quinta-feira, 18 de outubro de 2012

QUE É UM PASTOR?


A Bíblia chama o ministro de pastor. É uma palavra rica, não encontrada em nenhuma outra religião. O Salmo 23 descreve vividamente a relação que existe entre o pastor e sua ovelha. O Salmo começa: "O Senhor é o meu pastor". O primeiro versículo do Salmo 23 é um entimema. Entimema é um silogismo em que falta um termo. O silogismo tripartido é familiar a toda gente: "Todos os homens são mortais; Sócrates é um homem; logo, Sócrates é mortal". No versículo citado há somente duas proposições (ou termos): "O Senhor é o meu pastor: nada me faltará". Falta um termo, o termo médio, que se poderia ler: "No cuidado que tem por todas as necessidades de suas ovelhas, os pastores providenciam que não lhes falte nada". 

Experimentemos ler o versículo na forma de um silogismo completo: "O Senhor é o meu pastor; no cuidado que têm por todas as necessidades de suas ovelhas, os pastores providenciam que não lhes falte nada; logo, a mim, uma de suas ovelhas, nada me faltará".


Observe-se a descrição da obra pastoril no segundo e no terceiro versículos. As ovelhas são levadas a repousarem em pastos verdejantes (literalmente, pastos de capim verde e tenro), e são conduzidas junto a águas de descanso. O pastor então as revigora. ("Refrigera-me a alma". "Alma", na poesia hebraica, é palavra usada com freqüência como sinônimo de "mim" ou "ser". Aqui, serve doutro modo de dizer: "Refrigera-me").

 O pastor as guia nas veredas da justiça por amor do nome de Deus, e mesmo quando andam através do vale da sombra da morte não temem nenhum mal, pois o pastor está com elas. Ele tem nas mãos uma vara e um cajado. Com o cajado impede que caiam da borda de algum precipício; com a vara (talvez tendo uma extremidade com uma bola cheia de pontas, como o ouriço de nozes, lembrando certo tipo de maça), ele golpeava os animais bravios que atacassem acaso o rebanho. A vara e o cajado consolavam as ovelhas, mesmo nos vales sombrios, onde as feras se ocultavam, prontas para atacar.

O quadro abrange a idéia do pastor cuidando de ovelhas cansadas, entregues, exaustas. Pode ocorrer também que elas fiquem desanimadas. Grande parte da obra pastoral consiste em reanimar as ovelhas. É preciso que os pastores saibam conduzir as ovelhas fatigadas e dominadas pelo desalento às águas de descanso e aos pastos verdejantes. Também é seu dever proteger de perigo suas ovelhas.

O bom Pastor, o Senhor Jesus Cristo, demonstrou o que é ser pastor de fato, no mais completo sentido da palavra. Ele não é como o mercenário, que foge à aproximação do lobo. Em vez disso, dá Sua vida, se necessário, por Suas ovelhas. Ama Suas ovelhas; conhece-as tão bem que pode chamá-las pelo nome, elas conhecem Sua voz e não seguirão a outro (João 10). O quadro bíblico da intimidade e amor existentes entre o pastor e as ovelhas é-nos estranho. O pastor oriental vivia com suas ovelhas. Dormia perto delas à noite, nas encostas das colinas, como certamente o fazia Davi. Saía em busca da centésima ovelha, não satisfeito com as noventa e nove seguras no aprisco.

Isso tudo retrata a responsabilidade que pesa sobre o pastor para com os que lhe foram confiados. O refrigério da alma, o repouso, a paz de coração e mente, continuam sendo necessidades básicas das ovelhas de Deus, e os ministros do Evangelho, como sub-pastores, não podem esquivar-se de sua responsabilidade de suprir a essas necessidades. Não podem delegar essa responsabilidade a um psiquiatra. Portanto, um ministro tem de considerar a confrontação noutética como parte indispensável da sua responsabilidade pastoral. Por definição, um pastor cuida das ovelhas cansadas, aborrecidas e desanimadas. Ele providencia para que elas achem descanso. Visto está, pois, que o pastor tem que exercer seu ministério em favor dos homens engolfados pela miséria humana.  

Fonte: Jay E. Adams - Conselheiro Capaz.

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