segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Jesus ensinou a reencarnação em João 3.3?





Introdução

Em uma tarde numa livraria fui abordado por um senhor que olhava curiosamente a seção de livros religiosos, ele me fez uma pergunta muito interessante; você acredita na ressurreição ou na reencarnação? Então lhe respondi, acredito na ressurreição, pois é isso que a Bíblia diz. Com muita gentileza e educação ele retrucou, não, não meu jovem, em João 3.3 a Bíblia ensina a reencarnação. Nossa conversa estendeu-se por alguns minutos e discutimos se realmente a Bíblia fala e ensina a reencarnação. Bem, é claro que ao tratarmos desse assunto temos inúmeras passagens da Bíblia que foram utilizadas por reencarnacionistas, para supostamente provar que tal ensino está nas Escrituras. Não tenho a pretensão de esgotar o assunto, trataremos neste artigo do que a Bíblia ensina nessa passagem em especial, e veremos que a reencarnação não tem respaldo bíblico.

Interpretação reencarnacionista

O texto Bíblico diz o seguinte: Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” - João 3.3.

A declaração reencarnacionista: “Se o homem não renasce da água e do espírito, ou em água em espírito, significa: Se o homem não renasce com seu corpo e sua alma”, (O Evangelho Segundo o Espiritismo, p. 561). Antes de analisarmos o texto Bíblico e a declaração espírita, vejamos a definição dada por Kardec ao pensamento reencarnacionista: “A doutrina da reencarnação, que consiste em admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia da justiça de  Deus com respeito aos homens de condição moral inferior, a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as nossas esperanças, pois oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros através de novas provas. A razão assim nos diz, é o que os espíritos ensinam”, (O Livro dos Espíritos, p. 84). 

João 3.3

O texto em foco em nosso estudo é uma declaração de Jesus a Nicodemos, que era um homem de autoridade entre os judeus. Ao declarar no versículo 3, que ninguém poderia entrar no reino de Deus se não nascesse de novo, Jesus não estava defendendo a reencarnação, num olhar simples sobre o texto vemos que nem Nicodemos entendeu assim, disse Nicodemos no versículo 4: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?” - João 3:4. 

Nicodemos não entendeu o nascer de novo como uma multiplicidade de existências, mas, como voltar a nascer da mesma mãe. Portanto, vemos que a interpretação de Nicodemos em si já contradiz o que ensina a crença espírita, pois aqui no entendimento errôneo de Nicodemos, pensou ele que nasceria no mesmo tempo e teria a mesma descendência, o que vai de encontro também a crença reencarnacionista. Também pontuamos que o termo “nascer de novo” (do grego anotem) significa nascer do alto, nascer de cima, pela obra soberana da graça de Deus, pela regeneração operada pelo Espírito Santo, mediante a Palavra ( João 15.3; Efésios 5.26). A Escritura nos diz que Deus nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo (Tito 3.5). Jesus estava falando de regeneração e não de reencarnação, Ele se referiu as mudanças íntimas das disposições da alma e não do corpo. O apóstolo Paulo nos diz na segunda epístola aos coríntios: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” - 2 Coríntios 5.17-19. 

Podemos perceber claramente nessa passagem que o agir regenerador de Deus no homem é parte de seu ato reconciliador em Jesus Cristo. Através de Jesus é que somos trazidos a Deus. O reformador João Calvino disse certa vez que “Não há outra vida da alma senão aquela que é bafejada em nós por Cristo; de modo que só começamos a viver quando somos enxertados nele e passamos a desfrutar vida comum com Ele”.[1]

Algumas perguntas aos reencarnacionistas 

Se a alma se reencarna para pagar os pecados de uma vida anterior, dever-se-ia perguntar quando se iniciou esta série de reencarnações. Onde estava o homem quando pecou pela primeira vez? Tinha ele então corpo? Ou era puro espírito? Se tinha corpo, então já estava sendo castigado. Onde pecara antes? Só poderia ter pecado quando ainda era puro espírito. Como foi esse pecado? Era então o homem parte da divindade? Como poderia ter havido pecado em Deus? Se não era parte da divindade, o que era então o homem antes de ter corpo? Era anjo? Mas o anjo não é uma alma humana sem corpo, ele é um ser de natureza diversa da humana. O que era o espírito humano quando teria pecado essa primeira vez? [2]

A reencarnação prova a Justiça de Deus?

Como vimos no inicio de nosso breve comentário, Kardec afirma que a crença na reencarnação demostra a justiça de Deus: 

“A doutrina da reencarnação, que consiste em admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia da justiça de Deus com respeito aos homens de condição moral inferior, a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as nossas esperanças, pois oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros através de novas provas. A razão assim nos diz, é o que os espíritos ensinam”, (O Livro dos Espíritos p. 84). 

O ensino espírita nega o que a Palavra de Deus nos diz a respeito da justiça redentiva de Deus: “Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção.” -  1 Coríntios 1.30. Cristo é nossa Justiça e não a reencarnação. A Escritura continua a nos ensinar:

 “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Co 15.3,4). 
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.4,5).
Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia. E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens” (Mt 16.21-23). 
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.8-10). 

Ainda citando Calvino, vemos que: Fora de Cristo não há justiça alguma, nem salvação, nem mérito.³ Somente em Jesus temos a justificação de nossos pecados, Ele é a porta (Jo 10.9), Ele é a vida (Jo 14.6), Ele é o mediador (1 Tm 2.5). Nas palavras do reformador ainda lemos: “Nenhum outro jamais se apropriará corretamente da justiça divina senão aquele que a abraça como ela é oferecida e apresentada na Palavra” (Comentário dos Salmos, Sl 40.10, p. 233). O que a Bíblia nos ensina claramente, como vimos, são as doutrinas da regeneração e da ressurreição, nunca reencarnação, Jesus disse: Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.” - João 5.28-29. 

E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo. - Hebreus 9.27.

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Notas:
[1] Comentário de Efésios 2.4, João Calvino, p. 51.
[2] Perguntas aos reencarnacionistas - http://www.cacp.org.br/perguntas-aos-reencarnacionistas
[3] Comentário de Efésios 2.3, João Calvino, p. 54.

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Divulgação: Bereianos

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