“…Tudo
o que o Espírito Santo faz é segundo a sua própria e livre vontade –
Ele o faz porque decidiu fazê-lo. O beneplácito de sua vontade é visto
em toda bondade,graça,amor e poder que demonstra para conosco. Toda obra
que o Espírito Santo faz é governada por sua soberana vontade, à qual
ninguém pode resistir (Rm 9:19), e por sua infinita sabedoria. A sua
vontade revelada pode ser aparentemente resistida. Quando o evangelho é
pregado e as pessoas instadas ao arrependimento, a sua vontade revelada é
dada a conhecer. Mas, a sua vontade secreta pode ser não trazê-los ao
arrependimento, não lhes concedendo o dom do arrependimento. Assim, na
recusa de se arrependerem, resistem a sua vontade revelada, mas cumprem a
sua vontade secreta (veja Is 6:9,10; Jo 12:40,41; At 28:26,27; Rm 11:8.
O mesmo ocorre com todas as suas obras. O Espírito pode iluminar a
mente de alguns trazendo convicção de pecados às almas, mas, não
operando neles a sua obra de regeneração, sem a qual não podem ver o
reino de Deus. Noutros ele opera toda sua obra para que resulte na final
e total salvação deles. É isso o que Paulo ensina quanto aos dons
espirituais (veja 1Co 12 ). O Espírito concede os seus dons segundo sua
soberana vontade.
Objeção:
Mas, se a salvação é do começo ao fim obra soberana do Espírito Santo,
portanto, nada podemos fazer efetivamente que produza a nossa salvação.
Qual então é a utilidade de todos os mandamentos, ameaças, promessas e
exortações da Escritura?
Resposta: Nunca devemos olvidar a verdade de que o Espírito Santo que opera em nós todo o bem espiritual. A Bíblia nos ensina que “em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum” (Rm 7:18). Somos ensinados que por nós mesmos não somos “capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário,a nossa suficiência vem de Deus” (2Co
3:5. Veja também 2Co 9:8; Jo 15:5; Fp 2:13). Ao dizermos que existe em
nós algum bem que não seja obra do Espírito Santo destruímos o Evangelho
e negamos duplamente que Deus seja o único bem e que somente ele pode
nos tornar bons. Utilizar esse argumento como desculpa para não fazer
nada é resistir a vontade de Deus. Deus promete operar em nós aquilo que
requer de nós. Há na Escritura muitos exemplos de pessoas que foram
ordenadas a fazer aquilo que lhes era impossível. Entretanto, quando se
dispuseram a obedecer, encontraram o poder curador de Deus
habilitando-as a fazer aquilo que anteriormente lhes parecera
impossível. Por exemplo, o homem da mão mirrada, a ressurreição de
Lázaro, e o filho da viúva de Naim.”
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John Owen - O Espírito Santo, Editora Puritanos, p. 42-43
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