sexta-feira, 16 de novembro de 2012

C. H. Spurgeon - O Arminianismo e a Evangelização



por Josemar Bessa


Spurgeon não acreditava na existência de um evangelho que de algum modo possa ser desligado da estrutura geral da teologia bíblica. Ele entendia que a verdade completa tem lugar na evangelização. Mas o que provavelmente deve ser questionado em função das declarações acima, tão distantes da nossa moderna concepção da obra evangelística, é se, afinal, o evangelho pode ser pregado com base numa doutrina como esta. Deve-se admitir desde logo que, se por evangelho queremos dizer que Cristo morreu por todos, que Deus "respeita o dom do livre-arbítrio dado por Ele", e que "uma decisão por Cristo" é o nó da questão da salvação, tal evangelho não é reconhecível nos sermões de Spurgeon. Entretanto, ele expunha incessantemente a grandeza do amor de Cristo pelos pecadores, a gratuidade do Seu perdão e a plenitude da Sua expiação; e procurava persuadir e exortar todos a arrepender-se e a crer em tal Salvador. O ponto em que ele divergia do hipercalvinismo e do arminianismo é que ele se negava a racionalizar sobre como é possível ordenar aos homens que façam o que não está em seu poder.



“A mesma dificuldade é levantada quando se indaga: como é que os homens podem ser responsáveis se perecem em pecado, se só a graça pode impedir tal fim? "Diz alguém : "Mas eu não entendo esta doutrina". Talvez não, porém lembre-se de que, conquanto seja nossa obrigação dizer-lhe a verdade, não é nossa obrigação dar-lhe o poder de entendê-la; e, além disso, este não é um assunto para entender, e sim para crer, porque é revelado na Palavra de Deus. É um dos axiomas da teologia que, se o homem se perder, não se deve culpar a Deus por isso; e é também um axioma da teologia que, se o homem é salvo, a Deus cabe toda a glória disso."



Os arminianos dizem que os pecadores recebem ordem para fazê-lo e que, portanto, têm que ser capazes de fazê-lo; os hipercalvinistas dizem que os pecadores não são capazes disso e, portanto, não podem receber ordem para que o façam. Mas as Escrituras e o calvinismo expõem as duas verdades: a incapacidade do homem e o seu dever, e ambas constituem uma parte indispensável da evangelização - a primeira revela a necessidade que o pecador tem de uma ajuda que só Deus pode dar, e a segunda, que é expressa em exortações, promessas e convites das Escrituras, mostra-lhe o lugar em que a paz e a segurança estão, a saber, na Pessoa do Filho de Deus.

O fato de que a regeneração é obra de Deus certamente nos proíbe dizer aos homens que eles podem nascer de novo no momento escolhido por eles ou pelo pregador, porém isso não impede o evangelista de fazer o seu verdadeiro trabalho, que é mostrar aos homens que eles só podem ser salvos pela graça, por meio da fé, e que a confiança em Cristo é o caminho da paz com Deus. Por mais longe que esteja da capacidade da razão conciliar a ordem aos pecadores para crerem no Filho de Deus para a salvação com a verdade segundo a qual somente a graça pode capacitá-los a isso, não há conflito entre as duas coisas nas Escrituras. Spurgeon tomava essas duas coisas, o dever do homem de crer e a sua pecaminosa incapacidade para cumpri-lo, e as utilizava como as duas mandíbulas de um torno para agarrar a consciência do pecador. Vejam o seguinte exemplo:



