segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Acabou minha sede

Por: Luiz Carlos

E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta.
Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. João 4:6-7


Não foi por acaso, mas pela providência de Deus conforme seu propósito, segundo o conselho de sua vontade;  que uma mulher samaritana, uma lasciva, foi escolhida como um vaso da salvação. A graça de Deus realmente é maravilhosa, e é concedida a quem Ele quer.
Tantos sábios, tantos mestres, inúmeros religiosos, e quem o Deus escolhe para levar o conhecimento do Salvador?

Uma mulher samaritana! Ela veio ao poço somente para tirar água, para matar a sede do corpo.
Veio buscar água natural e, recebe a água da vida. Veio a fonte de Jacó, e se depara com a Fonte da Vida.
Aquela mulher, como muitos de nós, buscava de alguma forma ser feliz. Seus temores e tremores nos são ocultos, então podemos apenas imaginar.

Ela procurava alguém para amar e por ele ser amada. Ela seguia por caminhos tenebrosos, e frustrantes.
Uma vida cada vez mais carregada de pecados e contaminações. Os prazeres momentâneos que desfrutava, parecia arder em suas veias.

Sua mente era atormentada por sua culpa. Sua consciência a inquietava todas as noites.
Choro...pranto e agonia faziam parte de sua vida. Suas lágrimas ardiam em seu rosto...ela só queria ser feliz.
A sede sucumbia em sua alma abatida e fraca. Sua moral a muito se fora. Seu caráter perdeu a integridade, e não dava mais para ser recuperado.

Ela tinha tantos e não tinha ninguém. Sua alma vazia se secava...ela precisava de água que saciasse a sede da alma...ela estava morrendo por dentro...tantos erros, tantas acusações, ninguém lhe estendia as mãos...
Ela chega ao poço, e, Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. 
João 4:7

Ela estranha o pedido,Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? 
João 4:9
Aquela mulher julgava se tratar de um judeu qualquer. Então, Ele responde de forma misteriosa para ela: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. 
João 4:10

Ela não entende aquelas palavras, diz que o poço é fundo, e, que ele não tem como tirar a água..., ai ela fala de Jacó, e continua sem entender nada. Assim é a vida da gente, as vezes não entendemos nada. Pois, nossos olhos ainda são carnais.

O Senhor Jesus lhe diz, que a água daquele poço mataria a sede só por num pouco de tempo; então oferece a ela uma outra água: Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna. João 4:14

O Senhor Jesus nos oferece garantia de vida, foi o mesmo oferecido para uma mulher lasciva, infame, pecadora....água que se faria em fonte, e nos daria a eternidade. A mulher pecadora foi alcançada com a maravilhosa e irresistível graça do Senhor.

Ela ainda não entendeu muito bem o significado das palavras de Jesus, ela diz: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la. 
João 4:15

A mente dela ainda era terrena, limitada as coisas daqui...Jesus pede que ela chame o marido, ela diz que não tem. Disseste bem: Não tenho marido;
Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade. 
João 4:17-18

A mulher samaritana reconhece Jesus como sendo um profeta..., e sem entender o que se passa, continua com o pobre pensamento terreno: Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar. João 4:20

A resposta do Senhor Jesus ecoa até hoje; Deus não se limita aos limites dos homens. Deus além dos nossos pensamentos e vontades. Não esta limitado a templos e religiões. Deus esta acima das liturgias e achismos de meros mortais.
Então, ele responde a mulher: Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. João 4:23-24

A mulher samaritana espera o Messias, e diz que ele o Messias é quem vai falar tudo o que precisam aprender.., Ai então, vem ao grande momento da revelação: Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo. João 4:26
O Senhor se revela a quem ele quer. Não importa se é rico ou pobre. Se é mau ou bom. Honesto ou desonesto..., Ele transforma o mais miserável pecador, em um pregoador de Suas novas, as novas de Salvação.

Jesus, o Senhor, deixou a sua necessidade de beber água de lado, para dar de beber a uma alma oprimida.

Obrigado Senhor, por sua graça! Maravilhosa graça! Irressistivel graça!

2013 SEM TIRAR DEUS DE CENA



Comece este ano novo firme no propósito com Jesus

Quando as universidades de Oxford, na Inglaterra, de Paris, na França e de Bologna, na Itália, foram fundadas no século 12, a teologia era tida como a rainha das sete ciências ali estudadas.

A relevância de Deus foi perdendo terreno progressivamente. A começar com o advento do Iluminismo e seus expoentes, como Voltaire, Jean-Jacques Rousseau e Immanuel Kant, todos do século 18. Eles não chegaram a negar a existência de Deus, mas abraçaram o deísmo – “a crença num Deus que, como um grande relojoeiro, criou um universo mecânico, deu-lhe corda e depois o deixou entregue à própria sorte, permitindo que trabalhasse de acordo com as leis naturais sem jamais nele intervir” (Tim Dowley). Nessa chamada “Era da Razão”, os intelectuais europeus estabeleceram a razão como árbitro derradeiro de todos os assuntos, desbancando a Bíblia e a doutrina cristã. A fé se enfraquecia e a razão se fortalecia.

