sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Redenção

Esse artigo é resultado da leitura do capítulo sobre Redenção do livro Grandes Vocábulos do Evangelho escrito por H.A. Ironside.


Texto fundamental: 1Pe.1.18-21:

“Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, as pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus”.

“A palavra ‘Redenção’ atravessa a Bíblia de capa a capa; de fato, podemos dizer sem qualquer sugestão de hipérbole que este é o grande e notável temo das escrituras Sagradas (…) Por toda parte do, do Gênesis ao Apocalipse, encontramos Deus, de um modo ou de outro, a apresentar-nos a verdade da redenção – redenção em promessa e em tipo, no Antigo Testamento; redenção em gloriosos cumprimento no Novo Testamento” (pp.13).

Segundo Ironside, redenção refere-se ao ato da compra de algo que fora seu, readquirir algo que foi retirado temporariamente de seu poder. Pode ser empregado também como Liberdade, libertar, livrar, no sentido de redimir alguém que corria grave perigo.

O Velho Testamento apresenta a figura do homem endividado que poderia hipotecar seus bens para conseguir pagar o que estava devendo. Se porventura, ainda não fosse suficiente ele poderia hipotecar sua força, suas habilidades como um escravo até que sua dívida fosse paga. Sobre ele Lv.25.48 diz: “Depois de haver-se vendido, haverá ainda resgate para ele“. Um irmão poderia, se tivesse condições, redimi-lo, mas não era o que normalmente aconteceria. Outra maneira de redimir esse homem seria se ele herdasse subitamente uma propriedade para, então, pagar sua dívida. Contudo, existe ainda outra possibilidade, e essa merece nossa atenção: É a figura do Redentor Parente. O redentor parente seria alguém com capacidade para remi-lo, e que se “preocupasse suficientemente por ele, a ponto de responsabilizar-se pelas dívidas e as solvesse, então poderia ser libertado” (pp.14).

Segundo a grande maioria dos comentaristas bíblicos tem encontrado na figura do Redentor Parente um tipo para Jesus Cristo como aquele que provê a redenção. O termo aplicado a esse libertador é “goel“, que é utilizado muito antes do estabelecimento de Israel como nação. Observe o que Jó diz sobre ele: “Por que eu sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra” (Jó.19.25).

Tal pensamento pode ser aplicado a humanidade com um todo, pois sabemos que o homem é um pecador vendido e condenado. O texto de Isaías 52.3 nos diz: “Por nada fostes vendidos, e sem dinheiro sereis resgatados“. “Não é possível para qualquer homem, por seus próprios meios, redimir-se das tristes condições em que se encontra devido ao pecado; eis por que necessitamos de um parente remidor que seja mais que homem, que seja ao mesmo tempo divino e humano” (pp.14).

Segundo Ironside, o Novo Testamento nos informa sobre três aspectos da Redenção: (1) Redenção da Culpa do Pecado; (2) Redenção do Poder do Pecado; (3) Redenção Presença do Pecado.

Sobre a Páscoa Ironside diz: “Os israelitas tinha sido escravizados pelo egípicios, e sofriam debaixo da crueldade de Faraó; mas, conforme deveis estar relembrados, disse Deus: ‘Por isso desci a fim de livra-los…’ (Ex.3.8), e anunciou a Moisés um acontecimento que logo se realizaria, pelo qual ele faria distinção (literalmente, redenção) entre egípcios e os israelitas (ex.11.7). Essa redenção foi efetuada pelo sangue do cordeira pascal; e é justamente a esse cordeiro que o apóstolo Pedro se referiu tipicamente, em sua primeira epistola ao escrever ‘Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, as pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo’“ (1Pe.1.18-19).

“O sangue do cordeiro, derramado há tantos séculos atrás, foi a ilustração divina do sangue do Senhor Jesus Cristo, que seria derramado sobre a cruz do Calvário mil e quinhentos anos mais tarde, mas para o qual agora miramos através da névoa de quase dois mil anos já passados. Como é que esse sangue serve para nossa redenção hoje? Nos dias de Israel escravizado, o sangue do cordeiro tinha de ser literalmente aspergido sobre as vergas e ombreiras da porta, e assim os habitantes dentro daquela casa estavam em segurança. Já se passaram séculos, desde a morte de Jesus Cristo. Em qual sentido, pois, podemos estar em segurança, livres da condenação, através do sangue que há tantos séculos foi derramado?” (pp.16)

A questão levantada por Ironside nos remete a seguinte colocação: Seria a aplicação do sangue de Cristo literal, ou a aplicação do sacrifício de Cristo é espiritual? Se consideramos literal, estaremos sem condições de sermos salvos, visto que é impossível que exista uma gota sequer de tal sangue. Por outro lado, se cremos que sua aplicação é espiritual, termos que considerar que muitas das promessas referentes a Cristo possam ter a mesma aplicação. A aplicação espiritual da morte de Cristo não seria um problema, mas a aplicação das outras promessas em relação a Jesus, principalmente no que tange ao Reino de Deus e ao cumprimento das profecias e promessas referente ao Messias, sim. Analisar com mais calma o argumento.

“Lemos, na epístola aos Hebreus, que nossos corações te sido aspergidos pelo sangue de Cristo. Como é que esse sangue é aplicado a nossos corações? Mediante a simples fé” (pp.16). “Em outras palavras, quando confiamos no Senhor Jesus que derramou Seu sangue no Calvário, então somos enumerados entre aqueles que tem redenção por meio do Sacrifício que Ele ofereceu, e isso significa que ficamos seguros para sempre, salvos da condenação devida ao pecado, tais como Israel, protegida sob o sangue do cordeiro pascal, ficou livre do julgamento que cairia sobre o Egito…” (pp.17).

Ironside utiliza o texto de Tt.2.11-14 para demonstrar a utilização do termo “redenção” como “livramento”, visto ser aplicado à iniqüidade: “…Cristo Jesus, o que al si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade, e purificar para si mesmo um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras“.  Ironside diz: “Ele morreu a fim de livrar-nos de toda iniqüidade, para tirar-nos das coisas más que põem em perigo nossa experiência Cristã, e visam arruinar e naufragar nossas vidas” (pp.19).

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