segunda-feira, 1 de junho de 2015

O TERRÍVEL ESTADO DOS NÃO CONVERTIDOS - PARTE 2



3. Os não convertidos estão em uma condição terrível devido à horrível impiedade que há neles.
1. O pecado possui uma natureza terrível, e isso porque é contra um Deus infinitamente grande e santo. Há na natureza do homem inimizade, desprezo e rebelião contra Deus. O pecado se levanta como um inimigo do Altíssimo. É terrível para a criatura ser inimiga do Criador, ou ter no coração algo como uma inimizade, como ficará bem claro, se considerarmos a diferença que há entre Deus e a criatura, e como as criaturas, comparadas a Ele, são como o pó da balança, como nada, menos do que nada, um vácuo. Há um mal infinito no pecado. Se víssemos a centésima parte do mal que há no pecado, isso nos tornaria sensíveis que aqueles que têm qualquer pecado, ainda que seja mínimo, estão em uma condição terrível.
2. Os corações dos não convertidos estão completamente cheios de pecado. Se tivessem apenas um pecado neles, seria suficiente para tornar suas condições muito terríveis. Mas têm não apenas um pecado, mas todo tipo de pecado. Há todo tipo de desejo carnal. O coração é um mero poço de pecado, uma fonte de corrupção, de onde emerge todo tipo de regatos imundos. Mc 7. 21, 22: “Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura.” Não há um desejo maligno no coração do diabo, que não esteja no coração do homem. Os homens naturais são à imagem do diabo. A imagem de Deus é demolida, e a imagem do diabo é estampada nele. Deus graciosamente se agrada em restringir a impiedade dos homens, especialmente pelo temor e respeito que têm pelos seus créditos e reputações, e pela educação. Não fosse tais restrições, não haveria tipo de impiedade que os homens não cometeriam, quando lhes viessem ao encontro. A prática daquelas coisas que os homens agora, à simples menção, prontamente ficam chocados quando ouvem o relato, seria comum e geral; e a terra seria um tipo de inferno. Se não temesse, o que o homem natural não faria? Mt 10. 17: “acautelai-vos dos homens.” Os homens têm não apenas todo tipo de luxúria, e disposições ímpias e perversas em seus corações, mas as têm em um grau desesperador. Não há apenas o orgulho, mas um grau fantástico dele: orgulho tal que o dispõe a colocar-se acima até mesmo do trono do próprio Deus. Os corações dos não convertidos são meras sarjetas de sensualidade. O homem se tornou como as feras ao colocar sua felicidade nas diversões sensuais. O coração está cheio das paixões mais repugnantes. Suas almas são mais vis e abomináveis que a de qualquer réptil. Se Deus abrisse uma janela no coração, de forma que pudéssemos contemplar o seu interior, seria o espetáculo mais repugnante que já se viu sob nossos olhos. Não há apenas malícia nos corações dos homens naturais, mas uma fonte dela. Os homens merecem, portanto, a linguagem aplicadas a eles por Cristo em Mateus 3.7: “Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura?”  e Mt 23. 33: “Serpentes, raça de víboras!” Eles, não fosse pelo medo e outras restrições, não apenas cometeriam toda sorte de pecado, mas a que grau, a que distância não procederiam! O que impede um homem natural de abertamente blasfemar contra Deus, como faz qualquer um dos demônios; sim, de destroná-lo, se fosse possível, e não houvesse o medo e outras restrições no caminho? Sim, não aconteceria isto com muitos dos que agoram aparecem com um rosto justo, falando muito de Deus, e com muitas pretensões de adorá-lO e servi-lO? A grande impiedade dos homens naturais aparece abundantemente nos pecados que cometem, não obstante todas estas restrições. Todo homem natural, se refletir, pode ver o suficiente para mostrar-lhe como é excessivamente pecador. O pecado flui do coraçao com tanta constância como a água flui de uma fonte. Jer 6. 7: “Como o poço conserva frescas as suas águas, assim ela, a sua malícia.” E esta impiedade, que abunda desta maneira nos corações, tem domínio sobre eles. São escravos dela: Rom 7. 14: “eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado.” Estão de tal maneira debaixo do pecado, que são conduzidos por suas luxúrias em um curso contra suas próprias consciências, e contra seu próprio interesse. Apressam-se em direção à própria ruína, e isso ao mesmo tempo em que suas próprias razões lhes advertem  que isto provavelmente será sua ruína. 2 Pe 2.14: “Insaciáveis no pecado.” Devido ao fato dos ímpios estarem de tal maneira sob o poder do pecado, o coração humano é descrito como desesperadamente corrupto em Jr 17.9 e Ef 2.1 diz: “[estáveis] mortos nos vossos delitos e pecados.
3. Os corações dos não convertidos são terrivelmente endurecidos e incorrigíveis. Nada, a não ser o poder de Deus, os moverá. Apegar-se-ão ao pecado, e continuarão nele, aconteça o que acontecer. Pv 27. 22: “Ainda que pises o insensato com mão de gral entre grãos pilados de cevada, não se vai dele a sua estultícia.” Não há nada que abale seus corações, e nada que os leve à obediência: quer sejam misericórdias ou aflições, ameaças ou chamados e convites da graça, reprovação ou paciência e longanimidade, ou conselhos e exortações paternais. Is 26. 10: “Ainda que se mostre favor ao perverso, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão ele comete a iniquidade e não atenta para a majestade do SENHOR.
Em segundo lugar: O estado relativo dos não convertidos é terrível. Isso será evidente se considerarmos:
1. Seu estado relativo com respeito a Deus; e isso porque:
1. Eles estão sem Deus no mundo. Não têm interesse ou parte com Deus: Ele não é o Deus deles. Ele próprio declarou que não o seria. Os 1. 9. Deus e os crentes têm uma relação pactual mútua e direito um ao outro. Eles são seu povo, e Ele é o Deus deles. Mas não é o Deus pactual daqueles que estão em um estado natural. Há uma grande alienação e estranhamento entre Deus e os ímpios: Ele não é seu pai e porção, não têm nada com que possam questioná-lo, não têm direito a nenhum de seus atributos. O crente pode reivindicar um direito no poder de Deus, em sua sabedoria e santidade, sua graça e amor. Tudo é renovado para ele, em seu benefício. Mas o não convertido não pode reivindicar direito algum a qualquer das perfeições de Deus. Não têm Deus para defendê-los  e protegê-los neste mundo mau: para defendê-los do pecado, de satanás ou de qualquer mal. Não têm Deus para guiá-los e orientá-los em quaisquer dúvidas ou dificuldades, para confortá-los e apoiar suas mentes nas aflições. Estão sem Deus em todos as suas ocupações, em todos os negócios que realizam, em seus assuntos familiares, e em todas os seus projetos pessoais, nas suas preocupações exteriores e nas preocupações de suas almas.

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