segunda-feira, 30 de setembro de 2013

“Jesus odeia o politicamente correto”, afirma John Piper


O pastor John Piper ficou 33 anos no pastoreio da mesma igreja em Minneapolis. Hoje, se dedica a ser um teólogo em tempo integral e escrever mais livros. Ele já tem mais de 50 no currículo e não acredita em aposentadoria.

Recentemente, Piper foi convidado a falar para os alunos da Faculdade e Seminário Bethlehem. A palestra foi em forma de entrevista, que ficou a cargo de Marvin Olasky, editor da revista cristã World Mag. O debate foi bastante provocativo. Desde o início, o pastor fez várias declarações fortes.

“Os últimos cinco capítulos de Juízes repetem como um refrão que todo mundo fazia o que era certo aos seus próprios olhos. Isso parece muito com o ceticismo ou relativismo pós-modernista que vemos hoje. Temos abandonado os conceitos absolutos de certo e errado. Sem representantes fieis do Rei Jesus nas igrejas, as pessoas vão continuar fazendo o que bem entenderem”, disse logo no início.

Perguntado sobre como via o futuro, foi incisivo “Não estou otimista, mas acredito na soberania absoluta de Deus, que poderia se mover como um tornado nesta terra, livrando-nos de nossa autodestruição… acordar as pessoas para que elas digam: “O que nós estamos fazendo é loucura”. É loucura matar bebês ainda no ventre. É loucura chamar de casamento quando dois homens vivem juntos e têm relações sexuais um com o outro. Deus pode se mover em nossa cultura e levar as pessoas a dizerem: “Nós estávamos… sob a escuridão… Vou orar até o dia que eu morrer para que isso realmente aconteça”.

Questionado sobre suas declarações serem “politicamente incorretas”, disparou: “Politicamente correto significa que há uma maneira de falar parecendo ser menos ofensivo… mas eu sei que Jesus odeia isso, pois Mateus contou a história dos saduceus que vieram até ele e perguntaram com que autoridade fazia aquelas coisas… Jesus recusou-se a responder. Jesus não falava com pessoas assim. Eu não gostaria de fazer algo… que deixaria Jesus sem falar comigo. Eu abomino o politicamente correto. Eu abomino saber que você precisa mudar suas palavras para ser aceito enquanto sacrifica a verdade”.

No final, perguntado sobre que dicas daria aos alunos que estavam começando seus ministérios agora, foi enfático: “Escolha o que mais fizer o seu coração queimar… Pode ser uma pequena igreja aqui mesmo em Minnesota, ou pode ser o lugar mais assustador no Paquistão, não importa… O que Deus quer de nós é que tenhamos amor pela santidade, um amor pelas pessoas e amor pela obediência a Ele.”
 
Fonte: Gospel Prime

Você conhece o Deus verdadeiro?


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Por Rev. Angus Stewart


Você conhece o Deus Verdadeiro? Não o deus da imaginação do homem, mas o Deus da Bíblia? Essa é uma pergunta importante, porque Jesus nos ensina que a vida eterna é conhecer a Deus e Seu Filho, Jesus Cristo - Jo 17v3. Se você viverá com Deus para sempre nos céus, você precisa conhecê-Lo.

Se você está interessado em conhecer o Deus Verdadeiro, por favor considere as seguintes questões:

1. O Deus Verdadeiro

a) O Deus Verdadeiro é muito grande e glorioso. Ele é tão elevado e santo que nada em todo o mundo é comparado a Ele. Ele é o Deus Eterno, Todo-Poderoso, Onisciente e Imutável - Sl 113v4-6.

b) O Deus Verdadeiro é o Criador do mundo. Em seis dias, Ele criou os céus e a terra e tudo que nela contêm. Da mesma forma Deus também criou você - Gn 1.

c) O Deus Verdadeiro é o Sustentador do mundo. Ele sustenta cada criatura pelo Seu grande poder. Ele dá a você a vida, o folêgo a todas as coisas - At 17v25,28.

d) O Deus Verdadeiro é o Governador Absoluto do mundo. Ele faz Sua eterna vontade acontecer através do Seu grande poder. Deus é o seu Governador e Rei - Dn 4v34-35.

2. A Ordem de Deus

a) Visto que Deus é seu Criador, Sustentador e Governador, a quem você deve sua própria vida, Ele ordena que você reverencie a Ele como o único Deus Verdadeiro - Sl 33v8.

b) Deus exige que você adore e sirva a Ele com um coração cheio de gratidão por tudo que Ele tem feito por você - Sl 100.

c) Em reverência, você deve obedecer a lei de Deus assim dada nos Dez Mandamentos. Essa obediência deve ser completa e perfeita - Ex 20v3-17.

d) Essa obediência deve vir de um coração de amor. Você deve amar a Deus com todo o seu ser e você deve amar o seu próximo como a você mesmo - Mt 22v37-40.

3. A Queda do Homem

a) Entretanto, você não guarda os mandamentos de Deus por amor a Ele. Você é um pecador que falha em fazer o que Deus lhe ordena - Jó 7v20; 13v23;40v4.

b) Você não pode fazer nada verdadeiramente bom e agradável a Deus. Mesmo o melhor das suas obras são como trapo de imundícia para Deus - Rm 3v10-18.

c) Seus atos pecaminosos vem de um coração perverso. Você nasceu com uma natureza corrupta - Gn 6v5; Sl 51v5; Jer 17v9. 4.

d) Deus é o Santo que odeia o pecado e tem de punir os pecadores. Fora da graça de Deus, você será condenado para os tormentos eternos do inferno para sempre - Mt 13v49-50.