"Deus pede que você que creia que, por meio do sangue de Jesus Cristo, Ele pode continuar sendo justo e ainda ser o justificador do ímpio. Ele requer que você confie em Cristo para ser salvo. Acaso você pode esperar que Ele o salve se não confiar nEle? Saiba que a coisa mais razoável do mundo é Ele exigir de você que creia em Cristo. E é isto que Ele exige de você nesta manhã: "Arrependa-se, e creia no evangelho". O amigo, ó amigo, como é triste, como é triste o estado da alma do homem que não quer fazer isso! Podemos pregar-lhe, mas você não quer nunca arrepender-se e crer no evangelho. Podemos meter as ordens de Deus como um machado na raiz da árvore, mas, apesar de razoáveis como são essas ordens, você se recusa a dar a Deus o que Lhe é devido; você quer continuar em seus pecados; não quer vir a Ele para ter vida; e é neste ponto, no dia do Seu poder, que o Espírito de Deus precisa entrar em ação na alma dos eleitos para fazê-los crer. No entanto, em nome de Deus eu o advirto de que, se depois de ouvir este mandado você continuar a recusar obediência a este evangelho tão razoável, como sei que fará sem o Espírito de Deus, verá no fim que o evangelho será mais tolerável para Sodoma e Gomorra do que para você; pois, se as coisas que são pregadas em Londres tivessem sido pregadas em Sodoma e Gomorra, há muito tempo aquela gente teria se arrependido e se teria posto em pano de saco e em cinza. "Ai de vocês, habitantes de Londres!"



Mas ele não abandona os pecadores nesse ponto. Ouçam a maneira pela qual ele conclui o sermão que acabei de citar. Com um grandioso crescendo da verdade, ele veio atacando a consciência dos incrédulos de todas as direções e agora, numa agonia de zeloso fervor, chega a esta tremenda conclusão: "Responsabilizo vocês pelo Deus vivo, responsabilizo vocês pelo Redentor do mundo, responsabilizo vocês pela cruz do Calvário, e pelo sangue que deixou suas marcas no pó do Calvário, obedeçam a esta mensagem divina, e terão a vida eterna; porém, recusem-na, e sobre as suas cabeças estará o sangue de vocês para todo o sempre!"



Além disso, ele não somente exortava os pecadores, mas também freqüentemente falava diretamente a eles. Numa linguagem que parece muitíssimo distante da presente fórmula para encerramento de uma mensagem evangelística, ele aconselhava os homens sobre como buscar a Cristo: "Antes de saírem deste local", diz ele numa tal ocasião, "soprem anelantes uma fervorosa oração a Deus, dizendo: "Ó Deus, sê misericordioso para comigo, pecador que sou. Senhor, preciso ser salvo. Salva-me. Clamo por Teu nome". Juntem-se a mim em oração neste momento, eu lhes imploro. Juntem-se a mim enquanto eu ponho na boca de vocês, e digam-nas por si mesmos - "Senhor, sou culpado, mereço Tua ira. Senhor, eu não posso salvar-me a mim mesmo. Senhor, quero ter um novo coração e um espírito reto, mas, que posso fazer? Senhor, não posso fazer nada; Senhor, por Tua boa vontade, vem e opera em mim o querer e o efetuar.
Só Tu tens poder, bem sei, Para salvar este mísero ser; Para quem ou para onde fugirei, Se de Ti eu correr?


"Mas agora, do fundo do meu coração clamo a Ti, ó Senhor. Confio no sangue e na justiça do Teu amado Filho... Senhor, salva-me esta noite, pelo amor de Jesus".


Outros versos que ele utilizava para dirigir-se aos pecadores era a seguinte estrofe de Charles Wesley:


O íntimo de minh'alma muda,
ó Deus; No fundo do meu tenso coração
Imprime valores eternos;
Dá-me sentir o seu solene peso,
E a tremer em face do destino,
 Desperta-me para a Tua justiça!


