Por Fábio Correia (filósofo calvinista)
Mateus 28:19-20: “Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do
Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as
coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias
até à consumação do século”.
Algumas
pessoas costumam dizer que não gostam de teologia. “Meu negócio é vida
prática”, afirmam. São verdadeiros "Teolofóbicos". No texto acima, um
dos mais conhecidos, sempre que é citado, pontua-se a questão do “Ide”
(v.19), da “evangelização”. Mas, não podemos esquecer que o mesmo
imperativo para “evangelizar” é aplicado, com a mesma intensidade, para a
necessidade do “ensino na palavra de Deus” (v.20). Em Mateus 22:29,
Jesus levanta mais uma vez a questão da importância do aprofundamento no
estudo das escrituras. Diz ele: “Errais, não conhecendo as Escrituras”. Em João 5:39, sobre esse assunto, mais uma vez Jesus incentiva o aprofundamento nas escrituras, diz ele: “Examinai as escrituras”.
Portanto,
não devemos fazer essa equivocada distinção dicotômica entre Teologia e
Vida prática. Afinal, como alguém já disse, somos aquilo que
acreditamos, aquilo que aprendemos, aquilo que lemos. Erra gravemente
quem pensa que o estudo da teologia produz uma vida apática e
desassociada de atitudes práticas.
Os
maiores missionários do passado eram, também, profundos conhecedores da
Teologia, especialmente Reformada. O sociólogo Max Weber, autor do
livro de não ficção mais importante do século XX “Ética protestante e o Espírito do Capitalismo”,
por exemplo, após um denso estudo sobre variadas culturas, chegou à
conclusão que os países cuja população era predominantemente Calvinista,
possuíam melhor qualidade de vida, com maior desenvolvimento
espiritual, ético e moral. Ele atribui isso ao conhecimento profundo da
doutrina Reformada. Veja o que ele afirma:
O Deus de Calvino exigia de seus crentes não boas ações isoladas, mas uma vida de boas ações combinadas em um sistema unificado. Mas no curso de seu desenvolvimento, o calvinismo acrescentou algo de positivo a isso tudo, ou seja, a ideia de comprovar a fé do indivíduo pelas atitudes seculares. [...] consideramos apenas o calvinismo e adotamos a doutrina da predestinação como arcabouço dogmático da moralidade puritana, no sentido de racionalização metódica da conduta ética.(WEBER, 2004. p.91,94,96).
Precisamos entender que sempre fazemos uma opção teológica. Queiramos ou não. Ainda que afirmemos não gostar de teologia.
Ou como calvinistas, ou como arminianos.
Não
temos como fugir disso. Essa escolha reflete diretamente na nossa
prática cúltica e litúrgica. Quando dizemos: “não quero saber de estudar
teologia”; sem saber, nossas atitudes e forma de adoração, acabam por
revelar, automaticamente, a posição teológica que estamos seguindo.
Um
bom exemplo disso é o sistema de APELO, trazido por Charles Finey, no
século XIX. Muita gente diz que não gosta de teologia, mas, sempre,
depois de sua pregação, faz o famoso “apelo” para que as pessoas aceitem
a Cristo. Isso, caros irmãos, é teologia pura. Se está certa ou não, é
outro assunto. Isso é uma prática complemente lastreada por uma posição
teológica.
Ou
somos Calvinistas ou somos Arminianos, repetimos. Não temos como fugir
disso. Queiramos ou não, assumimos uma posição teológica. Sem contar nos
muitos absurdos e nas muitas aberrações, que temos visto no meio
evangélico, pela pura falta de estudo da Palavra de Deus; da Teologia.
Não
seria mais prudente, então, seguir a orientação de Jesus e estudar
profundamente sua palavra? Isso é teologia. Fazendo isso, podemos
escolher, sem nenhuma imposição, a postura teológica que mais
simpatizamos, que mais, em nossa opinião, se aproxima da verdade das
Escrituras Sagradas. Porém, essa escolha “consciente” só poderá ser
feita mediante um conhecimento aprofundado da Palavra de Deus, que só
pode ser adquirido com o estudo da Teologia.
Fonte: Filosofia Calvinista
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