4. A Salvação de Deus

a) Deus é também o Salvador que enviou Jesus Cristo para o mundo para salvar pecadores de seus pecados e dos tormentos eternos do inferno - Is 43v11.

b) Em Sua morte, Cristo sofreu os tormentos do inferno no lugar de todos aqueles que crêem n'Ele. Através da Sua morte, Ele pagou o débito e ganhou para eles o perdão de seus pecados - 1Pe 3v18.

c) Cristo satisfez a ordem de Deus para os crentes através de um amor perfeito a Deus e de seguir a lei de Deus. Deus os considera justos em Cristo - Rm 5v19.

d) Cristo dá a vida espiritual para aqueles a quem Deus salva, de tal forma que eles crêem n'Ele. Eles conhecem a Deus e desfrutam da Sua comunhão. Eles viverão com o Deus Verdadeiro no céu para sempre.

5. A Fé Verdadeira

a) Você procura o perdão dos seus pecados, a justiça de Cristo e a eterna comunhão com o Deus Verdadeiro? Deus diz a você: "Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa" - Atos 16v31.

b) Creia que Deus é o seu Criador, Sustentator e Governador, que é digno do seu amor e adoração. Perceba que você é um pecador que tem falhado em cumprir o dever dado por Deus e que você precisa de salvação. Confie em Deus para salvá-lo de seus pecados através da morte expiatória e a ressurreição vitoriosa de Jesus.

c) A fé verdadeira fará com que você se arrependa de seus pecados. Você reconhecerá que é um pecador, lamentará sobre o seu pecado e rebelião contra Deus, e abandonará o seu pecado - Ez 18v30.

d) A fé verdadeira vai fazer você ser obediente. Ela fará com que você procure guardar os mandamentos de Deus e viva uma vida de gratidão a Ele - Tg 2v17-19.

e) A fé verdadeira acredita que a salvação não é obra do homem, mas o dom gratuito de Deus. O crente é salvo unicamente pela graça de Deus - Ef 2v8-9.

6. Você conhece?

Você conhece o Deus Verdadeiro e Seu Filho Jesus Cristo? Se não, obedeça a ordem de Deus para confiar em Cristo para sua salvação. Sem o conhecimento do Deus Verdadeiro, o qual vem através da fé, você não tem vida eterna mas terá de enfrentar os tormentos eternos do inferno.

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Traduzido por Thiago McHertt
Via: Fireland

Sola Scriptura


Por Michael Kruger


Vivemos em um mundo cheio de reivindicações de verdades concorrentes. Todos os dias, somos bombardeados com declarações de que uma coisa é verdadeira e a outra, falsa. Dizem-nos no que acreditar e no que não acreditar. Pedem-nos que nos comportemos de um jeito ao invés de outro. Em sua coluna mensal “O que eu sei com certeza”, Oprah Winfrey nos diz sobre como lidar com as nossas vidas e relacionamentos. A página editorial do New York Times nos diz regularmente qual abordagem devemos usar nas grandes questões morais, jurídicas ou de políticas públicas de nossos dias. Richard Dawkins, o ateu e evolucionista britânico, nos diz como pensar a respeito de nossas origens históricas e nosso lugar no universo.

Como filtraremos todas essas alegações? Como as pessoas sabem o que pensar sobre relacionamentos, moralidade, Deus, origem do universo e muitas outras questões importantes? Para responder a essas perguntas, as pessoas precisam de algum tipo de norma, padrão ou critério ao qual possam recorrer. Em outras palavras, precisamos de uma autoridade máxima. É claro que todo mundo tem algum tipo de norma suprema à qual recorrer, quer estejam cientes ou não do que essa norma venha a ser. Algumas pessoas recorrem à razão e à lógica para julgar essas alegações de verdade concorrentes. Outras recorrem ao senso de experiência. Outros recorrem a si mesmos e ao seu próprio senso subjetivo das coisas. Embora haja alguma verdade em cada uma dessas abordagens, os cristãos têm historicamente rejeitado todas elas como o padrão definitivo para o conhecimento. Em vez disso, o povo de Deus tem afirmado universalmente que há apenas uma coisa que pode legitimamente funcionar como o padrão supremo: a Palavra de Deus. Não pode haver nenhuma autoridade maior que o próprio Deus.

É claro que não somos a primeira geração de pessoas a enfrentar o desafio das reivindicações de verdades concorrentes. Na verdade, Adão e Eva enfrentaram um dilema no início. Deus havia dito claramente a eles: “Certamente morrerás”, se comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2:17). Por outro lado, a Serpente disse o oposto a eles: “É certo que não morrereis!” (3:4). Como Adão e Eva deveriam ter julgado essas alegações discordantes? Pelo empirismo? Pelo racionalismo? Através daquilo que parecia certo para eles? Não, havia apenas um padrão ao qual eles deveriam ter recorrido para tomar essa decisão: a palavra que Deus havia falado a eles. Infelizmente, não foi isso o que aconteceu. Em vez de olhar para a revelação de Deus, Eva decidiu investigar ainda mais as coisas por si mesma:“Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos... tomou-lhe do fruto e comeu” (3:6). Não se engane, a queda não foi apenas uma questão de Adão e Eva terem comido o fruto. Na sua essência, a queda tratou-se de o povo de Deus ter rejeitado a Palavra de Deus como o padrão máximo para toda a vida.

