A graça é bem sucedida devido Cristo ser quem é
Nossa salvação é perfeitíssima, porque Jesus Cristo é singularíssimo. Precisamos prestar cuidadosa atenção para compreender Suas naturezas. Cristo tinha duas naturezas, ainda que fosse uma só pessoa. Ele era Deus e homem. O fato dEle ser único neste sentido, é a razão por que a redenção que Ele obteve e oferece gratuitamente é perfeitíssima.
Ele tinha que ser verdadeiro homem. Originalmente a lei de Deus foi dada para os seres humanos a obedecerem, assim alguém poderia mostrar que uma pessoa seria capaz de cumpri-la com sucesso. Adão fracassou. Cristo, porém, foi bem sucedido. Ele nunca falhou em agradar ao Seu Pai. E o cumprimento da lei por Cristo foi aceitável porque Ele era verdadeiro homem. Se Ele fosse um anjo, não teria sido provado que um homem poderia cumprir a lei de Deus. Foi Adão — um homem — que pecou. Por isso, Cristo — um homem — precisava agora oferecer completa obediência. Além disso, a natureza humana de Cristo precisava estar ligada à natureza de nossos primeiros pais. Não seria adequado, se Sua natureza humana fosse repentinamente criada a partir do nada, porque, então, Ele não estaria ligado àqueles a quem veio salvar. O direito de redenção pertence somente a um parente próximo (Lev. 25:48-49).
Por outro lado, é igualmente importante que Sua natureza humana estivesse livre do pecado. Se Ele tivesse sido maculado, mesmo no mínimo grau, pela pecaminosidade que herdamos, então Ele não teria podido guardar a lei de Deus, como também nós não podemos. Como Deus é sábio! Não obstante ter sido necessário ao Salvador nascer de uma mulher, Ele foi concebido de tal maneira que ficou livre da culpa de Adão (Mat. 1:20). Cristo tomou aquela natureza pela qual veio o pecado (em Adão) sem qualquer pecaminosidade inerente nessa natureza.
Era também absolutamente necessário que o Salvador fosse Deus tanto quanto homem. Nós humanos temos de obedecer a Deus, porque dependemos dEle para tudo. Assim, nossa necessidade de obedecer decorre de nossa dependência. Desde que somos totalmente dependentes dEle, precisamos ser totalmente obedientes a Ele. Parte alguma de nós é independente de Deus e, portanto, disponível para obedecer a Deus no interesse de outrem. Toda nossa obediência deve ser apenas em nosso favor. Somente uma pessoa sem necessidade de obedecer a Deus por causa de si mesma, pode obedecer a Deus em favor de outros. Portanto, nosso Salvador deve ser Deus e não dependente de Deus como nós. Só uma pessoa divina que não seja dependente de qualquer outra pessoa, pode praticar atos de obediência desnecessários para ela mesma, e por isso disponíveis em favor de outros.
O pecado é um dano infinito. A maldade de qualquer ato mau é medida pela importância da lei que ele quebra. E a importância de qualquer lei está em proporção com a delicadeza e o status da pessoa que a formula. Portanto, desde que Deus possui beleza infinita, status e autoridade, Suas leis são de importância infinita e devemos obedecê-las inteiramente. Nossa desobediência é infinitamente criminosa. Consequentemente, nosso pecado merece punição infinita. Assim, quem seria capaz de suportar o peso de uma ira infinitamente divina sobre pecados infinitamente perversos, a não ser um Salvador infinitamente divino? Jesus precisa ser Deus tanto quanto homem, para ser um Salvador adequado. E, finalmente, nosso Salvador precisa ser Deus e homem ao mesmo tempo. Ele é o mediador entre Deus e o homem, entre o Soberano ofendido e o pecador ofensor. Se Jesus fosse apenas divino, Ele não poderia representar o povo. Se Jesus fosse apenas homem, não poderia interceder junto a Deus. Só a condição de deidade estaria alta demais para os seres humanos; só a condição de humanidade estaria baixa demais para Deus. Jesus precisava reunir as duas condições simultaneamente para ser a pessoa intermediária, ligando Deus e os seres humanos.
Para cumprir Seus deveres de sacerdote, profeta e rei, Jesus precisava ser tanto Deus como homem
1. Como sacerdote, Ele precisava ter algo a oferecer (Heb. 8:3). Mas, apenas como divino Ele não teria coisa alguma a oferecer a Deus. Cristo, portanto, teria de ser um homem a fim de possuir uma perfeita humanidade para oferecer. Entretanto, como mero homem, Ele não teria autoridade para dar a Sua vida e tornar a tomá-la. Cristo, portanto, para ter essa autoridade, precisava ser Deus. Ele morreu por causa da pecaminosidade infinita e, por isso, o oferecimento de Sua humanidade deve ter status infinito para ser adequada. Esse status só podia proceder de Sua divindade.
2. Como profeta, Ele precisava ser Deus para poder conhecer a mente de Deus e compreender a diversidade daqueles que, em cada época e nação, necessitariam do Seu ensino. Todavia a fim de revelar a vontade de Deus em Sua vida por modos compreensíveis aos homens, Ele precisava ser homem.
3. Como rei, Cristo precisava ser Deus para tornar-Se o Senhor de nossas consciências, o Cabeça da Igreja, o Doador da vida eterna aos Seus seguidores e o Juiz de todos. Contudo, Ele necessitava também de ser homem porque, sem essa condição, Ele não podia ser o Cabeça da mesma natureza do corpo ao qual está unido, nem compadecer-Se dos Seus súditos, como Ele fez — e faz.
Podemos, portanto, ter a mais plena convicção na excelência da obra de Cristo como Redentor, porque Ele está excelentemente equipado para essa tarefa pela Sua pessoa singular com duas naturezas. A salvação que um tal excelente Salvador oferece graciosamente, deve ser a melhor que pode haver. A graça reina!
Diante de tudo isso, que o leitor admire e adore o amor e a sabedoria de Deus! E que ele note quão sério é negar que Cristo é verdadeiramente Deus ou que é verdadeiramente homem. Ambas as negações destroem a Sua excelência como verdadeiro Mediador entre Deus e os crentes. Tanto a deidade como a humanidade de Cristo são essenciais à correta compreensão de toda a Sua obra salvadora.
Oxalá os pecadores corressem para esse Salvador tão adequado! Confiem nEle como poderoso para salvar; olhem para Ele para receberem instrução na verdade; esperem Sua proteção como Rei; rendam obediência a Ele; cultuem-nO, pois Ele é sobre todos, Deus bendito para sempre. Pela Sua excelência, a excelência da graça de Deus é revelada.
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Fonte: Josemar Bessa
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