Na criação, Deus deu à alma do homem a mente, que distingue o bem do mal, o justo do injusto, e como assistente desta a razão, e a esta mente Deus acoplou a Vontade, e nesta a Escolha. A faculdade da escolha, no ambiente da Queda, deve ser bem compreendida para que o conceito correto da queda e de sua deficiências seja igualmente compreendidos.
Em Adão, A Razão, a Inteligência, a Prudência, o Julgamento não são suficientes para o direcionamento da Vida Eterna, mas por meio deste o homem original transcende até Deus e a felicidade Eterna, e assim foi acrescida ao homem a faculdade da Escolha, afim de que dirigisse os apetites e regulasse a todos os movimentos orgânicos. Dessa forma, a Vontade é inteiramente consentânea à ação moderadora da razão.
Sobre essas considerações, Calvino nos instrui:
“Nesta integridade, o homem fruía de livre arbítrio, mercê do qual, se o quisesse, poderia alcançar a vida eterna (…) Já que, entretanto, flexível lhe era a vontade para uma ou para outra direção, nem lhe fora dada a constância para preservar, por isso, veio tão facilmente a cair. Contudo, livre foi a escolha do bem e do mal. Nem apenas isto, mas ainda suma retidão lhe havia na mente e na vontade e todas as partes orgânicas lhe estavam adequadamente ajustadas a obediência, até que, perdendo-se a si próprio, corrompeu todo o bem que havia nele”.
O estudo do ponto de vista teológico evidencia o pecado muito mais como FATO do que como ATO. Assim, em função do pecado:
1. A natureza humana, de todos os homens, foi corrompida por inteiro. Todos os aspectos do homem foram pervertidos a ponto de deteriorar com o passar do tempo.
2. A Imagem de Deus foi maculada. O homem não deixa de ser Imagem de Deus, mas não pode ter a mesma.
3. A morte, tanto física como espiritual ,passou a reinar no homem. E como conseqüência, todos os descendentes de Adão sofrem com esse resultado danoso.
Em suma, a queda do ponto de vista teológico determinou a culpa judicial sobre a humanidade, o rompimento da comunhão entre Deus e o homem e a deturpação da perfeita e anterior “Imago Dei”. (Veja Gn.2.15-17 c/ 1Co.15.22 e Rm.5.12).
Definição Segundo Marcos Mendes Granconato:
“Tudo aquilo que não redunda em, ou contribui para, a Glória de Deus. É um mal orientado contra Deus, que envolve ato, natureza e culpa”. (cf. 1Jo.3.4)
Definição Segundo Strong:
“Pecado é a falta de conformidade com a Lei moral de Deus quer em ato, disposição ou estado”.
a. A definição admite que o pecado é apenas atribuído a agentes racionais e voluntários.
b. “Admite, contudo, que o homem tem natureza racional submissa à consciência e uma natureza voluntária independente da verdadeira vontade”.
c. “Sustenta que a lei divina requer semelhança moral com Deus nos sentimentos e tendências da natureza bem como nas atividades exteriores”.
d. Assim, a conclusão correta que chega-se é que a falta de conformidade com a santidade de Deus em disposição ou estado está em igualdade a um ato de violação da lei, ou um ato de transgressão.
Três princípios podem ser ressaltados aqui:
(1) A santidade pertence à Natureza de Deus;
(2) a vontade, é um estado permanente da alma;
(3) a lei exige conformidade com a santidade de Deus.
Esses conceitos sustentam a idéia de pecado como estado, pois, uma vez que, como o pecado original (que foi um ato consciente e ativo da vontade) ultrapassou de maneira negativa a santidade, que pertence à Natureza de Deus, bem como sua Lei moral preestabelecida, o homem passa a ter permanentemente a conseqüência moral dessa infração. Por conseguinte, o homem não está apenas sujeito a atos de pecado, mas imerso em um estado de pecado pela constante impossibilidade de adequar-se à Lei moral de Deus e à Sua Natureza. Isso é estado, e em função dele é que decorrem os atos.
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