sábado, 30 de março de 2013

É possível, o crente, perder a salvação? Mais uma refutação ao Pr. Ciro Zibordi.


Por Denis Monteiro


Mais uma vez o pr. Ciro Sanches começa bem e termina mau. 

No Facebook o pastor postou um breve artigo, tentando mostrar que o crente perde a salvação. Em seu primeiro parágrafo ele foi enfático em dizer que o descrente será condenado eternamente. Mas quando vai explicar Apocalipse 13.8; 17.8 comete um erro infantil, vejamos o seu comentário:

Pr. Ciro: Quando um nome é inserido no Livro da Vida? O que é o Livro da Vida? É o registro de todos os salvos, de todas as épocas (Dn 12.1; Ap 13.8; 21.27). Alguns teólogos têm afirmado que Deus inseriu nesse livro apenas os nomes de supostos indivíduos eleitos antes da fundação do mundo e contestam a oração que alguns pregadores fazem pelos pecadores arrependidos: “Pai, em nome de Jesus, escreva os seus nomes no livro da vida”. Mas é importante observar que, em Apocalipse 17.8, está: escrito que os nomes têm sido relacionados no Livro da Vida "desde a", e não "antes da" fundação do mundo.

Há uma enorme diferença entre "antes da" e "desde a". No grego, o termo "apo" significa "a partir de". Segue-se que a expressão "desde a fundação do mundo" denota que os nomes dos salvos vêm sendo inseridos no Livro da Vida desde que o homem foi colocado na Terra fundada ou criada por Deus (Gn 1), e não que haja uma lista previamente pronta antes que o mundo viesse a existir. 

A expressão "desde a fundação do mundo" foi empregada também em Apocalipse 13.8 para denotar que todos os cordeiros mortos desde o princípio apontavam para o sacrifício expiatório do Cordeiro de Deus (Is 53; Jo 1.29). Isto é, os sacrifícios de animais realizados antes de Cristo tipificam a sua definitiva obra redentora.

Bem, a sua analise ao termo grego apo foi correta, dizendo ser "a partir de". Mas isso não significa que desde a fundação do mundo Deus vem escrevendo os nomes. O texto é claro em mostrar que Deus escreveu os nomes desde a fundação do mundo. Como eu afirmo isso? O texto reza assim: "foram escritos no Livro da Vida  desde a fundação  do mundo..." Ou seja, mesmo que o texto diz que a partir (desde), a palavra "foram" mostra que este ato já ocorreu. Segundo a gramática portuguesa  "foram" indica estar na terceira pessoa do plural no pretérito, ou seja, está ação está no passado. 

O mesmo ocorre com Ap 13.8. Segundo ele os cordeiros mortos desde a fundação do mundo, retrata a morte de Cristo expressa nos cordeiros. Mas o texto afirma que Cristo foi morto e não que está sendo ou que estava sendo morto desde a fundação do mundo (1Pe 1.20). A firmação do pastor faz com que seu argumento se enquadre a tradição católica romana que Cristo, a cada missa, morre. 

E ele continua sua analise incorreta das Escrituras:

Pr. Ciro - É possível ter o nome riscado do Livro da Vida? De acordo com a Palavra de Deus, existe a possibilidade de pessoas salvas, que não perseverarem até ao fim, terem os seus nomes riscados do Livro da Vida do Cordeiro (Ap 3.5). Em Êxodo 32.32,33 vemos essa verdade na intercessão de Moisés pelo povo: "Agora, pois, perdoa o seu pecado; se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito. Então, disse o Senhor a Moisés: Aquele que pecar contra mim, a este riscarei eu do meu livro".

Quando o Pr. Ciro diz, citando a Bíblia, que quem não perde a salvação são aqueles que vencem dar-se a entender que o crente tem que estar em constante luta para não se perder e ser o "vencedor" (Ap 3.5). Só que há uma implicação a qual não podemos esquecer, como diz Lutero que se um ponto está difícil de entender em outro lugar da Escritura ele será esclarecido. Então, como entender Ap 3.5? Da seguinte forma, o cristão é um vencedor porque Deus nos ama, logo, o cristão é o vencedor de Apocalipse 3.5 porque "em todas estas coisas somos mais do que vencedores". 

