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por Rafael de Lima
A
Reforma Protestante ocorrida no século XVI foi, sem dúvidas, um dos
eventos mais relevantes que já sucedera no seio da cristandade. O
movimento que culminou com o rompimento da igreja, sustentava sua
teologia, basicamente, através dos conhecidos “Cinco Solas”, que foram os princípios que nortearam os reformadores e combateram os ensinos do catolicismo romano: Sola
Fide (somente a fé); Sola Scriptura (somente a Escritura); Solus
Christus (somente Cristo); Sola Gratia (somente a graça); Soli Deo
Gloria (glória somente a Deus) [1].
Quando
voltamos os nossos olhos para o cenário atual do evangelicalismo
brasileiro percebemos, com pesar, a ignorância que uma porção importante
(diria majoritária) dos evangélicos tem com respeito aos fundamentos
que caracterizaram o ser protestante. Existe um total
desconhecimento ou um desconhecimento totalmente fragmentado e
incoerente com respeito à doutrina e história do protestantismo. O que
deveria ser do conhecimento de todos tornou-se algo limitado a alguns,
não por falta de acesso da maioria, mas por desinteresse e total
abnegação destes.
Se
refletirmos acerca daquilo em que estão se transformando os chamados
“evangélicos”, chegamos à conclusão de que toda a base do protestantismo
(isto é, os Cinco Solas da Reforma) tem sido repudiada, não apenas um ou outro ponto mas todos os pontos.
Os nossos pais defendiam o “Sola Fide”,
visto que é por meio do dom da fé que temos acesso a graça que nos
salva. Apenas por meio da fé em Cristo e em sua obra podemos ser
justificados, não por nossas obras, mas pelos méritos de Cristo: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8 – ACF) [2].
A
crença atual dos evangélicos com respeito à fé não passa de uma
ferramenta que deve ser utilizada a fim de se alcançar bênçãos e
desejos. Hoje, vê-se o culto à (pseudo) fé, a fé na fé, o pensamento
positivo, a confissão positiva. Não importa se há arrependimento, não
importa se a fé está sendo depositada em Cristo. Basta que se creia, que
se tenha fé. Voltemos ao genuíno Sola Fide!
Os nossos pais defendiam o “Sola Scriptura”, pois somente ela, a Revelação Divina Escrita, deve ser a regra de fé e de procedimento para o cristão: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça” (II Tm 3:16 – ACF).
A
crença atual dos que compõe o “Movimento Gospel” com respeito às
Escrituras Sagradas é tão frágil quanto uma taça de cristal,
simplesmente porque pouco se interessam pelo estudo das Escrituras.
Trata-se a Bíblia com um talismã, um objeto mágico. As “profetadas” e os “revelamentos” são, por vezes, mais valorizados do que o estudo sincero das Escrituras. Voltemos ao Sola Scriptura!
Os nossos pais defendiam o “Solus Christus”,
pois tinha plena consciência de que a mensagem central de toda e
qualquer comunidade que se pretenda cristã, deve ser a de Jesus Cristo e
de sua cruz, pois por Ele e por sua obra fomos resgatadas da nossa vã
maneira de viver, arrancados do império das trevas e feitos filhos de
Deus: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu
nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4:12 – ACF).
O
“Movimento Gospel” tem reputado a mensagem da Cruz a um segundo plano,
ao invés disso o âmago de suas mensagens tem sido voltado para o ego e a
satisfação humana (Para maiores detalhes confira: Voltando à rude cruz).
Da mesma forma, as “músicas gospéis” não podem ser chamadas de
louvores, não louvores a Deus e a Cristo, pois as tais não louvam a
outro que não o ego humano (Para maiores detalhes confira: Todo louvor seja dado aos homens).
Os nossos pais defendiam o “Sola Gratia”,
pois estavam certos de sua condição de corrupção e que se não fosse
pela maravilhosa graça salvadora de Cristo, não poderiam ser salvos de
seus pecados. Não há obra humana capaz de trazer reconciliação para com
Deus. A obra de Jesus Cristo na cruz nos tornou propícios a Ele! “Porque
todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados
gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3:23-24 – ACF).
O
“Movimento Gospel” diminui dia a dia a depravação humana e obscurece a
realidade da necessidade da graça que nos salva. Reputando ao homem a
capacidade da escolha ou não da salvação, esquece-se de que se não for
através do presente não merecido dado por Cristo não há obra nenhuma
capaz de salvar.
Por fim, os nossos pais defendiam o “Soli Deo Gloria”,
pois o temor e o tremor eram presentes em suas vidas. Sabiam que Deus
reina em seu trono e nenhum outro que não Ele deve ser adorado: “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém” (I Tm 1:17 – ACF).
O
“Movimento Gospel” tem lutado insistentemente a fim de tirar Deus de
seu trono e de em seu lugar colocar o homem. O egocentrismo tão
característico do mundo pós moderno tem entrado sorrateiramente, mas
pela porta da frente de muitas igrejas. As mensagens e os cânticos não
se direcionam mais a adoração do único que é digno, mas tem buscado
primordialmente massagear o ego humano.
Finalmente,
fica-nos a reflexão dos rumos que têm seguido os evangélicos
brasileiros. Que esta mensagem possa ecoar nos corações de muitos, pois é
tempo de nos reformarmos, revermos nossos conceitos e militarmos pelo
genuíno Evangelho. Sola Fide; Sola Scriptura; Solus Christus; Sola Gratia; Soli Deo Gloria!
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Notas:
[1] Para maiores detalhes conferir: A DECLARAÇÃO DE CAMBRIDGE. Disponível em: http://www.monergismo.com/ textos/credos/declaracao_ cambridge.htm. Acesso em: 01 de setembro. 2012.
[2]
A versão utilizada neste artigo é a Almeida Corrigida e Revisada Fiel
ao Texto Original (ACF) publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana do
Brasil.
Fonte: Cosmovisão Cristã
Recomendamos a leitura das matérias publicadas no blog Cosmovisão Cristã:
Eu como presbiteriano digo que nós, tão dito reformados, não somos muito diferentes desse movimento "gospel". Por vermos o tanto que esse movimento não sabe nada de Bíblia e fala só do Espirito Santo, nós vamos no movimento contrário e "achamos" que somos fiéis a "Sola Scriptura", ao passo que colocamos o Espírito Santo de lado e lemos a Bíblia de acordo com a nossa inteligência e lógica e sabedoria humana (2a Co 2). A Palavra não pode ser separada do Espírito (reformados) e o Espírito não pode ser separado da Palavra (neopentecas).
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