Mas se a Palavra de Deus é o padrão máximo para toda a vida, a próxima pergunta é crucial: aonde iremos para conseguir a Palavra de Deus? Onde ela pode ser encontrada? Esta questão, é claro, nos leva a um dos debates centrais da Reforma Protestante. Ao mesmo tempo que as autoridades da Igreja Católica Romana concordavam que a Palavra de Deus era o padrão máximo para toda a vida e doutrina, eles acreditavam que essa palavra podia ser encontrada em locais fora das Escrituras. Roma reivindicou uma estrutura de autoridade de três partes, que incluía a Escritura, a tradição e o Magistério. O componente principal desta estrutura de autoridade era o próprio Magistério, que é o magistério oficial da Igreja Católica Romana, manifestado principalmente no papa. Porque o papa era considerado o sucessor do apóstolo Pedro, seus pronunciamentos oficiais (ex cathedra) eram considerados como as palavras do próprio Deus.

Foi neste ponto que os Reformadores mantiveram-se firmes. Apesar de reconhecerem que Deus havia entregado sua Palavra ao seu povo de várias maneiras antes da vinda de Cristo (Hebreus 1:1), eles argumentaram que não devíamos mais aguardar a revelação contínua, agora que Deus havia falado finalmente através do seu Filho (v. 2). A Escritura é clara quanto ao dom apostólico ter sido projetado para executar uma tarefa única e histórico-redentiva: estabelecer as bases da igreja (Efésios 2:20). A atividade de estabelecimento da fundação realizada pelos Apóstolos consistia principalmente em dar à igreja um depósito de ensino autorizado que testemunhasse a grande obra redentora de Cristo. Assim, os escritos do Novo Testamento, que são a personificação permanente do ensino apostólico, devem ser vistos como a última parcela da revelação de Deus para o seu povo. Esses escritos, juntamente com o Antigo Testamento, são os únicos que são corretamente considerados a Palavra de Deus.

Esta convicção de sola Scriptura - somente as Escrituras são a Palavra de Deus e, portanto, a única regra infalível para a vida e doutrina - fornecia o combustível necessário para inflamar a Reforma. Na verdade, foi considerada como a “causa formal” da Reforma (considerando que sola fide, ou “somente a fé”, foi considerada como a “causa material”). Os pontos de vista desta doutrina são personificados no famoso discurso de Martinho Lutero na Dieta de Worms (1521), depois que ele foi convidado a retratar os seus ensinamentos:

A menos que possa ser refutado e convencido pelo testemunho da Escritura e por claros argumentos (visto que não creio no papa, nem nos concílios; é evidente que todos eles frequentemente erram e se contradizem); estou conquistado pela Santa Escritura citada por mim, minha consciência está cativa à Palavra de Deus. Não posso e não me retratarei, pois é inseguro e perigoso fazer algo contra a consciência...Que Deus me ajude. Amém!

Para Lutero, as Escrituras, e somente as Escrituras, eram o árbitro máximo do que devemos acreditar.

Claro que, como muitas convicções cristãs fundamentais, a doutrina da Sola Scriptura tem sido mal-entendida e mal-aplicada. Infelizmente, alguns têm usado sola Scriptura como justificativa para um tipo de individualismo “eu, Deus e a Bíblia”, onde a igreja não tem nenhuma autoridade real, e a história da igreja não é considerada ao interpretar e aplicar a Escritura. Assim sendo, muitas igrejas hoje são quase “ahistóricas” - separadas inteiramente das ricas tradições, credos e confissões da igreja. Eles entendem erroneamente que sola Scriptura significa que a Bíblia é a única autoridade em vez de compreender que isso significa que a Bíblia é a única autoridade infalível. Ironicamente, tal abordagem individualista na verdade enfraquece a própria doutrina que a sola Scriptura pretende proteger. Ao enfatizar a autonomia do crente, fica-se apenas com conclusões particulares, subjetivas sobre o que a Bíblia quer dizer. Não é tanto a autoridade das Escrituras que é valorizada, mas a autoridade do indivíduo.

Os Reformadores não teriam reconhecido tal distorção como a doutrina da sola Scriptura em que criam. Pelo contrário, eles estavam bastante dispostos a confiar nos pais da igreja, nos conselhos da igreja e nos credos e confissões da igreja. Tal embasamento histórico foi encarado não apenas como um meio para manter a ortodoxia, mas também como um meio para manter a humildade. Ao contrário da percepção popular, os Reformadores não se viam como se estivessem trazendo algo novo. Em vez disso, eles entendiam que estavam recuperando algo muito antigo - algo que a igreja tinha acreditado inicialmente, mas que depois havia se torcido e distorcido. Os Reformadores não eram inovadores, mas escavadores.

Existem outros extremos contra os quais a doutrina da sola Scriptura nos protege. Embora queiramos evitar a postura individualista e “ahistórica” de muitas igrejas hoje, a sola Scriptura também nos protege de elevarmos credos e confissões ou outros documentos humanos (ou ideias) ao nível das Escrituras. Devemos estar sempre atentos para não cometermos o mesmo erro de Roma, que abraçou o que poderíamos chamar de “tradicionalismo”, que tenta vincular as consciências dos cristãos a áreas que a Bíblia não vincula. Nesse sentido, a sola Scriptura é uma guardiã da liberdade cristã. Mas o maior perigo que enfrentamos quando tratamos da sola Scriptura é entendê-la de forma errada. O maior perigo é esquecê-la. Somos propensos a pensar nessa doutrina puramente em termos de debates do século XVI - apenas um vestígio das antigas batalhas entre católicos e protestantes, e irrelevantes para os dias de hoje. Mas, nos dias de hoje, a igreja protestante precisa dessa doutrina mais do que nunca. As lições da Reforma têm sido esquecidas em sua maioria e a igreja, mais uma vez, começou a confiar em autoridades supremas fora das Escrituras.