O livro mencionado em Êxodo 32:33 não é o Livro da Vida descrito em Filipenses 4:3, e mais tarde em Apocalipse (13:8; 17:8; 20:12, 15; 21:27). Pelo contrário, refere-se ao livro dos vivos, o registro daqueles que estão vivos (cf. Sl. 69:28). A ameaça, então, não é a condenação eterna, mas a morte física.[1]

Pr. Ciro - Serão riscados os que permanecerem desviados do Senhor e em uma vida de pecado (cf. Ap 3.3-5; 21.27). Em Lucas 10.20, Jesus disse aos discípulos da missão dos setenta (v.1), bem como aos doze (que sempre estavam com Ele) e a toda a sua Igreja, por extensão: "alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome escrito nos céus". Judas, porém, um dos doze apóstolos do Senhor, desviou-se do Caminho. Por isso, o apóstolo Pedro afirmou: "[Judas, que] foi contado conosco e alcançou sorte neste ministério... se desviou, para ir para o seu próprio lugar" (At 1.17,25).

O pastor comente um erro sério de interpretação. Segundo ele o texto de Lucas 10:20 faz menção aos doze discípulos que fora escolhido no principio. Mas vamos analisar o texto, porque este assunto sobre missões vem desde o capitulo 9 que diz assim: "E, convocando os seus doze discípulos, deu-lhes virtude e poder sobre todos os demônios, para curarem enfermidades." (vs 1 - negrito acrescentado). Mas no capitulo 10 versículo 1 diz assim: "E depois disto designou o Senhor ainda outros setenta, e mandou-os adiante da sua face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir."(negrito acrescentado). O termo outros no grego é bem claro para mostrar a distinção. O termo grego para outros éheteros (próximos; usado para diferenciar de alguma pessoa ou coisa anterior), ou seja, estes setenta discípulos não era os doze que fora escolhido no princípio (Mt 4.18ss). Como provei anteriormente que os setenta não era os doze que fora escolhido antes, logo, Judas não estava entre os setenta. Quando o pastor cita Atos 1.17, 25 ele quer mostrar que uma pessoa pode perder a salvação. Mas o que ele não percebeu foi que o verso 25 diz que Judas foi "para o seu próprio lugar", ou seja, como disse Jesus a Judas: "O que fazes, faze-o depressa" (João 13:27). Logo, Judas foi destinado para tal ofício como descrito em João 17.12: "Nenhum deles se perdeu, a não ser aquele que estava destinado à perdição, para que se cumprisse a Escritura."

Entendamos uma coisa. A morte de Cristo foi e é eficaz para salvar o pecador. Na morte de Cristo não há hipótese de o pecador ser salvo. Por quem Cristo morre, este é salvo. E este que é salvo recebe o dom do Espírito e seu penhor, o selo o qual é a confirmação que somos filhos de Deus para testificarmos no último dia (Rm 8.14;Ef 1.14). 

Paulo é claro em dizer que quem nos separará do amor de Cristo? (Romanos 8:35). Ou como disse Jesus: "E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão." (Jo 10.28). Mas para não ficar nenhuma dúvida, vejamos alguns termos gregos para enfatizar e provar que o quinto ponto do calvinismo é bíblico. 

Jesus disse em João 10.28: "nunca hão de perecer...". A palavra nunca no grego é ou me que significa nunca, certamente que não, de modo nenhum, de forma alguma. 

"...perecer...": No grego apollumi, ou seja: destruir, sair inteiramente do caminho.

"... ninguém as arrebatará...": O termo ninguém (tis) significa nenhuma pessoa.

"... arrebatará...": O termo arrebatará no grego harpazo significa: pegar, levar pela força.

Ou seja, Jesus diz que por aqueles que Ele morreu "nenhuma pessoa (das ovelhas que Ele morreu) pode ser destruído ou sair do caminho e nem levar a força"

Como diz J. Blanchard:

"A razão pela qual nenhum cristão pode ser arrebatado da mão do Pai é que o próprio Pai o colocou ali." [2].
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Notas:
[2] Pérolas para a vida; Ed. Vida Nova; p. 367.

Divulgação: Bereianos

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