Mais tarde, no século seguinte, William Gladstone, várias vezes primeiro ministro inglês, diria que essa perda da fé religiosa era “a mais indizível calamidade que poderia abater-se sobre um homem ou sobre a nação”. Eugene Peterson, autor da mais recente paráfrase da Bíblia, afirma categoricamente: “Se tirarmos Deus de cena, substituindo-o por nosso próprio autorretrato cruamente delineado, trocaremos a aspiração em ambição e acabaremos nos tornando arrogantes”. Ele diz ainda que “ser cristão significa aceitar Deus como nosso Criador e Redentor”, pois Deus “é a realidade central de toda a nossa existência”.

A verdade é que, mais cedo ou mais tarde, tudo vai desmoronar ao redor de quem tira Deus de cena.
E para sabermos bem o que é desmoronamento – queda dramática de algo construído –, basta que nos lembremos do desmoronamento da imponente estátua de Nabucodonosor. Ela foi derrubada, despedaçada e tornada pó – pó que o vento levou sem deixar nenhum sinal (Dn 2.31-35).

Outro exemplo bem mais dramático é o desmoronamento dos dois edifícios mais altos do “World Trade Center”, em Nova York, ambos com 110 andares, que caíram em menos de 100 minutos, matando quase 3 mil pessoas (entre elas 658 funcionários de uma única empresa).

Quando Deus é colocado fora de cena:

• Perde-se o rumo e perguntas cruciais – quem sou? De onde vim? para onde vou? – ficam sem resposta.

• A vida termina com a morte somatopsíquica e não se pode ter a menor esperança para o além-túmulo.

• Jogam-se fora todas as esperanças cristãs até então acumuladas e guardadas, como a ressurreição dos mortos, a morte da morte, a extinção do pecado, o reino de justiça e paz pelo qual sempre ansiamos, a plenitude da glória de Deus e o advento de novos céus e nova terra.

• Tudo aquilo que sempre teve valor e era tratado com respeito é desprezado: a Bíblia como a Palavra de Deus, o batismo, a Santa Ceia, o Natal, a Semana da Paixão, a confissão, o perdão de pecados.

• Perde-se o paradigma de comportamento baseado no Decálogo e nas Escrituras, que prevê o relacionamento da criatura com o Criador, com a criatura e com a criação.

Se neste 2013, que desponta com o nascer do sol do dia primeiro de janeiro, continuarmos a colocar Deus fora de cena, estaremos dando mais alguns passos em direção ao inevitável desmoronamento de tudo que nos cerca. Só então reconheceremos que tudo aquilo que inventamos para compensar a ausência de Deus era como cisternas tão furadas que pareciam verdadeiras peneiras (Jr. 2.13).

Quem sabe, tomaremos a decisão de viver 2013 sem tirar Deus de cena!

Fonte: CREIO

Por que os pastores não entendem estas coisas?


Após ter lido o livro "A ordem de Deus" você diz ter sido esclarecido sobre muitos pontos relativos ao corpo de Cristo e se diz perplexo por estas verdades não serem compreendidas pelos pastores. O raciocínio lógico seria acreditar que por eles fazerem cursos de teologia deveriam estar cientes dessas coisas. Um resumo dos principais questionamentos do livro está neste link.



Cursos e faculdades de teologia são invenções humanas, e basta ver um dos títulos que elas outorgam para entender isso: "Doutor em Divindade". Alguém de sã consciência poderia aceitar um título assim, considerando-se um perfeito entendedor da Divindade?

1Co 8:2  E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber.

Considerando que essas faculdades criam uma casta de homens considerados superiores em conhecimento aos cristãos comuns, isto acaba também entrando em conflito com passagens como:

Mat 11:25  Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.

1Co 2:4-5  A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. 

1Co 2:13-15  As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. 

Fica evidente que existe um abismo entre o "sistema de ensino" da sabedoria humana e o aprendizado das coisas de Deus, o qual só pode ocorrer mediante o Espírito Santo. Portanto, não é estudando arqueologia, história, antropologia ou línguas antigas que alguém chega ao conhecimento da verdade, mas pela aplicação, pelo Espírito, da Palavra de Deus no coração do crente.

Os evangelhos estão cheios de exemplos de pessoas incultas que reconheceram em Jesus o Messias prometido pelos profetas, enquanto os doutores da Lei e até mesmo os discípulos em algumas ocasiões não enxergavam isso. É instrutivo o capítulo 18 de Lucas, onde temos alguns contrastes evidentes entre aqueles que estão humanamente capacitados e aqueles que são capacitados pelo Espírito Santo.

