quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Uzias - Christian Treasury, Março 91


Conforme aprendemos em 2 Crônicas 26:5, Uzias "deu-se a buscar a Deus nos dias de Zacarias, entendido nas visões de Deus: e nos dias em que buscou ao Senhor, Deus o fez prosperar". Ele saiu a guerrear e o Senhor o ajudou.
Uzias "se fortificou altamente". Ele construiu torres em Jerusalém e as fortificou; construiu torres no deserto, e cavou muitos poços. Ele tinha também lavradores e vinhateiros nas montanhas do Carmelo. Tinha também um exército de guerreiros que saíam à guerra em tropas: "Todo o número dos chefes dos pais, varões valentes, era de dois mil e seiscentos. E debaixo das suas ordens havia um exército guerreiro de trezentos e sete mil e quinhentos homens, que faziam a guerra com força belicosa, para ajudar o rei contra os inimigos. E preparou-lhes Uzias, para todo o exército, escudos, e lanças, e capacete, e couraças e arcos; e até fundas para atirar pedras. Também fez em Jerusalém máquinas da invenção de engenheiros, que estivessem nas torres e nos campos, para atirarem flechas e grandes pedras."
Não precisamos nos deter na descrição do numeroso exército do rei Uzias. Passaremos às instruções que Deus nos dá a este respeito. "E voou a sua fama até muito longe; porque foi maravilhosamente ajudado até que se tornou forte."
Existem poucas expressões mais marcantes do que esta. Alguém poderia ter pensado que o objetivo que Uzias buscava era ser forte. Todavia, a força que por natureza cobiçamos é independência de Deus. Vemos santos se lamentando de sua fraqueza, e o que querem dizer com isso? Acaso não é por não terem recursos em si próprios? Esquecemo-nos de que toda a verdadeira força provém da plenitude que há em Jesus, do contrário deveríamos estar sempre prontos a dizer, como Paulo, "Quando estou fraco então sou forte" (2 Co 12:10). É preciso que sejamos privados de todos os recursos que existem em nós mesmos, para podermos reconhecer que nossa força está nEle.
Quando Uzias sentiu-se forte, transgrediu contra o Senhor Deus. Há grande perigo em substituirmos os múltiplos meios pelo Senhor. Podemos nos apoiar nos meios esquecendo que não são eles a fonte de suprimento.
Assim foi com a história da Igreja. Ela foi maravilhosamente auxiliada até que ficou forte, e então, quando estava forte, seu coração se enalteceu. Os santos em Corinto dispunham de múltiplos recursos: homens, riquezas e sabedoria, e foram tentados a acreditar que pelo exercício dessa sabedoria poderiam refutar os pagãos. Mas o apóstolo lhes disse que a verdadeira sabedoria vem somente pela recepção da sabedoria de Deus, a qual é loucura para o homem, e do poder de Deus, que é fraqueza para o homem.
O Espírito de Deus nos mostra, em Atos, que a Igreja, embora pequena em número, é maravilhosamente ajudada. Mas quão cedo a Igreja começou a olhar para si mesma e para seus próprios recursos e grandeza, ao invés de olhar para o Senhor. Será que isto não nos diz algo? Nossa bênção está em nos colocarmos num lugar de fraqueza, de modo que Deus possa nos ajudar por amor de Seu próprio nome.
Existe perigo em dizer, ou mesmo supor, que alcançamos algo. Trata-se de uma evidência de fracasso quando um cristão (ou um grupo de cristãos) passa a se preocupar com sua própria honra e com o que tem, ao invés de considerar a honra do Senhor; o que importa é a preocupação com a reputação dEle. Um "olho simples" estará ocupado com Cristo.
A palavra dirigida aqui, em referência a um santo, é bastante forte: "Exaltou-se o seu coração até se corromper" (2 Cr 26:16). Mas há, no Novo Testamento, uma palavra tão forte quanto esta: "O que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção" (Gl 6:8). Se qualquer pessoa, até mesmo um santo de Deus, semear na sua carne, só irá conseguir uma triste colheita de corrupção, havendo desperdiçado todo o seu tempo. Temos que dar atenção às palavras penetrantes das Escrituras, e não desviarmos de nós o seu gume, com a desculpa de que não se aplicam a nós. Tal pensamento tem sido a origem de muito engano na Igreja. A alma que treme da Palavra de Deus é a que prosperará - aquela que está desejosa de se expor às suas partes mais penetrantes. O santo de Deus pode semear na carne, pode andar "segundo a carne", pode militar "segundo a carne", mas o miserável fim será que "da carne ceifará a corrupção".
Quando Uzias era forte, estando sua força baseada em sua capacidade própria, "exaltou-se o seu coração" e tornou-se mais semelhante ao coração do Rei Nabucodonosor (Dn 4:30) do que ao do rei de Judá ungido por Deus. Um coração exaltado encontra-se em uma perigosa condição, e quase sempre à beira de uma queda .
Embora Uzias fosse o rei ungido de Deus, ele não era o sacerdote ungido de Deus. Mas ele não queria que coisa alguma lhe fosse impedida, e o encontramos transgredindo contra o Senhor seu Deus. Ele foi ao templo do Senhor para queimar incenso sobre o altar do incenso, o que não era prerrogativa sua, mas tão somente dos sacerdotes. Os filhos de Aarão eram consagrados para queimar incenso.
Que nós também tenhamos cuidado para não tratarmos com o Senhor com impura familiaridade; um espírito humilde é sempre um espírito confiante, mas um espírito humilde só pode confiar no sangue de Jesus. Não corre com ímpeto para a presença de Deus como faz o homem de coração exaltado. Só podemos nos aproximar através do incenso do Senhor Jesus, não com base em nossos atributos ou por nossa devoção ou fervor carnal.
Azarias, o sacerdote, com oitenta valentes sacerdotes, disse a Uzias:
"A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante o Senhor, mas aos sacerdotes, filhos de Aarão, que são consagrados para queimar incenso; sai do santuário, porque transgrediste; e não será isto para honra tua da parte do Senhor Deus. Então Uzias se indignou; e tinha o incensário na sua mão para queimar incenso; indignando-se ele pois contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu à testa perante os sacerdotes, na casa do Senhor, junto ao altar do incenso." (2 Cr 26:18-19).
A história do Rei Uzias é escrita para nossa admoestação. A exaltação do coração busca sempre seus próprios interesses, não os de Deus. Bendito seja Deus, nós temos liberdade para entrar no santo dos santos - pois somos sacerdotes para Deus pelo sangue de Jesus - mas é sempre por meio do incenso de nosso grande Sumo Sacerdote.
Em 2 Crônicas 27:6 temos a referência feita ao grande exército de Jotão; ele "se fortificou... porque dirigiu os seus caminhos na presença do Senhor seu Deus". É este o caminho para o santo crescer em força prática. Assim foi com os Tessalonicenses, cuja "obra da vossa fé... trabalho do amor, e... paciência da esperança" estavam "diante de nosso Deus e Pai" (1 Ts 1:3). Jotão sempre teve o Senhor diante de si, e seguiu uma linha de conduta equilibrada. Aos olhos dos homens ele pode não ter sido tão poderoso quanto Uzias, mas o Espírito Santo registra seu nome como o de um "fortificado" aos olhos de Deus.

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