Todos temos ouvidos histórias trágicas de pessoas que receberam transfusões de sangue doadas por pessoas portadoras inconscientes de uma doença letal. Quando Adão e Eva viraram-se contra Deus, a culpa – tanto do ato quanto do sentimento – atirou-se para sua veias espirituais. A imagem de Deus em Adão e Eva permaneceu ainda que estragada e desfigurada.
Nada neles mudou química ou biologicamente; eles não foram misteriosamente transformados em uma forma diferente de vida, mas foram culpados pela primeira vez.
Assim como as vítimas de uma transfusão de sangue contaminados, todos nós herdamos a culpa e a corrupção de Adão. Isso é o que os teólogos chama de “pecado original”. Adão incluiu a todos nós em sua decisão, e esta decisão foi fatal para toda a raça.
Este conceito é muitas vezes difícil de engolir – particularmente na América, onde somos saturados com o ideal democrático de sermos capazes de decidirmos por nós mesmos a qual partido iremos nos juntar. Mas não decidimos se pertenceríamos ao partido Adâmico, nascemos nele. O mesmo, de qualquer forma, se aplica em várias áreas. Por exemplo, quando Thomas Jefferson [terceiro presidente dos Estados Unidos (1801-1809) e principal autor da declaração da Independência] redigiu a Declaração de Independência, ele falou por você e por mim. Não estávamos realmente lá.
Não o ajudamos a decidir o que escrever. Porém, este documento nos representa da mesma forma como se tivéssemos estado lá. Nascemos cidadãos americanos, não britânicos, por causa de indivíduos que viveram e eventos que ocorreram muito antes de aparecermos.
Da mesma forma, Adão foi nosso representante diante de Deus e falou por nós. Como filhos e herdeiros de Adão, pensamos seus pensamentos e imitamos suas ações – por instinto, mesmo sem tê-lo encontrado. Isso significa que embora sejamos capazes de incríveis realizações artística, intelectuais e culturais (devidas à criação), também somos capazes de uma crueldade e danos inacreditáveis (devido à queda).
- Como filhos e herdeiros de Adão, pensamos seus pensamentos e imitamos suas ações – por instinto, mesmo sem tê-lo encontrado. -
O salmista confessou, “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mão” (Sl 51.5). E Isaías reconheceu que até mesmo ele era “transgressor desde o ventre materno” (Is 48.8). Não importa se você é uma quinta geração cristã ou uma quinta geração ateia, se você é um ministro ou um assassino, se você canta no coro ou em um bar de topless. Somos todos igualmente culpados na corte de Deus.
Quando uma corporação despeja materiais químico tóxico na extremidade de um córrego, não é apenas aquela área que é afetada. Logo a poluição é carregada pelo córrego e todo o rio é poluído. A rebelião de Adão tece exatamente este efeito. Toda a nossa raça se tornou corrupta – tanto que, vendo-nos coletivamente – Deus concluiu, “todos se extraviaram, a uma se fizeram inúteis” (Rm 3.12). Estas palavras são fortes mas, apesar de tudo, bíblicas. Uma pessoas não é melhor que outra; todos nós estamos nisso juntos.
Outra ilustração, tirada do termo bíblico testamento, é a de uma testamento escrito deixando uma propriedade para os herdeiros. Nascemos herdeiros de Adão. Tudo que ele tem nos pertence: sua natureza, sua condição, sua culpa, seus débitos. Aprendemos que este patriarca da família humana nos deixou com uma propriedade fortemente em débito.
Seus inimigos (incluindo Deus) são nossos, e as velhas rivalidade são feridas abertas novamente por nós todos os dias. Assim como qualquer herdeiro terreno não pode separar sua personalidade, caráter, identidade ou recursos da herança dos ancestrais, nenhum de nós pode vir ao mundo como uma folha em branco.
Quando nascemos, então, nascemos em divergência com um Deus para o prazer do qual fomos criados. Não há “pequenos bebês inocentes”, e a Bíblia não conhece uma era de responsabilidade. Uma pessoa pode escolher crer, como eu, que todos os que morrem na infância são salvos, mas deve creditar isso à misericórdia de Deus, não à sua justiça.
Deus poderia condenar cada infante por toda a eternidade; já existe evidência suficiente para fazer uma acusação. “Por um só homem entrou o pecado no mundo,” disse Paulo, e “por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens” (Rm 5.12-18).
Michale Horton, As doutrinas da maravilhosa graça, pp 51-53, Ed. Cultura Cristã, 2003
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