(Breve exegese de Gn 50.20)
Obs: Este artigo não é exaustivo sobre o tema em pauta (liberdade compatibilista), uma vez que é muito vasto e seria impossível ser abordado aqui com todas as implicações necessárias para um entendimento detalhado. Posteriormente, em outros artigos, irei discorrer de maneira mais PROFUNDA sobre esta questão, expondo assim os outros pontos para uma compreensão relevante do assunto num todo.
Obs: Este artigo não é exaustivo sobre o tema em pauta (liberdade compatibilista), uma vez que é muito vasto e seria impossível ser abordado aqui com todas as implicações necessárias para um entendimento detalhado. Posteriormente, em outros artigos, irei discorrer de maneira mais PROFUNDA sobre esta questão, expondo assim os outros pontos para uma compreensão relevante do assunto num todo.
INTRODUÇÃO
Em suma, a liberdade
compatibilista tenta HARMONIZAR ou CONCILIAR a "liberdade" humana com
a soberania de Deus; ou seja, que o homem, especificamente o cristão, é "livre"
ou possui não o livre arbítrio, mas a livre agência, como isso se fosse algo a parte de Deus. Os compatibilistas
afirmam que RESPONSABILIDADE humana pressupõe LIBERDADE humana.
Em vista disso,
eles utilizam inúmeros textos da Escritura que "aparentemente"
confirmam esta premissa. Contudo, se analisarmos ATENTAMENTE, de maneira
MINUCIOSA, os textos que "aparentemente" tendem a favor do
compatibilismo, iremos perceber que, na verdade, tais textos não dizem o que
eles afirmam. Dentre os inúmeros textos, eu quero analisar Gênesis 50.20, que é
um dos textos favoritos dos compatibilistas.
ESPLANAÇÃO
Vamos analisar e observar o que
REALMENTE diz esta passagem:
Gênesis - 50.20 - Vocês (os
irmãos de José) planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou (o mal) em bem,
para que hoje fosse preservada a vida de muitos (a família de José). NVI
Os que dizem, dentre estes,
alguns CALVINISTAS, que o texto alume sustenta o compatibilismo, terão de
mostrar, sobretudo, que a ATITUDE dos irmãos de José em vendê-lo com escravo
foi "livre", isto é, que Deus não “determinou, por dizer assim, tal
atitude DIRETAMENTE. Este é o primeiro ponto a ser exposto para que a premissa
compatibilista possa ter alguma chance de continuar argumentando daqui por
diante. Contudo, o verso em pauta não diz sobre se a ATITUDE dos irmãos de José
foi livre ou não. Dizer que a ATITUDE dos irmãos de José aqui foi "livre"
é forçar o texto e cometer, assim, uma ERREGESE pífia!
Por outro lado, o texto menciona,
sim, sobre o PROPÓSITO DE DEUS na atitude má dos irmãos de José para com ele, uma
vez que o propósito de Deus DIFERE da ATITUDE MÁ dos irmãos de José. Desse
modo, o compatibilista pode contestar o argumento com uma pergunta muito comum
nesse caso. Veja a pergunta:
"Como pode Deus decretar ou
determinar uma ação humana e, todavia, a ação decretada ou determinada, que
nesse caso, é a decisão e a atitude dos irmãos de José em vendê-lo como escravo
(pecando contra ele e contra Jacó, o seu pai, mentindo para ele dizendo que
José havia morrido por um animal selvagem, causando-lhe uma tristeza sem
tamanho Gn 37.31-35), ainda ser LIVREMENTE realizada pela pessoa humana (ou
pelos irmãos de José)?
Não obstante, se fizermos uma
leitura não superficial do texto conforme muitos evangélicos, pastores e até
alguns teólogos fazem, mas uma leitura ATENTA e METICULOSA, iremos perceber que,
o verso 20, não deixa um vestígio sequer dessa idéia, ainda que implicitamente.
Entretanto, o verso 20 nos fala sobre a intenção e a atitude dos irmãos de José
para com ele e da “intenção” ou do PROPÓSITO de Deus nessa situação mediante a
atitude dos irmãos de José. Portanto, o verso não ESTABELECE e nem REFUTA o compatibilismo. Isto é claro no texto!
Por outro lado, as Escrituras
abordam tenaz e axiomaticamente a Soberania Absoluta de Deus; ou seja, Deus
controla todas as coisas, inclusive todos os detalhes e determina não somente
os fins, mas também os meios e também controla e determina a vontade humana.