A fim de levar a igreja de volta à sola Scriptura, temos de perceber que não podemos fazer isso apenas através do ensino da doutrina em si (embora devamos fazer isso). Antes, a principal maneira para levar a igreja de volta é, de fato, pregando as Escrituras. Somente a Palavra de Deus tem o poder de transformar e reformar nossas igrejas. Portanto, não devemos apenas falar sobre a sola Scriptura, mas devemos demonstrá-la. E quando assim o fizermos, devemos pregar toda a Palavra de Deus - sem escolher as partes que preferimos ou pensar no que nossas congregações querem ouvir. Devemos pregar apenas a Palavra (sola Scriptura), e devemos pregar toda a Palavra (tota Scriptura). As duas doutrinas andam lado a lado. Quando elas são unidas, no poder do Espírito Santo, podemos ter a esperança de uma nova reforma.

- Sobre o autor: Dr. Michael J. Kruger é professor de Novo Testamento e Reitor no Reformed Theological Seminary em Charlotte, N.C. Ele é autor do livro Canon Revisited: Establishing the Origins and Authority of the New Testament Books.

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Fonte: Editora Fiel
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Murmurações



O apóstolo Pedro foi um homem simples, pescador, afeito à vida dura do mar, talvez vivendo com certas privações, decorrentes de sua baixa renda, conseguida com o produto da pesca.

A exemplo do apóstolo Paulo que mais tarde iria dizer também que aprendera a contentar-se com o que tinha, o apóstolo Pedro nos dá um conselho muito sábio em uma de suas cartas: "deixando, pois toda a malícia e todo o engano, fingimentos e invejas e todas as murmurações". (1 Pedro 2.1) Esta última palavra - murmurações - é que nos interessa mais de perto.

Já reparou o leitor que o homem é um eterno insatisfeito? É regra geral, viver reclamando de tudo. Nada presta. Nada está bom! Houve uma época em que as pessoas eram mais otimistas e sobre qualquer coisa diziam: podia ser pior. Hoje, por melhor que sejam as coisas, sempre se diz que podia ser melhor. Isso é pessimismo puro. Deixando todas as murmurações ou reclamações, recomenda-nos o apóstolo.

Há pessoas que vivem reclamando contra o trabalho, que o trabalho cansa, que o trabalho é rotineiro etc. Essas pessoas não consideram que há milhões de pessoas desempregadas no mundo, desesperadas por um trabalho, por mais pesado que seja, mas que lhe permita, e à sua família, a subsistência!

Outros reclamam porque a empregada ou a esposa, deixou a comida um pouco insossa ou um pouco salgada demais. Não param para pensar, esses reclamadores, que há milhões de pessoas morrendo de fome e outros tantos conseguindo no lixo o que comer!

Há pessoas que reclamam contra uma decepção. Não consideram que há muita gente para quem a vida em si é uma decepção!

Outros murmuram contra um sonho desfeito, mas foi só um sonho. Por que não pensar um pouco nas milhares de pessoas para quem a vida é um verdadeiro pesadelo! 

Se temos um trabalho que nos cansa, mas que garante a nossa subsistência digna; se temos uma comida que nem sempre está como nós queremos, mas que nos alimenta e nos mantém a vida; se temos uma decepção em que meditar e aprender, tirando dela lições que nos ajudarão no futuro; se temos um sonho que se desfez, mas que pode ser substituído por outros que se realizarão; nada disso deve ser motivo de murmurações.

Tudo isso, se bem analisado, é motivo de gratidão a Deus, pois há milhares que gostariam de estar em nosso lugar. Nunca somos os últimos. Temos muita gente acima de nós, mas também temos muita gente abaixo de nós. 

Daí a necessidade de se atender a recomendação do apóstolo Pedro, de deixarmos todas as murmurações e, além dessa, outra do apóstolo Paulo: "dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai em nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (Efésios 5.20). 

Ele diz - em tudo - porque, de acordo com a sua experiência: "todas as coisas cooperam, em conjunto, para o bem daqueles que amam a Deus" (Romanos 8.28). 

Vem-me à mente uma frase de um velho professor de Ética no Seminário: "quem tem o bastante tem tanto quanto o rico". Pensamento que parodio dizendo que quem tem o bastante não precisa de bastante.

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Existe um lugar para a Arte, no Calvinismo?



