O atentado contra a revista "Charlie Hebdo" foi praticado por radicais islâmicos como forma de vingança contra a zombaria que é marca registrada da revista, não apenas contra o islamismo, mas também contra o cristianismo, judaísmo e outras religiões, além de políticos e celebridades. Embora eventos como este nos entristeçam e até gerem um sentimento de revolta e desejo de revanche, basta conhecer um pouco de história para saber que atos assim não são novidade.
Os radicais islâmicos fazem hoje o que os radicais Cruzados católicos fizeram dos séculos 11 ao 13 na tentativa de "libertar" Jerusalém, e também os Inquisidores fizeram do século 12 ao 19 contra muçulmanos, judeus, ciganos, pagãos ou até mesmo contra cristãos que insistissem em ler as Escrituras ou discordar do Papa em Roma. Nessa época muitos judeus e muçulmanos eram convertidos à força sob a ameaça de perderem os bens e a vida. Houve também uma Inquisição protestante, porém mais branda. Nesses casos a crueldade se devia à falta de compreensão da cidadania celestial do crente em Cristo, daí a ideia de que precisavam conquistar o mundo para Cristo, inclusive usando armas.
Por incrível que pareça, os termos "cruzada" e "guerra santa" foram usados pelo presidente dos EUA por ocasião da invasão do Iraque e essa ideologia ainda existe hoje de forma velada em uma vertente da cristandade. Ela tem o nome de"Teologia do Domínio", subproduto da "Teologia do Pacto" que considera a Igreja como sucessora e detentora das promessas feitas a Israel. Ela se baseia principalmente no Antigo Testamento, quando Deus ordenava aos israelitas para tomarem posse da terra de Israel inclusive matando seus habitantes originais, homens, mulheres e crianças.
O islamismo se baseou no Antigo Testamento judeu para costurar suas doutrinas, por isso dentro da fé islâmica é perfeitamente normal matar homens, mulheres e crianças de qualquer povo que ofenda Maomé, a quem chamam de "Profeta", ou "Alá", ao qual consideram seu Deus mas jamais podem chamar de Pai por tal intimidade ser proibida naquela religião. O Alcorão traz diversos textos incentivando a conquista e conversão pela espada, a revanche e o ataque físico aos infiéis, nada diferente do que você encontra no Antigo Testamento.
Mas para os cristãos que realmente creem em Jesus, o Filho de Deus, que veio ao mundo para morrer na cruz no lugar do pecador e, em misericórdia e graça, salvar e unir pessoas de todos os povos em um só corpo - a Igreja - muitas práticas do Antigo Testamento foram retificadas pelo próprio Jesus e receberam um "Eu porém vos digo...". Se os radicais islâmicos conhecessem a Jesus, que é Deus e Homem, com autoridade para retificar o Antigo Testamento, conheceriam também o"Eu porém vos digo..." e não sairiam por aí matando pessoas. O problema é que, apesar de existir uma vertente mais "politicamente correta" da religião islâmicas, falta às suas escrituras, o Alcorão, um "Novo Testamento". Por isso elas continuam trazendo o mesmo "olho por olho e dente por dente" (Êx 21:24; Mt 5:38 - Sura 05:54), porém sem o "Eu porém vos digo" de Jesus (Mt 5:39).
"Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos." (Mt 38:45)
por Mario Persona
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