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OS DIAS DOS REIS
Introdução - A ansiedade dos judeus por um líder visível foi uma revolta contra a soberania divina. Enamorados da pompa e da glória dos reis e nações vizinhos, Israel também desejava sentir sua própria glória. Deus jamais havia pretendido que o Seu povo se sujeitasse a um governante terreno, mas que fosse “um reino de sacerdotes” e uma “nação santa”, tendo o próprio Deus como Rei (Êxodo 19:6; 1 Pedro 2:9). Desse modo, a rejeição de Israel a tê-Lo como Rei evidenciou uma completa falta de confiança em Deus. Sua presença no meio do povo não fora suficiente garantia de Sua segurança e provisão?
Mas, a exigência do povo: ”constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.” (1 Samuel 8:5) significava uma clara e definitiva rejeição a Deus e ao Seu reinado, o que iria culminar em sérias conseqüências para o povo. Em Sua graça e misericórdia, Deus reverteu esse pecado numa ocasião de fortalecer o Seu propósito, na obra a ser realizada em Cristo - a principal fonte de bênçãos divinas para todos os homens e toda a criação. O reinado de Saul não fazia parte do propósito de Deus, embora fazendo parte integral do Seu plano. O propósito divino era dar ao Seu povo um Reino visível, conforme predito por Moisés em Deuteronômio 17:14-15. Quando Israel exigiu um rei, Samuel se voltou para a direção de Moisés (1 Samuel 10:24).
A explícita promessa de Deus sempre estivera diante do povo, conforme Gênesis 17:16: “reis de povos sairão dela” [referindo-se a Sarai]. Outras alusões a reis podem ser encontradas em Gênesis 36:31; Números 24:17. Não foi o desejo da nação por um rei, mas o espírito do seu pedido que foi errado. O líder Samuel, nomeado por Deus, foi desprezado pelo povo, sob o pretexto de “Eis que já estás velho” (1 Samuel 8:5), depois dele ter dirigido os assuntos do povo durante 35 anos. Essa rejeição culminou com a impaciência anexada ao pecado da exigência. Eles perderam a visão de que o seu Rei era Deus; por isto, o Senhor lhes deu um rei segundo “o seu coração” (Oséias 13:10-11). Certa vez, Voltaire falou: ”O Céu sempre dá os reis como vingança”.
I - A ESCOLHA DO POVO (1 Samuel 9; 11:13-21; 2 Samuel 1; 21:1-9.
Saul, filho de Quis, representava a insignificante tribo de Benjamim, que teve o seu nome mencionado do Novo Testamento (Atos 13:21; Filipenses 3:5); e Saul foi o nome que mais se distinguiu no Velho Testamento, na genealogia dessa tribo. Saul se tornou um rei segundo o coração do homem, assim como Davi se tornou um homem segundo o coração de Deus (1 Samuel 13:14; Atos 13:22). A história de Saul é típica do pecado e da rejeição dos judeus ao Senhor e da necessidade divina de levantar filhos de Abraão entre os gentios (Mateus 3:8-10). A vida de Saul foi caracterizada pelo orgulho pessoal, vontade própria e auto-ajuda (1 Crônicas 10:13; Provérbios 10:8 e 13:1).
II - IS-BOSETE (1 Crônicas 8:33; 9:39; 2 Samuel 2:8-12; 3:7-15 e 4)
Mesmo tendo sido um usurpador, Is-Bosete reinou sobre Israel durante dois anos e, por isso, merece um lugar no estudo da realeza. Seu nome, que aparece 13 vezes no Livro 2 Samuel, originalmente era Esbaal (1 Crônicas 8:33), em sinal de desprezo a Baal, de alguma conexão da família, segundo a qual ele havia sido nomeado. Ele era o mais novo dos 4 filhos de Saul.
III - DAVI (1 Samuel 16-31; 2 Samuel 1-25; 1 Reis 1-11; 1 Crônicas 2, 3, 10- 29.