Em Lucas 18:9-14 temos um fariseu cheio de si e de práticas religiosas, e um publicano humilhado diante de Deus. Qual conheciam melhor a Deus? Na sequência (Lucas 18:15-25) há um jovem rico e versado na Lei cuja bagagem de conhecimento e obediência aos mandamentos é colocada em contraste com os meninos dos quais Jesus diz ser o Reino. O que poderia saber uma criança quando comparada a um ilustre príncipe dos judeus?

Então vemos em Lucas 18:31-43 os discípulos perplexos com as afirmações de Jesus de que deveria ir a Jerusalém para ser morto e um pobre cego que, mendigando, nem precisou de seus olhos naturais para reconhecer que estava diante do Filho de Davi, título que dava a Jesus a ascendência real e o devido reconhecimento de ser ele o escolhido de Deus para o trono. Antes que ele tivesse sua visão natural curada, seus olhos da fé já tinham visto o que olhos de carne não podem ver.

As escolas e faculdades de teologia podem ter tido uma origem bem intencionada, mas não vejo na Palavra de Deus fundamento para elas. O objetivo do cristão é conhecer a Cristo, não esta ou aquela doutrina ou arqueologia, antropologia, línguas antigas etc. Se alguém quiser aprender estas coisas que frequente uma escola secular e aprenda, e se for cristão use esse conhecimento humano para a glória de Deus, como faz com o dinheiro, a profissão, os talentos naturais etc.

Não devemos nos esquecer de que as faculdades de teologia vêm de séculos e já existiam muito antes da reforma protestante. Aliás, no catolicismo elas eram até mais coerentes, pois tinham o objetivo de resguardar as doutrinas católicas - mesmo as equivocadas - e não fazer como as modernas escolas teológicas, que apresentam aos seus estudantes um cardápio do tipo "alguns creem em A, outros creem em B e outros em C", como se a verdade fosse uma questão de escolha do homem.

Alguém poderia alegar que 2 Timóteo 2:2 serve de aval para a fundação dessas escolas: "E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros". Este é realmente o papel de todo aquele que aprende da Palavra de Deus: ensinar a outros. Mas onde isto é feito de acordo com a Palavra de Deus? Posso encontrar algumas situações:

Nas reuniões da igreja, onde o ensino não é de um para muitos como no modelo denominacional católico ou protestante, mas de muitos para muitos:


1Co 14:31  Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados.


No lar: 

1Co_14:35  E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos 


2Tm 3:14-15  Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.  


Tit 2:3-5  As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem; Para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, A serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada.  


Em cartas e livros: 

2Ts_2:15  Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa 


Col_4:16  E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e a que veio de Laodicéia lede-a vós também.  

1Ts_5:27  Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a todos os santos irmãos.  

1Jo_5:13  Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus. 

2Tm_4:13  Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos. 



No ministério daqueles que têm o dom (não o diploma) de ensinar: 


Ats 11:25-26  E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia. E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.  

Alguém poderia alegar que este último exemplo é perfeito para indicar a validade das faculdades teológicas. Será? O que vemos neste e em outros casos são homens usados por Deus no exercício de seus dons - e Paulo era um caso singular  e não diplomados em escolas teológicas ministrando a alunos das mesmas escolas. É muito simples ver o absurdo disso: como alguém poderia considerar-se "diplomado" no conhecimento de Cristo? E como avaliar o aprendizado da Palavra de Deus usando métodos humanos de ensino, como provas escritas, notas, disciplinas etc.? É o conhecimento de Cristo que devemos buscar na Palavra, não de disciplinas como história ou geografia. 

Maria assentada aos pés de Jesus encontrou a melhor parte sem frequentar nenhuma faculdade de teologia. 


Luc 10:39-42  E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Marta, porém andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude. E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.  


Pedro e João foram reconhecidos como detentores de um conhecimento que não vinha deles por terem estado com Jesus: 

Ats_4:13  Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus 


Mas vamos à sua dúvida que é sobre a razão de os pastores não entendem estas coisas que você aprendeu no livro "A ordem de Deus". A dificuldade de um pastor compreender é grande, porque a primeira coisa que ele precisaria fazer se entendesse seria abandonar sua posição, já que ela não existe nas Escrituras. Existe o dom de pastor e existe o ofício de presbítero, mas no primeiro caso trata-se de um dom dado pelo Senhor, não por uma junta de homens com poderes para ordená-lo, e não se trata de alguém que fique à frente de uma congregação, mas de um que tem um coração de cuidado para com as ovelhas. 

