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Aqui
estão alguns pensamentos a respeito de diversas coisas com base no
texto de Tito 1:9. Não é nada sistematizado, mas quero mostrar como é
importante ter a fé correta para a salvação. Pois não basta apenas ter
fé, é preciso ter a fé correta, a fé depositada na pessoa certa. Nutrir a
fé errada, equivocada, pode colocar em risco o “objetivo” da fé: a
salvação. E vejo como impossível ter essa fé correta sem a Palavra e sem
a teologia.
Outro
dia no Facebook discutia com alguém que dizia: “não importa a teologia,
o que interessa é ter fé em Cristo”. Mas a pergunta que fiz foi: Quem é
Cristo? Se perguntarmos isso para um reformado, Cristo será alguém
diferente daquele do pentecostalismo, ou do neopentecostalismo. Algumas
nuances de quem é esse Cristo podem até não interferir na fé a ponto de
colocar em risco a salvação; mas se essas diferenças de quem se crê que
Cristo seja comprometerem a sua real identidade como revelado nas
Escrituras, compromete-se também a salvação, pois estaríamos alimentando
uma fé equivocada.
Permita-me
recolocar o pensamento acima com um exemplo bíblico. Em determinado
momento de seu ministério, Cristo pegunta a seus discípulos: “Quem o
povo diz que o Filho do Homem é? Eles responderam: — Alguns dizem que o
senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou
algum outro profeta. — E vocês? Quem vocês dizem que eu sou? —
perguntou Jesus. Simão Pedro respondeu: — O senhor é o Messias, o Filho
do Deus vivo. Jesus afirmou: — Simão, filho de João, você é feliz porque
esta verdade não foi revelada a você por nenhum ser humano, mas veio
diretamente do meu Pai, que está no céu.” Mateus 16:13-27
Julgando
que Cristo mesmo aponta para os chutes do povo a respeito de sua
identidade como incorretas diante do que ele diz a respeito da resposta
de Pedro, ouso afirmar que esse exemplo serve para nos mostrar que a fé
deve, sim, estar depositada em Cristo e sua obra; mas se erramos no
compreender exatamente quem ele é e os efeitos de sua obra, podemos
comprometer nossa salvação irremediavelmente. Não adianta enxergar
cristo como profeta, ou grande sábio, ou semi-deus etc. Se Cristo não
for exatamente aquele revelado pelas Escrituras, já era! Se não é assim,
então o que acontece com as seitas e hereges? Se não reconhecemos uma
determinada religião como autêntica e que pode nos conduzir à salvação
por justamente não ver Cristo como Deus, negar a trindade etc, como
podemos conviver com uma declaração tão vazia quanto: “não importa a
teologia, o que interessa é ter fé em Cristo”?
A
teologia é essencial para compor a imagem perfeita de quem é Cristo. É a
nossa teologia que nos conduzirá à perfeita compreensão de quem ele é e
de o que ele fez! É ignorância completa também dizer: “não importa a
teologia, o que importa é a Palavra!”
Irmãos,
a Palavra só é Palavra de Deus pura em natura enquanto está fechada.
Quando abrimos nossas Bíblias para ler as santas letras, precisaremos
entender; para entender, precisamos interpretar; e para interpretar
precisamos de um método. Quando questionamos certas interpretações, as
pessoas logo dizem que estamos contra as Escrituras, mas o que ela não
entende é que estamos apenas contra sua compreensão particular das
Escrituras! Não estamos dizendo que a Bíblia é mentirosa, mas que sua
interpretação dela está equivocada. E como as pessoas falham em entender
isso...
O
método hermenêutico é o único meio cientificamente verificável pelo
qual podemos ter a mínima certeza de que o que estamos entendendo é de
fato entendimento e não apenas um achismo. Mas o método hermenêutico não
é o único método norteador da interpretação do texto bíblico,
precisamos também de uma teologia. Embora a teologia colabore com a
hermenêutica na interpretação bíblica, ela não é soberana. A teologia
deve mudar de acordo com a profundidade de sua compreensão do texto
bíblico. Essas variações são naturais e amadurecem para um conhecimento
teológico mais sólido ao longo do tempo. Enquanto a teologia precisa ser
flexível, a hermenêutica precisa ser rígida o suficiente para não nos
deixar viajar pelos textos com nossas imaginações férteis, compondo
relações e leituras dos textos puramente fantasiosas. Muitos são os
métodos hermenêuticos, o que acredito ser mais eficiente, coerente e
produtivo para o desenvolvimento teológico, sermão expositivos etc é o
método histórico-gramatical, herança dos reformadores para nossos dias. É
o método mais empregado pela maioria dos pastores e exegetas até hoje!
Recebeu esse nome justamente por nortear a interpretação do texto a
partir de sua historicidade e estrutura do texto (grama/gramático) em
análise.
Se
não temos um método hermenêutico para guiar nossa interpretação, somado
a um conhecimento prévio teológico, nossa compreensão de quem a Bíblia
afirma ser o Cristo estará comprometida. Nossa fé não terá o fundamento
que nos conduz à salvação. Estaremos enquadrado naquele grupo que errou
feio quem era o Filho do Homem. Erramos por não conhecermos as
Escrituras (Mateus 22:29) e precisamos acabar com essa fantasia de que
misteriosa e misticamente compreenderemos as Escrituras por iluminação
direta do Espírito Santo sem estudar teologia ou ler obras de
referência. Lembre-se que o Espírito Santo derrama seus dons sobre a
Igreja para sua edificação segundo a vontade de Deus. Para alguns, que
são chamados de mestres (Efésios 4:11), o Espírito Santo concede essa
compreensão dos “mistérios” das Escrituras para o nosso benefício. Não
querer aprender com esses homens é negar a ação do Espírito Santo nesses
grandes homens de Deus. Quando todos querem ser mestres, estão todos em
rebelião contra Deus!
E
por último, exponho o seguinte: é preciso ter como fonte norteadora de
nossa fé aquilo que realmente vale a pena! Pelo amor de Deus, irmãos,
não dá pra ler Rebecca Brown, por exemplo, e basear sua teologia em seus escritos. Quando os reformadores formularam o “Sola Scriptura”
eles queriam garantir que somente as Escrituras fossem aceitas como
textos sagrados e isentos de erros quanto à revelação de Deus. Brown não
oferece consistência alguma com os textos bíblicos, e tudo vai muito de
suas experiências pessoais (totalmente questionáveis) e interpretações
particulares. Construa sua teologia com base nos textos bíblicos e não
nos textos de Rebecca Brown que não podem ser comprovados e sequer harmonizados com os textos das Escrituras. O que a Rebecca Brown escreve (ou qualquer outro escritor) deve passar pelo crivo bíblico e não o contrário!
“Deve
se manter firme na mensagem que merece confiança e que está de acordo
com a doutrina. Assim ele poderá animar os outros com o verdadeiro
ensinamento e também mostrar o erro dos que são contra esse
ensinamento.” Tito 1:9
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Autor: André R. Fonseca
Twitter: @andreRfonseca
Quando não especificado, todos os textos bíblicos são citações da NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje da SBB.
Fonte da imagem: http://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Lectio_divina.jpg
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Fonte: Teologia et cetera
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