Dessa maneira as almas anelantes eram dirigidas a Deus somente, e, embora se esperasse que os membros do Tabernáculo estivessem sempre procurando aqueles que necessitavam de ajuda espiritual, não se requeria nenhum sinal externo dos interessados. É justamente nesse ponto, Spurgeon sabia, que o arminianismo faz estrago chamando a atenção para a ação humana, em vez de para a divina. "Não se abale", ele costumava dizer, "confie em Jesus". "Eu gostaria de ir à sala de perguntas." Imagino que sim, mas não queremos fomentar nenhuma superstição popular. Tememos que nessas salas os homens são induzidos a uma confiança fictícia. Muito poucos são os pretensos convertidos em salas de perguntas que se saem bem. Vá diretamente a seu Deus, aí mesmo onde você está. Lance-se aos cuidados de Cristo, agora, imediatamente, sem se mover uma polegada!" Essas palavras foram proferidas antes da sala de perguntas desenvolver-se chegando ao sistema moderno de apelos e decisões; com que tristeza Spurgeon veria esse desenvolvimento não é difícil imaginar. Ele sabia que tão logo tais coisas se tornassem parte da evangelização, os homens depressa começariam a imaginar que podem salvar-se por fazerem certas coisas, ou que essas coisas ao menos os ajudam a salvar-se - "Deus não designou salvação por meio de salas de perguntas" torna-se uma advertência recorrente em seus últimos sermões.


O homem estabeleceu uma conexão entre vir à frente após um apelo e "vir a Cristo", porém Spurgeon teria repudiado vigorosamente qualquer conexão desse tipo. Não somente esse método evangelístico inexiste nas Escrituras, mas também ele vicia o que as Escrituras ensinam sobre como vir a Cristo:


 "É um movimento do coração rumo a Ele, não um movimento dos pés, pois muitos vieram a Ele no corpo, e, contudo, nunca vieram a Ele em verdade ... a vinda aqui referida é realizada por desejo, oração, assentimento, confiança, obediência".


Além disso, Spurgeon tinha bastante experiência da poderosa obra do Espírito para saber que a suposta utilidade desses adendos humanos à pregação do evangelho não os justifica; o homem genuinamente convencido pela verdade pode muito bem ser o último a desejar pôr em prática as ações públicas que um "apelo" lhe imporia: "Na maior parte, uma consciência ferida, como uma corça ferida, só se contenta em ficar sozinha para poder sangrar secretamente. É muito difícil pegar um homem que está sob convicção de pecado; ele se recolhe tão fundo dentro de si mesmo que é impossível segui-lo.


A prática levada a efeito no Tabernáculo estava inteiramente em harmonia com estas conexões. No fim dos cultos a congregação de 5.000 pessoas era induzida a inclinar-se em solene serenidade, sem nenhum órgão ou outra música para romper o silêncio, e depois os membros da igreja estavam prontos para falar com quaisquer estranhos que acaso estivessem sentados por perto e desejassem ajuda.


Essas considerações sobre como o arminianismo afeta a apresentação do evangelho levam-nos à razão final pela qual o ensino necessariamente deve ser considerado de maneira séria. E porque esse tipo de evangelização, onde quer que prevaleça, tem a inevitável tendência de produzir uma perigosa superficialidade religiosa.


O arminianismo, devido passar por alto, como já vimos, a contundente verdade de que toda a experiência salvadora tem que começar pela regeneração, e por implicar que os homens chegam à fé e ao arrependimento sem a direta e anterior obra do Espírito Santo, estabelece um modelo de conversão que é inferior ao modelo bíblico. Sob a pregação arminiana o pecador é instruído no sentido de que deve começar a obra tornando-se desejoso, e Deus a completará; ele deve fazer o que pode, e Deus fará o resto. Logo, se for tomada uma "firme decisão por Cristo", a pessoa é imediatamente aconselhada a confiar em que a obra divina também foi realizada, e a considerar textos como João 1:12 como descritivos do seu caso. Todavia a verdade é que o arminianismo erigiu um modelo de conversão que é sub-bíblico e que pessoas não regeneradas podem alcançar. Apresentando o arrependimento e a fé como algo possível aos homens não renovados, ele abre o caminho para uma experiência na qual a vontade própria do pecador, e não o poder de Deus, pode ser a principal característica. As Escrituras apresentam em toda parte a vontade e o poder de Deus em primeiro lugar, não em segundo, na salvação, e um ensino que promete que a vontade de Deus deve seguir a nossa pode ter o efeito de fazer os homens confiarem numa ilusão - uma experiência que absolutamente não é a salvação. E contra essa ilusão que as Escrituras nos advertem muitas vezes. E a premência da advertência surge em parte do fato de haver uma "fé" que pode ser exercida por homens não regenerados e cujo exercício pode até levar a pessoa a sentir gozo e paz. Mas o arminianismo, em vez de acautelar os homens contra esse perigo, inevitavelmente o estimula, pois lança os homens, não aos cuidados de Deus, e sim aos cuidados dos seus próprios atos. A impressão distintivamente dada ao ouvinte do evangelho é que a escolha não é de Deus, mas do referido ouvinte, e que este é capaz, ali e nessa ocasião, de decidir a hora do seu renascimento.



