Três Pilares da Fé Reformada – Pilar II: A Depravação Total da Humanidade
A partir de um conhecimento básico de Deus e de Sua soberania, agora nos voltamos para examinar um aspecto fundamental da nossa própria natureza. Uma vez que conhecemos algo da natureza de Deus e da nossa própria natureza, estaremos melhores equipados para examinar a obra de Cristo em toda a sua gloriosa plenitude. Todos os cristãos acreditam que os seres humanos são pecadores que precisam ser salvos de seus pecados. A maioria dos crentes também afirma que nascemos pecadores, ou seja, que temos uma “natureza pecaminosa" ou uma "carne", o que nos leva ao pecado desde o início de nossas vidas. Isso é um bom começo. A Bíblia realmente ensina essas verdades, mas isso não é tudo o que diz sobre a nossa natureza pecaminosa.
Então, somos pecadores e nascemos desta forma. Davi afirma isso no Salmo 51 quando declara: "Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe.” (vs. 5). O que David diz de si mesmo no Salmo 51, o Salmo 58 diz a respeito dos "ímpios", o que podemos aplicar a todas as pessoas, "Desviam-se os ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desencaminham, proferindo mentiras.” (vs. 3).
Contudo, a Bíblia diz muito mais:
“Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração” - Gênesis 6:5
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” - Jeremias 17:9
"Não há justo, nem um sequer,
Não há quem entenda,
Não há quem busque a Deus;
Todos se extraviaram,
À uma se fizeram inúteis;
Não há quem faça o bem, não há nem um sequer.
A garganta deles é sepulcro aberto;
Com a língua, urdem engano,
Veneno de víbora está nos seus lábios,
A boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura;
São os seus pés velozes para derramar sangue,
Nos seus caminhos, há destruição e miséria;
Desconheceram o caminho da paz.
Não há temor de Deus diante de seus olhos”. - Romanos 3:10-18
Estes versos pintam a nossa condição por uma perspectiva bem mais sombria do que uma simples afirmação de que somos pecadores por natureza desde o nascimento. Não apenas somos pecadores, mas todas as intenções dos nossos corações são totalmente más em todo o tempo. Nossos corações são as coisas mais enganosas do universo e são tão desesperadamente perversos que não podem ser conhecidos verdadeiramente por ninguém, a não ser por Deus. Somos carentes de entendimento, carentes de um desejo de realmente buscar a Deus e carentes de qualquer utilidade espiritual (bondade). Não fazemos qualquer bem; na verdade, somos violentos, blasfemos, mentirosos, maldizentes, pessoas miseráveis que não temem a Deus em absoluto. Uau! Que má notícia!
Ninguém gosta de receber más notícias, especialmente sobre si mesmos ou sobre as pessoas que mais amam. Contudo, às vezes precisamos saber o pior, e como as coisas realmente são para que possamos saber onde buscar ajuda. Assim, por mais doloroso que seja, é essencial que fragmentemos, pedaço por pedaço, o diagnóstico da Bíblia sobre a nossa condição pecaminosa.
1. Culpa. Antes mesmo de nascermos, a sentença do julgamento de Deus já foi proferida sobre nossa vida. Romanos 5 nos diz que quando Adão pecou, toda a humanidade foi contada como culpada e pecaminosa perante Deus. Uma vez que nascemos "em Adão", nascemos em pecado e com a culpa desse pecado, mesmo antes de pensarmos qualquer pensamento coerente ou falarmos qualquer palavra.
2. Poluídos. Corrompidos. Não apenas nascemos culpados diante de Deus num sentido legal, isto é, a sentença de morte já foi transferida a nós mesmo no nascimento, mas também nascemos corrompidos, com uma tendência inata para o pecado. É sobre isto que Davi provavelmente se refere no Salmo 51 e é o que é claramente dito sobre os "ímpios" (todos nós) no Salmo 58.
3. Mortos. Efésios 2 aprofunda a imagem da nossa condição pecaminosa ao declarar "estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”. Esta imagem da morte espiritual explica por que Jesus diz em João 3 que temos de nascer de novo. Nosso primeiro nascimento é apenas físico. Espiritualmente, somos natimortos, até que o Espírito de Deus nos conceda o dom da vida espiritual e, então, somos regenerados (gerados de novo – NT).
4. Escravizados. Jesus usa essa imagem da nossa condição pecaminosa em João 8:34, quando disse: "Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado." Este ensinamento é a origem da compreensão Reformada da escravidão do arbítrio, contrastando com o entendimento popular de "livre arbítrio" que tantos cristãos afirmam. Jesus ensinou que nossas vontades são escravizadas pelo pecado. Aquele que está nas cadeias da escravidão não é livre.
5. Inúteis / Incapazes de Fazer o Bem. Romanos 3, citando o Salmo 14 e 53, afirma que somos "inúteis" e que o que não fazemos nenhum bem. Jesus, em João 15:5, afirmou que, fora dele, não poderíamos fazer nada de bom. Isso faz um perfeito sentido à luz das duas descrições anteriores da nossa condição pecaminosa. Obviamente, alguém que está morto não pode fazer nenhum bem, da mesma forma que alguém cuja vontade é escrava do pecado - o seu mestre não permitirá que seu escravo sirva ao seu inimigo.
6. Apartados de Deus / Inimigos de Deus. Talvez a descrição mais severa da nossa condição pecaminosa seja essa, que quando éramos pecadores, éramos inimigos de Deus. Romanos 5:10 nos diz que a boa notícia é que, "nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho", mas diante do sombrio pano de fundo da realidade é que precisávamos ser reconciliados porque éramos inimigos de Deus. Romanos 3 expressa isto dizendo que “não há quem busque a Deus" e que “todos se extraviaram". Portanto, longe de buscarmos a Deus em nosso estado pecaminoso, na verdade nos apartamos Dele e fazemo-nos Seus inimigos.
7. Filhos da Ira. O resultado final da nossa condição espiritual em nossa natureza pecaminosa já deve estar claro a esta altura, mas apenas no caso de haver qualquer dúvida, a Bíblia detalha isto para nós. Efésios 2:3 diz que"éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais." Como pecadores que nascem culpados e poluídos e que podem fazer nenhum bem, mas em vez disso estão afastados de Deus como Seus inimigos, nós merecemos somente a ira de Deus, e é exatamente isso que Deus reservou para nós, não fosse por Cristo.
Estas últimas palavras, "se não fosse por Cristo”, traz um penetrante raio de esperança à noite escura da nossa condição desesperada. Sabemos que Deus não nos abandonou em nosso perdido desespero. Ele enviou um Salvador.
“Ele vos deu vida,
Estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,
Nos quais andastes outrora,
Segundo o curso deste mundo,
Segundo o príncipe da potestade do ar,
Do espírito que agora atua nos filhos da desobediência;
Entre os quais também todos nós andamos outrora,
Segundo as inclinações da nossa carne,
Fazendo a vontade da carne e dos pensamentos;
E éramos, por natureza, filhos da ira,
Como também os demais.
Mas Deus, sendo rico em misericórdia,
Por causa do grande amor com que nos amou,
E estando nós mortos em nossos delitos,
Nos deu vida juntamente com Cristo,
— pela graça sois salvos,
E, juntamente com ele, nos ressuscitou,
E nos fez assentar nos lugares celestiais
Em Cristo Jesus;
Para mostrar, nos séculos vindouros,
A suprema riqueza da sua graça,
Em bondade para conosco, em Cristo Jesus.” – Efésios 2:1-7
Jason A. Van Bemmel
Diretor da New Covenant Christian School
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