DAVI - UM TIPO DE CRISTO
O Livro de Rute contém a origem da família de Davi e sua descendência da tribo de Judá (Rute 4:18 com Gênesis 38:29; Mateus 1:3-6; Lucas 1:32). Seu nome ocorre 1.120 vezes na Escritura e, sendo o mais importante personagem tipo de Cristo, seu nome é dado a Cristo (Isaías 55:3; Jeremias 30:9; Ezequiel 34:23; Oséias 3:5). Davi foi o único rei nascido em Belém, lugar do nascimento do Salvador. Ele é chamado “o ungido do Senhor” (2 Samuel 19:21; 23:1) e uma tripla unção à realeza lhe foi concedida:
- Por Samuel (1 Samuel 16:13); 2. - Por sua própria tribo (2 Samuel 2:4); 3. - Por toda Israel (2 Samuel 5:2-3).
Davi tinha 30 anos de idade, quando começou a reinar, tendo reinado durante 40 anos: 7 anos sobre Judá e 33 anos sobre toda a nação de Israel. Ele precisou esperar durante sete anos e meio pelo cumprimento da promessa divina de que seria rei sobre toda Israel. Quando, finalmente, todas as tribos o reconheceram como rei, fizeram com ele uma “liga” e, em Hebrom, ele recebeu a coroação oficial. Deus não é tão lento em cumprir Suas promessas, quando os homens são aptos a pensar.
IV - SALOMÃO (2 Samuel 12:24-25; 1 Reis 1:11; 1 Crônicas 22-23:1;28-29; 2 Crônicas 1:9).
Salomão foi um tipo do Reino Milenar. Salomão, “o rei filho do rei” (Salmos 72:1), foi o segundo filho de Davi com Bate-Seba, e aquele sobre quem Deus concedeu tal majestade real, como a nenhum outro rei antes dele, em Israel (1 Crônicas 29:20-25). Quando Salomão sucedeu a seu pai, ele ainda era “jovem e tenro”, talvez com 20 anos de idade, tendo reinado durante 40 anos. O Dr. William Graham Scroggie fala sobre Salomão: “Um caráter forte, que pode ser observado de três maneiras: pessoal, oficial e tipicamente.
Visto pessoalmente - Ele se caracterizou pela sabedoria e maldade; dotado de grande intelecto, muito fraco em matéria de ética. Sua mente e sua moral não ocupavam o mesmo nível.
Visto oficialmente - Sua obra foi dupla: o desenvolvimento material do reino e a construção do templo.
Visto tipicamente - Não é difícil ver nele uma antecipação do Reino Milenar de Cristo, o Qual, após ter vencido todos os inimigos, estabelecerá paz na Terra”.
V - O REINO DIVIDIDO (975-586 a. C.)
Com a morte do Rei Salomão, Israel foi dividido em duas partes, e a divisão aconteceu, principalmente, por causa da deslealdade da nação idólatra, na qual dominava o pecado, de ambos os lados, o que culminou com o castigo de Israel, sendo levado para a Assíria (721 a.C.) e Judá (586 a.C.), para o cativeiro na Babilônia. Enquanto o autocrático e sábio Salomão e seus conselheiros mantiveram o controle, as várias tendências rebeldes não ousaram se manifestar; porém, logo que ele faleceu, veio a catástrofe.
A divisão do reino em duas partes desiguais teve como principal causa o adultério e a idolatria de Salomão. Por ter-se afastado da adoração ao Deus verdadeiro, o castigo prosseguiu: “Assim diz o Senhor a Salomão: Pois que houve isto em ti, que não guardaste a minha aliança e os meus estatutos que te mandei, certamente rasgarei de ti este reino, e o darei a teu servo. Todavia nos teus dias não o farei, por amor de Davi, teu pai; da mão de teu filho o rasgarei; porém todo o reino não rasgarei; uma tribo darei a teu filho, por amor de meu servo Davi, e por amor a Jerusalém, que tenho escolhido” (1 Reis 11:11-13). Então, a divisão foi decretada por Deus como castigo sobre a casa de Davi, por causa da idolatria de Salomão, quando importou suas esposas de nações pagãs e, assim, ter espalhado este contágio por todo o seu povo.