Por Abraham Kuyper

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O Calvinismo não Criou Estilo Próprio Exatamente por seu Estágio Superior de Desenvolvimento Religioso

Assim, por si só, deve ser negada a possibilidade que um estilo de arte próprio possa originar-se independentemente da religião; mas mesmo se fosse de outro modo, e este é meu segundo argumento, ainda seria ilógico exigir do Calvinismo uma tendência secular como esta. Pois, como vocês podem desejar que um movimento de vida, que encontrou a fonte de seu poder na acusação de todos os homens e de toda vida humana perante a face de Deus, tivesse visto o impulso, a paixão e a inspiração para sua vida fora de Deus em um campo tão excessivamente importante como este das poderosas artes? Portanto, não resta nenhuma sombra de realidade na reprovação desdenhosa de que a não criação de um estilo arquitetônico próprio é uma prova conclusiva da pobreza artística do Calvinismo. Somente sob os auspícios de seu princípio religioso o Calvinismo poderia ter criado um estilo de arte geral e exatamente porque tinha alcançado um estágio muito mais alto de desenvolvimento religioso, seu próprio princípio proibia a expressão simbólica de sua religião em formas visíveis e sensoriais.

Existe um Lugar para Arte, no Calvinismo?
   
Por isso, a questão deve ser formulada de modo diferente. E isso nos conduz ao nosso segundo ponto. A questão não é se o Calvinismo com seu ponto de vista superior produziu o que não era mais permitido criar, a saber, um estilo de arte geral próprio dele, mas qual interpretação sobre a natureza da arte flui de seu princípio. Em outras palavras, há na bio-cosmovisão do Calvinismo um lugar para a arte, e se sim, qual lugar? Seu princípio é oposto a arte, ou, se julgado pelos padrões do princípio calvinista, um mundo sem arte perderia uma de suas esferas ideais? Eu não falarei agora do abuso, mas simplesmente do uso da arte. Em cada campo, a vida é obrigada a respeitar as dimensões desse campo. A transgressão dos domínios dos outros é sempre ilegal; e nossa vida humana atingirá sua mais nobre harmonia somente quando todas as suas funções cooperarem na justa proporção para nosso desenvolvimento geral. A lógica da mente não pode desprezar os sentimentos do coração, nem o amor pela beleza deveria silenciar a voz da consciência. Por mais santa que a Religião possa ser, ela deve guardar-se dentro de seus próprios limites, para que não se degenere em superstição, insanidade ou fanatismo ao atravessar suas linhas. E, do mesmo modo, a tão exuberante paixão pela arte que despreza o sussurro da consciência, deve resultar num desacordo desagradável completamente diferente do que os gregos exaltavam em seus kalokagathos. [1]

Calvino se Opôs ao Uso Ilegítimo da Arte
 
O fato, por exemplo, de que o Calvinismo se dispôs contra toda diversão ímpia com a honra da mulher, e estigmatizou toda forma de prazer artístico imoral como uma degradação, encontra-se portanto fora de nosso alcance. Tudo isto denuncia adequadamente o abuso, embora não tenha qualquer peso quanto a questão do uso legítimo. E o próprio Calvino não se opôs ao uso legítimo da arte, mas encorajou e até mesmo recomendou, como suas próprias palavras prontamente provam. Quando a Escritura menciona a primeira aparição da arte nas tendas de Jubal, que inventou a harpa e o órgão, Calvino recorda-nos enfaticamente que esta passagem trata dos “excelentes dons do Espírito Santo”. Ele declara que, quanto ao instinto artístico, Deus tinha enriquecido Jubal e sua posteridade com raros dons naturais. E, abertamente, declara que esses poderes inventivos da arte são o mais evidente testemunho do favor divino. Ele declara mais enfaticamente ainda, em seu comentário sobre Êxodo, que “todas as artes vêm de Deus e devem ser consideradas como invenções divinas”.

As Artes Procedem do Espírito Santo

Segundo Calvino, nós devemos estas coisas preciosas da vida natural originalmente ao Espírito Santo. Em todas as Artes Liberais, tanto nas mais como nas menos importantes, o louvor e a glória de Deus devem ser acentuadas. As artes, diz ele, foram dadas para nosso conforto, nesse nosso estado deprimido de vida. Elas reagem contra a corrupção da vida e da natureza pela maldição. Quando seu colega, o Prof. Cop, levantou armas em Genebra contra a arte, Calvino propositadamente instituiu medidas, como ele escreve, para restaurar esse homem louco ao bom senso e a razão. Calvino declara ser indigno de refutação o preconceito cego contra a escultura com base no Segundo Mandamento. Ele exalta a música como um poder maravilhoso para comover corações e para dignificar tendências e princípios morais. Entre os excelentes favores de Deus para nossa recreação e prazer, ela ocupa em sua mente o posto mais alto. E mesmo quando a arte se rebaixa para tornar-se o instrumento de mero entretenimento para o povo, afirma que este tipo de prazer não lhe deveria ser negado.

Em vista de tudo isto, podemos dizer que Calvino apreciava a arte em todas as suas ramificações como um dom de Deus, ou mais especialmente, como um dom do Espírito Santo; que ele entendeu plenamente os profundos efeitos produzidos pela arte sobre a vida das emoções; que ele apreciava o fim pelo qual a arte fora dada, a saber, que por ela poderíamos glorificar a Deus, dignificar a vida humana, e beber na mais alta fonte de prazeres, sim até mesmo no esporte comum; e, finalmente, que longe considerar a arte como simples imitação da natureza, ele lhe atribuiu a nobre vocação de desvendar para o homem uma realidade mais alta do que foi oferecida a nós pelo mundo pecaminoso e corrupto.

A Arte Revela uma Realidade Superior à Oferecida pelo Mundo

Ora, se isso implicava em nada mais que a interpretação pessoal de Calvino, certamente seu testemunho não teria valor conclusivo para o Calvinismo em geral. Mas quando observamos que o próprio Calvino não era artisticamente desenvolvido, e que por isso ele deve ter inferido seu breve sistema de Estética [2] de seus princípios, ele pode ser reconhecido como tendo exposto a consideração calvinista sobre a arte como tal. Para ir direto ao coração da questão, comecemos com a última declaração de Calvino, a saber, que a arte revela para nós uma realidade mais alta do que é oferecida por este mundo pecaminoso.

