso e apontar um texto com o dedo, ou tomar como base o primeiro pensamento que passa pela mente depois de orar são formas fúteis e desnecessárias de adivinhação cristã. 

A busca por sinais especiais de Deus é a marca de uma pessoa imatura - alguém que não consegue simplesmente crer na verdade como esta se apresenta, mas precisa ter sinais especiais e miraculosos como símbolo da autoridade divina. 

Fonte: Waltke, Bruce & Macgregor, Jerry.  Conhecendo a vontade de Deus para as decisões da vida. Cultura Cristã. São Paulo, 2001. pp. 20,21

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