Quando o reino foi desdobrado em suas partes, as tribos gêmeas de Judá e Benjamim formaram o Reino de Judá, sob a liderança de Roboão e seus sucessores, enquanto as 10 tribos, sob a liderança do usurpador Jeroboão, filho de Nabate, e seus sucessores, formaram o Reino de Israel, conforme predito pelo profeta Aías (1 Reis 12:15. Ver 1 Reis 12; 18; 2 Crônicas 10-28). A história dos 39 reis é entregue, a fim de mostrar à humanidade a certeza do cumprimento das promessas e ameaças divinas e, especialmente, que a justiça exalta uma nação, enquanto o pecado a conduz à destruição (Levítico 26:31; 2 Reis 25:9).
Uma olhada nos dois reinos, separadamente, mostra como diferiam materialmente. O Reino do Norte (Israel), com suas dez tribos, era, portanto, mais poderoso que o Reino do Sul (Judá). Contudo, este último era espiritualmente mais firme que o primeiro. Por isto, as dinastias do Norte eram de pouquíssima duração, sendo atacadas por forças revolucionárias. Por outro lado, o pequeno, e muitas vezes invadido Reino de Judá, fielmente ligado à linhagem real de Davi, embora caracterizado por perigosas crises e vários governantes indignos, possuía uma ligação espiritual, a qual mantinha o povo unido. O forte ministério de Isaías pode ser enfocado sob este prisma.
VI - O REINO DE JUDÁ (975-586)
O Reino de Judá perdurou quase 400 anos, sob 20 reis, de Roboão até Zedequias, muitos dos quais foram piedosos. Para comparação e contraste entre os dois reinos e seus reis, dirigimos ao leitor nossas observações introdutórias e conclusivas dos acontecimentos sobre o Reino de Israel. Jerusalém era o centro doReino do Sul (Judá), tendo sido destruído pelos caldeus, sob Nabucodonosor, quando o principal do povo foi levado cativo para a Babilônia.
Os profetas associados ao longo período deste reino foram: Isaías, Jeremias, Joel, Sofonias, Miquéias, Naum e Habacuque. As profecias destes homens de Deus foram totalmente cumpridas e nos dão a certeza de que profecias, como aquelas falando dos mortos, dos grandes e pequenos sendo julgados diante de Deus, cada um segundo as suas obras, serão ainda cumpridas (2 Pedro 3:11-14; Apocalipse 20:12).
A - Roboão - (1 Reis 12:20-24; 14:21-31; 2 Crônicas 11:12).
B - Abias - (1 Reis 15; 2 Crônicas 13).
C - Asa – (1 Reis 15:9-15; 2 Crônicas 14-16).
D - Jeosafá - (1 Reis 22:2-33; 41-50; 2 Crônicas 17-21:3).
E - Jeorão - (2 Reis 8:16-24; 2 Crônicas 21).
F - Acazias - (2 Reis 8:25-29; 2 Crônicas 22:1-9).
G - Joás - (2 Reis 11:21; 2 Crônicas 22:10; 24:27).
H - Amazias - (2 Reis 14; 2 Crônicas 25).
I - Uzias - (2 Reis 15; 2 Crônicas 26; Isaías 6).
J - Jotão - (2 Reis 15:32-38; 2 Crônicas 27).
K - Acaz - (2 Reis 16; 2 Crônicas 28; Isaías 7-12).
L - Ezequias - (2 Reis 18-20; 2 Crônicas 29-31; Isaías 26-39).
M - Manassés - (2 Reis 21:1-9; 2 Crônicas 33:1-9).
N - Amom - (2 Reis 21:18-26; 2 Crônicas 33:21-25).
O - Josias - (2 Reis 22-23:30; 2 Crônicas 34-35).
P - Jeocaz - (2 Reis 23; 2 Crônicas 36).
Q - Joaquim - (2 Reis 23:35 - 24:7; 2 Crônicas 36:5-8; Jeremias 22:18-21; 25).
R - Jeoiaquim - (2 Reis 24:8-16; 2 Crônicas 36:9,10; Jeremias 22:24-30; Ester 2:6).
S - Zedequias - (2 Reis 24, 25; Jeremias 52:9-11).
Resumindo o período coberto pelos reis de Judá, observamos os seguintes fatos:
Cerca de metade dos soberanos de Judá era constituída de bons reis, o que explica a duração do Reino de Judá ter ultrapassado a do Reino de Israel.
Também merece cuidadosa observação que, conforme a piedade pessoal e a fidelidade do monarca, Judá era abençoado e o país gozava de grande paz e prosperidade.
