As escrituras diagnosticam o pecado como uma deformidade universal da natureza humana, deformidade que se manifesta em cada pormenor da vida da pessoa (1Rs.8.46; Rm.3.9-23, 7.17; 1Jo.1-810). Ambos os Testamentos descrevem o pecado como rebelião contra as normas de Deus, como deixar de atingir o alvo que Deus estabeleceu para nós, transgredir a lei de Deus, ofender a pureza de Deus pela nossa corrupção e incorrer em culpa diante de Deus, o Juiz.
A deformidade moral é dinâmica: o pecado é uma energia de reação irracional, negativa e rebelde contra Deus. É uma mentalidade que luta contra Deus para fazer o papel de Deus. A raiz do pecado é o orgulho e a inimizade contra Deus, o espírito visto na primeira transgressão de Adão. E os atos praticados têm sempre, atrás de si, pensamentos e desejos que, de um modo ou de outro, expressão a deliberada oposição do coração pecaminoso às reivindicações de Deus sobre nossa vida.
O pecado pode ser definido como quebra da Lei de Deus ou falta de conformidade com essa lei, em qualquer sentido da vida, que nos pensamentos nas palavras ou nas ações. Entre as passagens das Escrituras que ilustram diferentes aspectos do pecado se encontram Jr.17.9; Mt.12.30-37; Mc.7.20-23; Rm.1.18-3.20; 7.7-25; 8.5-8; 14.23 (Lutero afirmou que Paulo escreveu Romanos para “ampliar o pecado”); Gl.5.16-21; Ef.2.1-3; 4.17-19; Hb.3.12; Tg.2.10-11; 1Jo3.4; 5.17).
“Pecado original”, que quer dizer pecado derivado de nossa origem, não é uma expressão bíblica (a expressão é de Agostinho), mas coloca em foco a realidade do pecado no nosso sistema espiritual. A expressão “pecado original” não significa que o pecado faça parte da natureza humana como tal, pois “Deus fez o homem reto” (Ec.7.29). Nem significa que o processo de reprodução e nascimento seja pecaminoso; a impureza associada à sexualidade na Lei (Lv.12; 15) era típica e cerimonial e não moral.
Mas exatamente, “pecado original” significa que a pecaminosidade marca a cada um desde o nascimento, na forma de um coração inclinado para o pecado, antes de quaisquer pecados de fato cometidos. Essa pecaminosidade íntima é a raiz e a fonte desses pecados atuais. Ela nos foi transmitida por Adão, nosso primeiro representante diante de Deus. A doutrina do pecado original nos diz que nós não somos pecadores por que pecamos, mas pecamos por que somos pecadores, nascidos com um natureza escravizada pelo pecado.
A expressão “depravação total” é comumente usada para torna explícitas as implicações do pecado original. Significa a corrupção de nossa natureza moral e espiritual, que é total em princípio, ainda que não em grau (por que ninguém é tão mau quanto poderia ser). Nenhuma parte de nosso ser está isenta de pecado, e nenhuma das nossas ações é tão boa quanto deveria ser. Em conseqüência, nada do que fazemos é meritório (ou merece mérito) aos olhos de Deus. Não podemos ganhar o favor de Deus, pouco importando o que fazemos; se a graça não nos salvar, estamos perdidos.
Depravação total inclui a incapacidade total, o que significa não ter poder para crer em Deus ou na sua palavra (Jo.6.44; Rm.8.7-8). Paulo diz que essa incapacidade é uma forma de “morte”, pois o coração decaído está “morto” (Ef.2.1, 5; Cl.2.13). Como diz a Confissão de Westminster (IX.3):
“O homem, ao cair num estado de pecado, perdeu inteiramente todo poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação; de sorte que um homem natural, inteiramente avesso a esse bem e morto no pecado, é incapaz, pelo seu próprio poder, converter-se ou preparar-se para isso”. Para essa escuridão só a Palavra de Deu traz luz (Lc.18.27; 2Co.4.6).
Fonte: Bíblia de Genebra
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