Metáforas Bíblicas do Testemunho Cristão ao Mundo – Ed Hayes
A Bíblia retrata a igreja no mundo como sal e luz. Através destas ricas imagens, a verdade divina é descrita em termos cotidianos. O que poderia ser mais comum e necessário à experiência humana do que algo tão humilde como o sal e tão sustentador quanto a luz?
SAL
Os seguidores de Jesus, disse ele, são como o sal (Mt 5.13). Na época romana, o sal era algo extremamente valioso, a ponto de cobrar-se imposto sobre ele. E difícil para nós entender isso, uma vez que o sal satura a dieta moderna e é algo barato nas prateleiras dos supermercados. Durante anos, uma empresa que comercializava sal teve como lema: "Quando chove, ele flui". O testemunho de cristãos, tal como sal fluindo do saleiro, precisa permear nosso mundo.
Na época do Antigo Testamento, o sal era considerado um elemento purificador (Ex 30.35). Suas propriedades curativas e preservativas eram óbvias. Entretanto, o sal pode ser destrutivo para a vida vegetal, conforme descobriu o exército alemão quando destruiu os diques da Holanda, durante a Segunda Guerra Mundial, inundando os campos com água salgada. Abimeleque, um rei conquistador na época do Antigo Testamento, encheu de sal os campos dos inimigos para assegurar a ruína das colheitas (Jz 9.45). Mas, apesar dos impactos destrutivos do sal no solo, ele é, via de regra, retratado na Bíblia como uma metáfora positiva. Elias jogou sal para purificar água ruim (2 Rs 2.19-22). Uma vida piedosa, como o sal, influencia o mundo paro o bem e para Deus.
A partir destes e de outros contextos da verdade veterotestamentária, o uso metafórico que o Novo Testamento faz do sal é quase sempre positivo. A única exceção talvez seja a referência que Jesus fez ao juízo em Marcos 9.49: "Cada um será salgado com fogo".
O sal é relacionado com a graça em Colossenses 4.6. Os crentes são persuadidos a deixar que suas conversões sejam "sempre agradáveis e temperadas com sal". Tal maneira graciosa diante dos outros deve estar acompanhada da proclamação do evangelho aos "de fora", isto é, os não-crentes (4.5). Ser o sal da terra é privilégio de todo o crente e, unida, a igreja pode influenciar uma cultura. Da mesma forma que o mundo não pode existir sem o sal, o mundo necessita da influência do evangelho.
O alerta de Jesus sobre a perda do sabor do sal merece grande atenção. Quem gostaria de ser rotulado como "não serve para nada" (Mt 5.13)?
Será que a igreja perdeu seu sabor influente em nosso mundo? Não, desde que permaneça no mundo oferecendo a mensagem da graça salvadora. A poderosa metáfora do sal é útil para descrever a presença benéfica da igreja no mundo.
LUZ
A igreja que eu freqüentava quando garoto tinha a arquitetura de um farol. Ela foi construída pelo pai do evangelista Cliff Barrows, da equipe evangelística de Billy Graham. Permaneceu por anos como um símbolo da igreja, direcionando as pessoas ao Salvador.
A luz sempre simbolizou a presença de Deus, que é luz (1 Jo 1.5). Jesus usou metáforas da luz para identificar os crentes no mundo. Das encostas montanhosas da Galiléia, Ele declarou: "Vocês são a luz do mundo" (Mt 5.14). Deus derramou sua luz no mundo, tanto na criação quanto na nova criação. Não existe uma metáfora mais penetrante para retratar a salvação do que a da luz. A luz está ligada à presença e à bênção de Deus em seu mundo (Sl 44.3), na salvação (Sl 27.1) e em seu Filho (Jo 1.9).
João Batista foi chamado para testemunhar acerca da luz (Jo 1.15), relacionando a Palavra eterna ao nosso Senhor, como retratou fielmente o evangelista João. Assim como a luz dispersa a escuridão, quando a verdadeira Luz veio ao mundo, as trevas não a extinguiram.
Na Festa da Dedicação (do Templo), também conhecida como a Festa das Luzes, quando o povo celebrava carregando tochas e iluminado suas casas, Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida" (Jo 8.12).
Falando de si mesmo como Luz, Jesus convidou seguidores a se tornarem "filhos da luz" (12.36). Esse parece ser o modelo para todo o testemunho cristão no mundo. Ser luzes no mundo significa chamar as pessoas para a Luz. Paulo compreendeu que isso significa que os convertidos das trevas eram "luz no senhor" e, dessa forma, deviam "viver como os filhos da luz" (Ef 5.8). Explicando a metáfora, Paulo disse que o fruto da luz consiste em "bondade, justiça e verdade" (5.9).
Em contraste, a luz expõe as trevas da condição humana pecaminosa. Por esse motivo, Jesus alertou que a luz deve ser completamente mostrada, e não escondida debaixo de uma candeia. A humilde lamparina de barro do Oriente Médio, que continha o óleo de oliva e um pavio de linho, era ineficiente se escondida (Mt 5.14-16).
Será que a igreja perdeu a sua luz? Não se o seu testemunho para a luz do evangelho for escancarado, estiver disponível a todos, não escondido. As pessoas "obscurecidas no entendimento e separadas da vida de Deus" (Ef 4.18) necessitam da brilhante luz da verdade de Deus. A palavra, à qual o salmista resumiu como "luz" (Sl 119.105), deve ser descortinada a todas as pessoas.
Os cristãos devem ser luminárias, projetando a luz do evangelho num mundo obscurecido pelo pecado. Nossas igrejas cristãs se tomam casas de luz somente quando a Palavra é ensinada e vivida.
FERMENTO
Outra metáfora bíblica tem, por vezes, sido usada para descrever a influência cristã no mundo. Assim como a luz e o sal influenciam tudo com o que têm contato, também o fermento influencia aquilo que está à sua volta. O fermento tem geralmente sido visto como um elemento corrosivo. Na Páscoa, por exemplo, somente e o pão asmo (sem fermento) deveria ser usado. Jesus alertou seus ouvintes sobre os falsos mestres: "Tomem cuidado do com o fermento dos fariseus e dos saduceus" (Mt 16.11). Quando Paulo observou que "um pouco de fermento leveda toda a massa" (Gl 5.9), ele se referia ao legalismo que invadia a igreja gálata.
Como, então, o fermento pode ter alguma propriedade redentora? Em uma das parábolas do reino em Mateus 13, o fermento é o usado para descrever a boa influência regente do reino de Cristo (13.33). Este raro uso do fermento como imagem positiva não pode ser empregado como metáfora propulsora da influência da igreja no mundo. A maioria das doutrinas bíblicas não pode ser completamente desenvolvida a partir de metáforas. Entretanto, o governo espiritual presente de Deus é, na realidade, uma força invasora, e nesse sentido, o uso da metáfora do fermento pode relacionar-se ao papel da igreja no mundo.
Fonte: A Igreja – Ed Hayes
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