Por exemplo, um opúsculo de grande circulação na evangelização estudantil na atualidade formula "Três passos simples" para se tornar cristão: primeiro, reconhecimento pessoal do pecado, e, segundo, fé pessoal na obra substitutiva de Cristo. Esses dois passos são descritos como preliminares, mas "o terceiro (é) tão final que dá-lo me fará cristão.... Tenho que vir a Cristo e reivindicar a minha participação pessoal naquilo que Ele fez por todos". Esse terceiro passo, absolutamente decisivo, fica comigo, Cristo "espera pacientemente até eu abrir a porta. Então Ele entra...". Uma vez tendo feito isso, imediatamente posso considerar-me cristão. O aconselhamento continua: "Conte a alguém hoje o que você fez".

Nessa base, o homem pode fazer profissão de fé sem nunca ter prejudicada a sua confiança em sua própria capacidade; nada lhe é dito sobre a sua necessidade de mudança da natureza que não está dentro do seu poder, e, conseqüentemente, se ele não experimentar essa mudança radical, ele não sofrerá consternação. Nunca lhe foi dito que isso é essencial, e por isso ele não vê razão para duvidar de que é cristão. Na verdade, o ensino sob cuja influência ele se colocou milita coerentemente contra o surgimento de tais dúvidas. Freqüentemente se diz que o homem que tomou uma decisão com pouca evidência de uma vida transformada pode ser um cristão "carnal", necessitado de instrução sobre a santidade, ou, se o mesmo indivíduo for perdendo aos poucos os seus interesses recém-encontrados, freqüentemente a culpa é atribuída à falta de "acompanhamento", ou de oração, ou a alguma outra deficiência por parte da igreja. A possibilidade de que esses sinais de mundanismo e de extravio sejam decorrentes da ausência de uma experiência salvadora no começo raramente é considerada; se esse ponto fosse encarado, todo o sistema de apelos, decisões e aconselhamento entraria em colapso, porque se colocaria em primeira plana o fato de que a mudança da natureza não está no poder do homem, e que leva muito mais tempo do que algumas horas ou alguns dias para estabelecer se a declarada resposta ao evangelho é genuína. Mas, em vez de encarar isso, declara-se que duvidar de que um homem que "aceitou a Cristo" é cristão equivale a duvidar da Palavra de Deus, e que abandonar os "apelos" e seus adjuntos é desistir completamente da evangelização. Que tais coisas podem ser ditas é uma trágica prova da extensão em que o modelo arminiano de conversão chegou a ser considerado como o modelo bíblico. Tanto assim que, se alguém faz objeção ao uso de expressões antibíblicas como "aceite a Cristo", "abra o coração para Cristo", "deixe que o Espírito Santo salve você", isso geralmente é considerado como mera contestação de palavras.



Spurgeon viu o arminianismo como um afastamento da pureza da evangelização neotestamentária e vê-se que, ao afirmar que a superficialidade religiosa é uma das suas conseqüências subordinadas, ele percebeu o que veio a se tornar tão característico do movimento evangélico moderno. O que o alarmava era que estava desaparecendo a ênfase à necessidade da ação do Espírito e que a longa caudal da conversão estava cedendo lugar a uma atividade apressada. "Vocês sabem", perguntou ele num sermão intitulado "Semeada entre Espinhos", pregado não muito tempo antes da sua morte, "por que tantos cristãos professos são como o terreno cheio de espinhos? É porque têm sido omitidos processos que teriam ido muito mais longe para alterar a condição das coisas. Era dever do dono arrancar os espinheiros ou queimá-los ali mesmo. Há anos, quando as pessoas eram convertidas, esse tipo de coisa era utilizada como meio para a convicção de pecado. O grande e penetrante arado das angústias da alma era utilizado para dilacerar fundo a alma. O fogo também queimava na mente com fortíssimo calor: os homens viam o pecado, sentiam seus resultados terríveis, e o amor ao pecado era queimado e eliminado deles. Mas agora nos dão de comer bazófias de salvações rápidas. Quanto a mim, acredito em conversões instantâneas, e me alegro ao vê-las; mas fico mais contente ainda quando vejo uma completa obra da graça, um profundo sentimento de pecado e um eficaz ferimento feito pela lei. Jamais nos livraremos dos espinhos com arados que raspam a superfície...".