Dentre tantos exemplos na Escrituras, quero mostrar apenas dois que elucidam
esta verdade; ou seja, que Deus determina até mesmo os pequenos detalhes da
atitude humana. Observe:
João 19.28 – Depois, vendo Jesus
que tudo já estava consumado, PARA SE CUMPRIR A ESCRITURA (o Salmo 69.21),
disse: TENHO SEDE! Estava ali um vaso cheio de vinagre. Embeberam de vinagre
uma esponja e, fixando-a num caniço de hissopo, lha chegaram à boca. ARA
Note você que até este pequeno
detalhe final antes de Jesus morrer entregando o seu espírito ao Pai consumando
assim a obra da redenção na crucificação, onde os soldados romanos deram
vinagre para ele beber, foi determinado por Deus que acontecesse.
Gênesis 15.13-16 – Então o Senhor
lhe disse: "Saiba que os seus descendentes serão estrangeiros numa terra
que não lhes pertencerá, onde também serão escravizados e oprimidos por
quatrocentos anos. Mas eu castigarei a nação a quem servirão como escravos e,
depois de tudo, sairão com muitos bens. Você, porém, irá em paz a seus
antepassados e será sepultado em boa velhice. Na quarta geração, os seus
descendentes voltarão para cá, porque a maldade dos amorreus ainda não atingiu
a medida completa". NVI
Deus aqui promete a Abraão que os
seus descendentes, o povo de Israel, seria levado como estrangeiro a uma outra
terra, isto é, no Egito, onde eles seriam escravizados e oprimidos pelo
governantes desta terra, a saber, Faraó (Ex 1.11-14), e isto seria por um
período de 400 anos (Ex 12.40). Contudo, Deus ainda diz que, depois libertaria
o povo de Israel e que eles a levariam bens preciosos do Egito para si (Ex
12.36; At 7.6-7), além de mostrar os detalhes de como seria a morte de Abraão,
ou seja, que ele morreria de velhice (Gn 25.8) e que, na quarta geração, os
descendentes de Abraão, os israelitas retornariam a terra prometida (Gn
12.41-42). Portanto, vemos aqui que Deus não somente determinou os fins, assim
como os meios e todos os detalhes da história do povo de Israel.
Vemos também, mais adiante, em (Ex
3.12), quando Deus comissiona Moisés como o libertador do povo de Israel do
Egito, o detalhe de como os Israelitas iriam cultuar a Deus no monte Sinai, o
que de fato aconteceu em (Ex 19.3). Observe:
Êxodo 3.12 – Deus lhe respondeu (a
Moisés): Certamente eu serei contigo, e isto será um sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado o
meu povo do Egito, prestareis culto a Deus neste monte (no monte Sinai).
Se afirmamos que Deus é Soberano
e onisciente, então, concluímos que todas as nossas atitudes que venhamos a
cometer na vida e o dia da nossa morte, Deus sabe de antemão porque ele já
determinou tudo o que há de acontecer. Deus não determinou a POSSIBILIDADE de
eu “fazer isso ou aquilo”, porque a palavra “possibilidade” implica em algo
incerto, que pode ou não vir a acontecer. Deus não determina POSSIBILIDADES,
que é uma idéia INCOERENTE e ANTIBÍBLICA, mas antes, FATOS e EVENTOS que
aconteceram, acontecem e vão acontecer. Até mesmo as “aparentes mudanças” de
atitude e de propósito de Deus na Escritura faziam parte do seu propósito
soberano e imutável, conforme foi no caso de Ezequias (Is 38.1-8). Basicamente
é isso!
CONCLUSÃO
Finalmente, como então entender
Gênesis 50.20?
Simplesmente, Deus DETERMINOU um
propósito bom por meio da atitude má dos irmãos de José. Deus DETERMINOU
SOBERANAMENTE a atitude má dos irmãos de José sendo que por de trás
disso havia
um propósito bom e maior. O fim último do mal aqui foi bom! Deus
DETERMINOU
algo bom (o bem para a família de José) quando ele fez com que os irmãos
de
José o vendessem como escravo. Essa atitude má dos irmãos de José não
foi
LIVRE, eles apenas cometeram essa atitude má! Deus, então, fez o BEM a
José e a
sua família (inclusive aos seus próprios irmãos) mediante a atitude má
realizada não por Deus, mas pelos irmãos de José. Sendo assim, Deus foi
justo
como sempre é, e os irmãos de José moralmente culpados porque pecaram
contra
Deus e contra o próprio José! Se formos dizer que o homem é livre, ele
é,
todavia, livre EM DEUS então e dentro dos seus propósitos soberanos. Na
verdade somos PRESOS nos propósitos Soberanos de Deus! Toda a
humanidade! A premissa
correta não seria: RESPONSABILIDADE humana
pressupõe LIBERDADE humana, mas RESPONSABILIDADE humana pressupõe
JULGAMENTO de
Deus!
Extraído de: http://www.materiasdeteologia.com
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