Vocês estão familiarizados com a questão, já mencionada, se a arte deveria imitar a natureza ou se deveria transcendê-la. Na Grécia uvas eram pintadas com tal precisão que os pássaros eram iludidos por sua aparência e tentavam comê-las. E esta imitação da natureza parece ter sido o ideal maior da escola Socrática. Aqui, encontra-se a verdade muitas vezes esquecida pelos idealistas, de que as formas e relações exibidas pela natureza são e sempre devem ser as formas e relações fundamentais de toda realidade atual, e uma arte que não observa as formas e movimentos da natureza nem escuta seus sons, mas arbitrariamente gosta de flutuar acima dela, se degenera num bárbaro jogo de fantasia.

Mas por outro lado, toda interpretação idealista da arte deveria ser justificada em oposição à puramente empírica, sempre que a empírica confina sua tarefa a mera imitação. Por isso, muitas vezes é cometido na arte o mesmo equívoco cometido pelos cientistas quando limitam sua tarefa científica à mera observação, computação e relatório acurado dos fatos. Pois do mesmo modo como a ciência deve subir dos fenômenos para a investigação de sua ordem inerente, a fim de que o homem, enriquecido pelo conhecimento desta ordem, possa reproduzir espécies de animais, flores e frutos mais nobres do que a própria natureza poderia produzir, assim a vocação da arte é, não simplesmente observar cada coisa visível e audível, a fim de apreendê-la e reproduzi-la artisticamente, mas muito mais, descobrir naquelas formas naturais a ordem da beleza, e enriquecido por este conhecimento superior, produzir uma beleza mundial que transcende a beleza da natureza.

O Calvinismo Compreendeu a Influência do Pecado

Isto é o que Calvino afirmou: a saber, que as artes exibem dons que Deus colocou à nossa disposição, agora que a verdadeira beleza fugiu de nós como triste consequência do pecado, a verdadeira beleza fugiu de nós. Sua decisão aqui depende inteiramente de sua interpretação do mundo. Se vocês consideram o mundo como a realização do bem absoluto, então não há nada superior, e a arte não pode ter outra vocação senão copiar a natureza. Se, como o panteísta ensina, o mundo segue da imperfeição para a perfeição por um processo lento, então a arte torna-se a profecia de uma fase adicional da vida por vir. Porém, se vocês confessam que o mundo outrora foi belo, mas que pela maldição tornou-se desfeito e por uma catástrofe final deve passar para seu pleno estado de glória, superando até mesmo a beleza do paraíso, então a arte tem a tarefa mística de lembrar-nos, em suas produções, da beleza que foi perdida e de antecipar seu perfeito brilho vindouro. Este último caso mencionado é a confissão calvinista. O Calvinismo compreendeu, mais claramente do que Roma, a influência horrenda e corruptora do pecado; isto o levou a maior apreciação da natureza do paraíso na beleza da justiça original; e guiado por esta encantadora recordação o Calvinismo também profetizou uma redenção da natureza exterior, a ser realizada no reino da glória celestial. A partir deste ponto de vista, o Calvinismo honrou a arte como um dom do Espírito Santo e como uma consolação em nossa vida atual, habilitando-nos a descobrir em e atrás desta vida pecaminosa um pano de fundo mais rico e mais glorioso. Considerando as ruínas desta criação outrora tão maravilhosamente bela, para o calvinista a arte chama a atenção tanto para as linhas do plano original ainda visíveis quanto, o que é ainda melhor, para a esplêndida restauração pela qual o Supremo Artista e Construtor Mestre um dia renovará e até mesmo intensificará a beleza de sua criação original.

A Arte não Pode Originar-se do Diabo

Portanto, se a interpretação pessoal de Calvino concorda inteiramente com a confissão calvinista sobre este ponto principal, o mesmo se aplica ao próximo ponto em questão. Se para o Calvinismo a soberania de Deus é e continua sendo seu imutável ponto de partida, então a arte não pode originar-se do Diabo; pois Satanás é destituído de todo poder criativo. Tudo que ele pode fazer é abusar das boas dádivas de Deus. Nem pode originar-se com o homem, pois, sendo ele mesmo uma criatura, o homem não pode senão empregar os poderes e dons colocados por Deus à sua disposição. Se Deus é e continua sendo soberano, então a arte não pode produzir nenhum encantamento exceto de acordo com as ordenanças que Deus ordenou para a beleza, quando ele, como o Supremo Artista, chamou este mundo à existência.

Deus Soberano Confere os Dons Artísticos

E além disso, se Deus é e continua sendo soberano, então ele também confere estes dons artísticos a quem ele quer, primeiramente, então, à posteridade de Caim e não a de Abel; não como se a arte fosse Cainita, mas a fim de que aquele que pecou contra os mais altos dons devesse ao menos, como Calvino tão belamente disse: nos menores dons da arte receber algum testemunho do favor Divino. Esta habilidade e capacidade artística como tal, pode ter lugar na natureza humana, nós a devemos à nossa criação segundo à imagem de Deus. No mundo real, Deus é o Criador de todas as coisas; o poder de produzir coisas realmente novas é seu somente, e portanto continua a ser sempre o artista criador. Como Deus, somente ele é o original, nós somos apenas os portadores de sua Imagem.