Junto com um rebaixado modelo de conversão veio uma rebaixada concepção da real natureza da experiência cristã, e Spurgeon viu consternado o abandono da aplicação de penetrantes testes bíblicos que deveriam ser aplicados aos que professavam conversão. "Tenho ouvido jovens dizerem: "Sei que estou salvo, porque me sinto tão feliz!" Não se fiem nisso. Muitos se consideram muito felizes, e, todavia, não estão salvos. Sentimento de paz ele não considerava como sinal seguro de conversão veraz. Comentando o versículo, "O Senhor mata e faz viver; ele fere, e suas mãos curam" (cf. Deut. 32;39 e Jó 5:18), ele pergunta: "Mas, como poderá Ele fazer viver os que nunca foram mortos? Vocês, que nunca foram feridos, vocês, que esta noite estão sentados aqui e sorriem em sua tranqüilidade, que é que a misericórdia pode fazer por vocês? Não se congratulem por sua paz". Há uma paz do diabo bem como a paz de Deus. Em todo o seu ministério Spurgeon advertia os homens desse perigo, mas nalguns dos seus derradeiros sermões esta nota de alarme é cada vez mais urgente. Num desses sermões, intitulado "Curados ou Iludidos? Qual?", pregado em 1882, Spurgeon fala do grande número de pessoas enganadas por uma falsa cura. Este pode ser até o caso, ele mostra, daqueles que passaram por um período de ansiedade espiritual: "Convencidos de que precisam de cura, e em certa medida levados a estar ansiosos por encontrá-la, o perigo que correm os despertados é que repousem contentes com uma cura aparente, e percam a verdadeira obra da graça. Estamos perigosamente sujeitos a descansar satisfeitos com uma cura ligeira e, com isso, a perder a grande e completa salvação que só de Deus provém. Desejo falar com o mais zeloso ardor a cada um dos aqui presentes sobre este assunto, pois sinto em minha própria alma a força disso. Para entregar esta mensagem fiz um esforço desesperado, deixando meu leito de enfermidade sem a devida permissão, movido por um perturbador anseio de adverti-los contra as imitações dos dias atuais".




Onde quer que o arminianismo se torne a teologia predominante, a verdadeira religião, para ser promovida, se vê forçada a degenerar, decaindo a uma condição de falsa segurança. Separando a necessidade que o pecador tem de crer da sua necessidade de regeneração, o arminianismo deixa nos fundos o fato de que "a mudança do coração é o cerne e a essência da salvação". É inevitável que ele não dê proeminência a esta última verdade porque ninguém pode fazer com que a sua natureza se divorcie para sempre do amor e do domínio do pecado, e a regeneração não significa nada menos que isso. Ao contrário disso, o arminiamismo descreve a regeneração como algo que está dentro do alcance da escolha do homem, ou como algo que acompanhará a sua decisão, e, ao fazer isso, sua tendência é levar os homens a imaginarem que o novo nascimento é algo inferior ao que de fato é. "A sua regeneração", Spurgeon costumava dizer, "não se deveu à vontade do homem, nem do sangue, nem do berço; se fosse, então deixem que lhes diga, quanto mais cedo vocês se livrassem dela, melhor. A única regeneração verdadeira é da vontade de Deus e pela operação do Espírito Santo."


Iain Murray

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