O reinado mais longo foi o de Manassés, que durou 65 anos; e o mais curto foi o de Jeocaz, que durou apenas 3 meses.
O Livro de Crônicas detalha especificamente o Reino de Judá, o qual foi levado para a Babilônia, uns 468 anos depois que Davi começou a reinar sobre ele; 388 anos após a apostasia das 10 tribos; 134 anos após a destruição do Reino de Israel. Os mesmo que acontece às pessoas acontece às nações e a iniqüidade é sempre a causa de sua ruína: “Os ímpios serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus” (Salmos 9:17).
A preservação e contínua preeminência de Judá e da linhagem de Davi demonstram o dedo da Providência preparando o mundo para a próxima vinda do Messias, conforme fora predito na profecia (Gênesis 49:10; Isaías 11:10). A preservação da casa de Davi também é notável, quando nos lembramos da grande maldade de muitos das famílias de Jeorão, Acazias, Acaz e Amom.
VII - O REINO DO NORTE (975-721 a.C.)
O Reino de Israel, formado por 10 tribos, as quais haviam se revoltado contra o despotismo de Roboão, existiu por cerca de 260 anos, sob 19 reis, de Jeroboão até Oséias, todos eles idólatras. No final, o reino foi invadido pelos assírios, sob Salmaneser, e terminou indo para o exílio na Babilônia. O termo “Israel” é usado algumas vezes para um todo; mas, nos registros do Livro dos Reis, ele sempre fica restrito às 10 tribos de Israel.
A primeira capital do Reino do Norte foi Siquém, depois Samaria. Resumindo as histórias dos Reinos do Norte e do Sul, o Dr. William Graham Scroggie observa os seguintes fatos:
* No Reino do Sul, houve apenas uma dinastia - a davídica, enquanto no Reino do Norte houve dezenove dinastias. No Sul, alguns dos governantes foram bons, alguns instáveis e outros maus; mas, no Norte todos foram maus.
* No Sul, houve três reavivamentos religiosos, nos reinados de Jeosafá, Ezequias e Josias; no Norte, nenhum reavivamento.
* As tribos do Sul foram levadas por Nabucodonosor para o cativeiro na Babilônia; as tribos do Norte, por Salmaneser, para o cativeiro na Assíria.
* Os poderes estrangeiros que entraram em conflito com o Sul ou com o Norte, nesse período, foram a Assíria, o Egito, a Babilônia e a Síria. Os profetas para Israel foram Jonas, Amós, Oséias e Miquéias.
Lista dos monarcas do Reino do Norte:
01. - Jeroboão I (1 Reis 11:26-40; 12:14; 20; 2 Crônicas 10-11:16; 12:15; 13:3-20)
02. - Nadabe (1 Reis 14:20; 15:25-31).
03. - Baasa (1 Reis 15:27; 16:7)
04. - Elá (1 Reis 16:5-14)
05. - Zinri (1 Reis 16:9-10)
06. - Onri (1 Reis 16:16-28; Miquéias 6:16)
07. - Acabe (1 Reis 16:29; 22:40; 2 Crônicas 18)
08. - Acazias (1 Reis 22:51; 2 Reis 1:18)
09. - Jorão (2 Reis 1:17; 6; 9)
10. - Jeú (2 Reis 9:10-36; Oséias 1:4)
11. - Jeocaz (2 Reis 13)
12. - Jeoás (2 Reis 13:10-25)
13. - Jeroboão II (2 Reis 14:23-29; Amós)
14. - Zacarias (2 Reis 14:29; 15:8-12)
15. - Salum (2 Reis 15:13-15)
16. - Menaém (2 Reis 15:16-22)
17. - Pecaías (2 Reis 15:23-26)
18. - Peca (2 Reis 15:25, 27-38)
19. - Oséias (2 Reis 15:30; 17)
Conclusão: A maior parte da Bíblia é dedicada ao assunto dos reis e reinos. Observar a degeneração dos reinos, mesmo daquele que teve uma linhagem correta, é ter em mente que somente uma pessoa é qualificada, eminentemente, para ser REI - e essa Pessoa é o Senhor Jesus Cristo (Filipenses 2:9-11; Apocalipse 19:16).
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