Nossa capacidade para criar segundo ele e segundo o que ele criou, pode consistir somente na criação imaginária da arte. Assim nós, à nossa maneira, podemos imitar o trabalho manual de Deus. Nós criamos um tipo de cosmos em nosso monumento Arquitetônico; embelezamos formas da natureza na Escultura; em nossa Pintura reproduzimos a vida, animada por linhas e cores; transfundimos as esferas místicas em nossa Música e em nossa Poesia. E tudo isto porque a beleza não é o produto de nossa própria fantasia, nem de nossa percepção subjetiva, mas tem uma existência objetiva, sendo ela mesma a expressão de uma perfeição Divina.

Arte e a Criação

Após a criação, Deus viu que tudo era bom. Imagine que cada olho humano fosse fechado e cada ouvido humano tapado, ainda assim a beleza permanece, e Deus a vê e a ouve, pois, não somente “seu eterno poder”, mas igualmente sua “divindade”, desde o momento da criação têm sido percebidos em sua criação, tanto espiritual como corporalmente. Um artista pode observar isto em si mesmo. Se ele compreende que sua própria capacidade artística depende de ter um olho para a arte [senso estético], deve necessariamente chegar à conclusão de que “o olho” original para a arte está no próprio Deus, cuja capacidade para produção artística é plena, e segundo esta imagem foi feito o artista entre os homens.

Sabemos isto a partir da criação ao nosso redor, do firmamento que forma um arco sobre nós, do luxo abundante da natureza, da riqueza de formas no homem e no animal, do som das corredeiras e do cântico do rouxinol; como pois toda esta beleza poderia existir exceto se criada pelo Único que preconcebeu a beleza em seu próprio ser e a produziu de sua própria perfeição Divina? Assim, vocês vêem que a soberania de Deus e nossa criação segundo sua semelhança, necessariamente levaram a esta interpretação elevada da origem, da natureza e da vocação da arte, como adotada por Calvino, e ainda aprovada por nosso próprio instinto artístico. O mundo dos sons, o mundo das formas, o mundo das cores e o mundo das idéias poéticas não pode ter outra fonte senão Deus; e é nosso privilégio, como portadores de sua imagem, ter uma percepção deste mundo belo, para reproduzir artisticamente, para gozá-lo humanamente.

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Notas:
[1] - NT - Do grego kalokagateo , praticar a virtude, kalokagathia de kalos + agatos , honestidade, lealdade perfeita.
[2] - Estética pode ser definida como a ciência da beleza e do gosto; o ramo do conhecimento que pertence às belas artes e a arte crítica. Não há uma estética universalmente aceita. Há três escolas: a sensorialística (Hogarth); a empírica (Helmholtz); e a idealística, devendo sua origem a Kant.

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Fonte: Extraído da introdução do excelente livro “Calvinismo”, de Abraham Kuyper, publicado no Brasil pela Editora Cultura Cristã.

Três características da pregação expositiva



Por Albert Mohler Jr.


A pregação expositiva autêntica é marcada por três características distintas: autoridade, reverência e centralidade. A pregação expositiva é autoritativa porque se firma sobre a própria autoridade da Bíblia como a palavra de Deus. Tal pregação requer e reforça um senso de expectativa reverente por parte do povo de Deus. Por fim, a pregação expositiva demanda uma posição central na adoração cristã e é respeitada como o evento pelo qual a palavra viva de Deus fala com Seu povo.

Uma análise cuidadosa de nossa era contemporânea foi feita pelo sociólogo Richard Sennet, da Universidade de New York. Sennet nota que, em tempos passados, uma grande ansiedade da maioria das pessoas era a perda da autoridade governamental. Hoje a mesa virou, e as pessoas modernas ficam ansiosas por conta de qualquer autoridade sobre elas: “Agora tememos a influência da autoridade como uma ameaça a nossas liberdades, na família e na sociedade em geral”. Se as gerações anteriores temiam a ausência de autoridade, hoje vemos “um medo da autoridade, quando ela existe”.

Alguns especialistas em homilética sugerem que os pregadores deveriam simplesmente abraçar essa nova cosmovisão e desistir de afirmar terem uma mensagem autoritativa. Aqueles que perderam a confiança na autoridade da Bíblia como a palavra de Deus tem pouco a dizer e nenhuma autoridade em sua mensagem. Fred Craddock, uma das figuras mais influentes no pensamento homilético recente, descreve de forma pontual o pregador atual como “alguém sem autoridade”. O retrato que ele pinta dos predicados do pregador é assustador: “O velhos pregos e parafusos enferrujam no casco enquanto o ministro tenta guiar seu povo pelas águas pantanosas das relatividades e possibilidades”. “Não é mais possível ao pregador pressupor o reconhecimento geral de sua autoridade como clérigo, ou a autoridade de sua instituição, ou a autoridade da Escritura”, Craddock argumenta. Resumindo a situação do pregador pós-moderno, ele relata que o pregador “se questiona seriamente se deveria continuar provendo monólogos em um mundo dialógico”.

A questão óbvia a se fazer à análise de Craddock é essa: se não temos qualquer mensagem autoritativa, por que pregar? Sem autoridade, o pregador e a congregação estão envolvidos em uma perda de tempo massiva. A própria ideia de que a pregação pode ser transformada em um diálogo entre o púlpito e os bancos indica a confusão de nossa era.

