Então o SENHOR arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo. Êxodo 32:14
Enquanto Moisés estava no monte recebendo a Lei de Deus, o povo estava ao pé do monte adorando um bezerro de ouro que tinham construído (32:4-6).
Quando Deus instruiu Moisés a descer até eles, o Senhor lhe disse que os consumiria, fazendo de Moisés “uma grande nação” (32:10).
Moisés, porém, ao ouvir isso, suplicou ao Senhor que abrandasse a sua ira. O versículo 14 diz: “Então se arrependeu o Senhor do mal que dissera havia de fazer ao povo”. Isso quer dizer, então, que Deus mudou de ideia. Entretanto, em 1 Samuel 15:29, Deus diz que “não é homem, para que se arrependa”; e em Malaquias 3:6 ele diz: “Porque eu, o Senhor, não mudo”.
Ainda, no NT, Deus demonstrou a “imutabilidade do seu propósito”(Hb 6:17), fazendo um juramento. Afinal, Deus muda ou não muda de ideia?
SOLUÇÃO: Tem-se de sustentar enfaticamente que Deus não muda (cf. Ml 3:6; Tg 1:17). Ele não muda de ideia, nem sua vontade ou natureza.
Há vários argumentos que demonstram a imutabilidade de Deus. Vamos considerar apenas três.
Primeiro, para que alguma coisa mude, algo tem de ser feito numa ordem cronológica.
Tem de haver um ponto antes e outro ponto depois da mudança. Tudo o que passa por um “antes” e um “depois” existe no tempo, porque a essência do tempo é vista pelo progresso cronológico de uma situação anterior para uma posterior.
Entretanto, Deus é eterno e está fora do tempo (Jo 17:5; 2 Tm 1:9). Então, não pode haver em Deus uma série de “anteriores” e “posteriores”; logo, ele não pode mudar, porque a mudança necessariamente envolve um “antes” e um “depois”.
Segundo, toda mudança é para uma situação melhor ou pior, pois uma mudança que não faça diferença não é uma mudança.
Ou alguma coisa necessária é obtida, a qual anteriormente não se fazia presente, o que é uma mudança para melhor; ou alguma coisa que se tem e que é necessária é perdida, o que é uma mudança para pior.
Mas, se Deus é perfeito, ele de nada necessita; portanto ele não pode mudar para melhor. E se Deus fosse perder alguma coisa, então ele não permaneceria perfeito; portanto Ele não pode mudar para pior. Assim, Deus não muda.
Terceiro, quando alguém muda de ideia, é porque recebeu uma nova informação, da qual não tinha conhecimento anteriormente, ou porque as circunstâncias mudaram de forma a requerer uma atitude ou ação diferente.
Mas, se Deus mudou de ideia, não pode ser porque ele ficou sabendo de qualquer nova informação que desconhecia anteriormente, porque Deus é onisciente – ele sabe todas as coisas (Sl 147:5).
Portanto, tem de ser porque as circunstâncias mudaram e demandam uma atitude ou ação diferente. Mas se as circunstâncias mudaram, isso não significa necessariamente que Deus tenha mudado de ideia. Significa apenas que, como as circunstâncias mudaram, o relacionamento de Deus com a nova realidade é diferente. Porque as circunstâncias, e não Deus, mudaram.
Quando Israel estava ao pé do monte, envolvido numa adoração a um ídolo, Deus disse a Moisés que a sua ira estava ardendo contra os filhos de Israel e que ele se dispunha a destruí-los num juízo.Entretanto, quando Moisés intercedeu por eles, as circunstâncias mudaram.
A atitude de Deus para com o pecado é sempre a ira, mas a sua atitude para com aqueles que o invocam é sempre de misericórdia.
Antes de Moisés orar por Israel, eles estavam sob o juízo de Deus. Porém, a intercessão de Moisés pelo povo de Israel levou-os a ficar sob a misericórdia de Deus.
O Senhor não mudou. O que mudou foram as circunstâncias.
A linguagem empregada nesta passagem é chamada antropomórfica. É semelhante a uma pessoa que, movendo-se de um lado para outro, diga: “Agora a casa está à minha direita”, e depois: “Agora a casa está à minha esquerda”. Essas afirmações não querem dizer que a casa se moveu. É que a linguagem, sob a perspectiva de alguém, está descrevendo que a pessoa mudou a sua posição em relação àquela casa.
Quando Moisés disse que Deus se arrependeu, essa foi uma forma figurativa de descrever que a intercessão de Moisés teve êxito em mudar o relacionamento do povo de Israel com Deus. Ele tirou a nação do juízo de Deus e a trouxe para a misericórdia de sua graça.
Deus não muda, nem muda de ideia, nem de vontade; sua natureza é imutável.
Do livro Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições da Bíblia”, Normam Geisler e Thomas Howe
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