O filme As aventuras de Pi, trata de um jovem indiano que ao mudar-se com a família para o Canadá (pai, mãe e irmão) com os únicos bens dela, os animais do zoológico que fecharam na Índia, são atingidos por uma grande tempestade. O barco afunda deixando somente ele e alguns animais à deriva no oceano.
Observação: Se você não assistiu o filme, pare por aqui, assista primeiro, pois não quero tirar-lhe a vontade por revelar algumas coisas do mesmo.
As aventuras de Pi trazem à tona coisas já velhas debaixo do sol:
1. Uma grande verdade: a soberania de Deus sobre toda as coisas
A grande verdade que o “aventureiro involuntário” encontra, trata-se da soberania de Deus sobre todas as coisas.É Ele, Deus, que nos dá e nos tira tudo que temos.
Diante da tragédia o personagem Pi grita aos céus:
- Eu perdi tudo, minha família, os animais, o que mais você quer? Eu me entrego a Ti!
Há muitos momentos dramáticos em que PI experimenta a soberania de Deus. Coisas espantosas ocorrem. Sem comida para si e para o seu Tigre de Bengala há o medo de ser devorado. O indiano consegue fisgar um peixe, porém chora de remorso por matar um ser vivo sendo ele um vegetariano, mas agradece a Deus. Noutro momento o Tigre pula na água e consegue pegar um grande peixe, tendo dificuldade para voltar ao barco.
É possível até fazer um paralelo com o que aconteceu com Jó, que também perde tudo, bens, filhos, até mesmo a saúde, e nesse sofrimento todo reconhece a presença de Deus preservando ainda assim a sua vida e caminhando bem próximo dele.
E assim é o livro bíblico de Jó, marcado pela soberania de Deus. Até o diabo, para fazer o mal, precisa pedir licença ao Deus Soberano. Ao final do livro o Senhor restaura toda a vida de Jó.
2. Uma grande mentira: a existência de vários deuses (politeísmo)
A grande mentira na qual o personagem Pi acredita, é que Deus, representado em outras religiões por outros nomes, está lado a lado com outros deuses. Seu pai questiona seu comportamento sendo um “hindu católico muçulmano”.
A mãe defende-o:
- Ele é muito jovem ainda, vai se definir.
O pai o critica:
- Deveria conhecer melhor a ciência, pois ela nos deu mais respostas em alguns anos do que a religião em séculos.
A mãe ainda retruca:
- A ciência mostra o exterior, mas não o que tem aqui dentro (colocando a mão no peito).
Na Confissão de Fé de Westminster lemos: “Há um só Deus (...)”.
Na Bíblia lemos nos 10 mandamentos:
Não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam, mas trato com bondade até mil gerações aos que me amam e guardam os meus mandamentos. Êxodo 20:3-6
Logo, é inconcebível e incompatível com a fé cristã, seja católica romana, católica (universal) ou protestante crer em mais de um deus. Nosso Deus é exclusivista, fez o homem para si e não para outros deuses. Ele é rigoroso em relação a isso, como lemos no decálogo.
Também, muitas práticas e crenças hindus ou muçulmanas não se harmonizam com o cristianismo. O encontro com Jesus relatado pelo personagem deveria ter excluído outras crenças passando a segui-lo como único mestre, único e suficiente Salvador.
Conclusão
É muito interessante o momento do filme em que o personagem Pi conclui sua história para o escritor cético já extasiado com tantos elementos e até duvidoso por algumas coisas que pareciam fantasiosas. Cita ele que contou tudo a dois chineses da empresa de transportes marítimos que o indagavam do porque o barco afundou. Mas eles também acharam tudo muito fantasioso, apesar de tantos detalhes, ficando com receio de passar por bobos ao relatar isso à empresa.
Pi então inventou uma outra história sem os animais, somente sobreviventes humanos que pereceram todos no pequeno barco à deriva. Apenas para satisfazer aos chineses e a polícia, contudo sem dizer por que o barco afundou. O escritor fez um paralelo entre os animais e as pessoas que os substituíram na história inventada.
Pi então pergunta ao escritor:
- Em qual você prefere acreditar?
O escritor replica:
- A que tem o tigre. É a melhor história.
Pi então finaliza:
- Obrigado. O mesmo vale para Deus.
O escritor sorri discretamente. Enquanto Pi recebe esposa e filhos, o escritor confere o relatório da empresa marítima que comprova sua sobrevivência 272 dias ao lado de um Tigre de Bengala adulto num barco a deriva no mar.
De toda essa jornada pelo filme, esse fecho é uma das coisas mais bem feitas. O que está em questão ali são a fé e a razão. A fé é a certeza das coisas que não se vêem, a convicção das que se esperam. Mas ao mesmo tempo ela materializa-se em nossa vida o tempo todo.
Os milagres apesar de muitas vezes parecerem fantasiosos aos nossos olhos que preferem o palpável e racional em detrimento do sobrenatural e transcendente, não são anulados pelo nosso ceticismo. A fé mantém a vida, a razão e a ciência têm de concordar com isso, pois muitas vezes esbarram no inexplicável.
Nesta fronteira tênue em que muitas vezes nos encontramos, é preciso escolher em qual história preferimos acreditar. Eu prefiro acreditar em Deus, na história de Cristo. É a melhor história, mesmo que a mente humana, finita, muitas vezes não alcance, eu prefiro dar o salto da fé.
Busque você também a fé no Deus soberano e peça a Ele que lhe mostre qual o propósito dEle para sua existência, isso vai te manter vivo eternamente.
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Danilo Cassemiro de Campos é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasi
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