Em contraste com isso está o tom de autoridade encontrado em qualquer pregação expositiva. Como Martyn Lloyd-Jones nota:

Qualquer estudo da história da igreja, e particularmente qualquer estudo dos grandes períodos de reavivamento, demonstra acima de tudo esse único fato: que a igreja cristã durante todos esses períodos falou com autoridade. A grande característica de todos os reavivamento tem sido a autoridade do pregador. Parecia haver algo novo, extra e irresistível naquilo que ele declarava em nome de Deus.

O pregador se atreve a falar em nome de Deus. Ele sobe ao púlpito como um mordomo “dos mistérios de Deus” (1 Coríntios 4.1) e declara a verdade da palavra de Deus, proclama o poder dessa palavra, e aplica a palavra à vida. Esse é certamente um ato audacioso. Ninguém deveria sequer contemplar tal empreitada sem ter confiança absoluta em um chamado divino para pregar e na autoridade imaculada das Escrituras.

Em última análise, a autoridade suprema da pregação é a autoridade da Bíblia como palavra de Deus. Sem essa autoridade, o pregador está nu e calado perante a congregação e o mundo que o assiste. Se a Bíblia não é a palavra de Deus,  pregador está envolto em um ato de auto-ilusão ou pretensão profissional.

Permanecendo na autoridade da Escritura, o pregador declara uma verdade recebida, não uma mensagem inventada. O ofício do ensino não é um papel de aconselhamento baseado em experiência religiosa, mas uma função profética na qual Deus fala com seu povo.

A pregação expositiva também é marcada pela reverência. A congregação reunida perante Esdras e os outros pregadores demonstravam amor e reverência pela palavra de Deus (Neemias 8). Quando o livro era lido, o povo se levantava. Esse ato de se levantar revela o coração do povo e seu senso de expectativa conforme a palavra era lida e pregada.

A pregação expositiva requer uma atitude de reverência por parte da congregação. Pregação não é um diálogo, mas envolve pelo menos duas partes – o pregador e a congregação. O papel da congregação na pregação é de ouvir, receber e obedecer a palavra de Deus. Ao fazê-lo, a igreja demonstra reverência pela pregação e ensino da Bíblia e entende que o sermão traz a palavra de Cristo para perto da congregação. Isso é verdadeira adoração.

Por falta de reverência pela palavra de Deus, muitas congregações se veem em uma busca frenética por significado em sua adoração. Cristãos saem do culto perguntando uns aos outros: “você entendeu alguma coisa daquilo?”. Igrejas realizam pesquisas para medir as expectativas: vocês gostariam de mais música? De que tipo? E teatro? Nosso pregador é criativo o suficiente?

A pregação expositiva requer um conjunto de questões bem diferente. Eu vou obedecer a palavra de Deus? Como eu preciso moldar meu pensamento à Escritura? Como eu devo mudar meu comportamento para ser plenamente obediente à palavra? Essas questões revelam submissão à autoridade de Deus e reverência pela Bíblia como sua palavra.

De forma semelhante, o pregador deve demonstrar sua própria reverência pela palavra de Deus ao lidar de forma fiel e responsável com o texto. Ele não deve ser irreverente ou casual, muito menos desrespeitoso ou arrogante. Disso estamos certos, nenhuma congregação reverencia mais a Bíblia do que seu pregador.

Se a pregação expositiva é autoritativa, e se demanda reverência, ela também deve estar no centro da adoração cristã. Um culto propriamente direcionado para a honra e glória de Deus encontrará seu centro na leitura e pregação da palavra de Deus. A pregação expositiva não pode receber um papel secundário no ato da adoração – ela deve ser central.

Durante a Reforma, o propósito que movia Lutero era o de restaurar a pregação ao lugar apropriado na adoração cristã. Se referindo ao incidente entre Maria e Marta em Lucas 10, Lutero lembrou sua congregação e os estudantes sob ele que Jesus Cristo declarou que “mesmo uma só coisa” é necessária, a pregação da palavra (Lucas 10.42). Assim, a preocupação central de Lutero era de reformar a adoração nas igrejas ao restabelecer nelas a centralidade da leitura e pregação da palavra.

A mesma reforma é necessária no evangelicalismo atual. A pregação expositiva deve mais uma vez ser central na vida da igreja e central na adoração cristã. No fim, a igreja não será julgada pelo Senhor pela qualidade de sua música, mas pela fidelidade de sua pregação.

Quando os evangélicos de hoje falam casualmente da distinção entre adoração e pregação (dizendo que a igreja vai desfrutar de uma oferta de música antes de acrescentar um pouquinho de pregação), estão acusando o golpe de sua falta de entendimento tanto de adoração quanto do ato da pregação. Adoração não é algo que fazemos antes de nos sentarmos para ouvir a palavra de Deu; é o ato pelo qual o povo de Deus dirige toda sua atenção para o único vivo e verdadeiro Deus que fala com eles e recebe seu louvor. Deus é louvado da forma mais bela quando seu povo ouve sua palavra, ama sua palavra e obedece sua palavra.

Assim como na Reforma, o corretivo mais importante para nossa deturpação da adoração (e defesa contra as demandas consumistas correntes) é o retorno correto da pregação expositiva e da leitura pública da palavra de Deus à primazia e centralidade na adoração. Apenas assim a “joia perdida” será verdadeiramente redescoberta.

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Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo.com | Original aqui.