Além disso, os dons, como o de pastor, evangelista e mestre, não eram locais, mas universais. Ou seja, um pastor não era aquele responsável por uma congregação local, mas alguém ocupado com as ovelhas de Cristo onde quer que elas estivessem. Quanto aos presbíteros, eram sempre mais de um e divididos por cidades, não por denominações. Se quiser entender melhor isto sugiro que volte a ler os capítulos do próprio livro que leu onde é explicado o lugar de cada dom (como evangelistas, pastores e mestres) e de cada ofício (como presbíteros, bispos ou anciãos, que são tratados como sinônimos).




Como pode ver, está tudo errado no que os homens instituíram, e ao ler "A Ordem de Deus" isso salta aos olhos. Evidentemente, um clérigo, seja ele pastor, padre, presbítero ou qualquer título inventado pelos homens, ficará relutante em adotar a ordem bíblica pois isso significa em muitos casos "perder o emprego" e todas as regalias que o cargo traz, como o ser tratado como "o mais igual entre os iguais" (ouvi dizer que esta era uma expressão usada em monastérios católicos para designar o monge superior, por não poderem considerar ninguém superior de fato entre eles). 

Visitei o site que indicou (Mary Schultze), mas ela adota a posição de muitos cristãos (inclusive pastores) que é a crítica ao sistema e a permanência nele. Muitos fazem assim, se esquecendo da importância que Deus dá ao apartar-se do erro. Alguns pastores chegam a apartar-se, mas apenas para iniciar uma nova denominação ou até uma igreja sem denominação, da qual acabam sendo "o mais igual entre os iguais". 

Se tiver facilidade com o inglês sugiro este ótimo texto de C. H. Mackintosh: One-sided Theology. Dele seleciono uma parte que diz: 


He [God], blessed be His name, has not confined Himself within the narrow limits of any school of doctrine, high, low, or moderate. He has revealed Himself. He has told out the deep and precious secrets of His heart. He has unfolded His eternal counsels, as to the Church, as to Israel, the Gentiles, and the wide creation. Men might as well attempt to confine the ocean in buckets of their own formation as to confine the vast range of divine revelation within the feeble enclosures of human systems of doctrine. It cannot be done, and it ought not to be attempted. Better far to set aside the systems of theology and schools of divinity, and come like a little child to the eternal fountain of Holy Scripture, and there drink in the living teachings of God's Spirit.

Nothing is more damaging to the truth of God, more withering to the soul, or more subversive of all spiritual growth and progress than mere theology, high or low — Calvinistic or Arminian. It is impossible for the soul to make progress beyond the boundaries of the system to which it is attached. If I am taught to regard "the five points" as "the faith of God's elect," I shall not think of looking beyond them; and then a most glorious field of heavenly truth is shut out from the vision of my soul. I am stunted, narrowed, one-sided; and I am in danger of getting into that hard, dry state of soul which results from being occupied with mere points of doctrine instead of with Christ. A disciple of the high school of doctrine will not hear of a world-wide gospel — of God's love to the world — of glad tidings to every creature under Heaven. He has only gotten a gospel for the elect. On the other hand, a disciple of the low or Arminian school will not hear of the eternal security of God's people. Their salvation depends partly upon Christ, and partly upon themselves. According to this system, the song of the redeemed should be changed. Instead of "Worthy is the Lamb," we should have to add, "and worthy are we." We may be saved today, and lost tomorrow. All this dishonours God, and robs the Christian of all true peace.

We do not write to offend the reader. Nothing is further from our thoughts. We are dealing not with persons, but with schools of doctrine and systems of divinity which we would, most earnestly, entreat our beloved readers to abandon, at once, and for ever. Not one of them contains the full, entire truth of God. There are certain elements of truth in all of them; but the truth is often neutralized by the error; and even if we could find a system which contains, so far is it goes, nothing but the truth, yet if it does not contain the whole truth, its effect upon the soul is most pernicious, because it leads a person to plume himself on having the truth of God when, in reality, he has only laid hold of a one-sided system of man.

Then again we rarely find a mere disciple of any school of doctrine who can face scripture as a whole. Favourite texts will be quoted, and continually reiterated; but a large body of scripture is left almost wholly unappropriated. (C. H. Mackintosh - 1820-1896).


por Mario Persona 

A impotência da vontade humana




Por A. W. Pink


Será que encontramos na vontade do homem, competência para aceitar ou rejeitar o Senhor Jesus como Salvador?

Admitindo-se que o Evangelho é pregado ao pecador, que o Espírito Santo o convence de sua condição perdida, não é, em última análise, encontrar poder dentro de sua própria vontade para resistir ou se entregar a Deus?

A resposta a essa pergunta define nossa concepção da depravação humana.

Todo cristão professo dirá que o homem é uma criatura caída, mas o que o termo “caído” quer dizer a muito deles, isso será difícil de determinar.

A impressão geral é de que o homem é agora mortal, que ele não está mais no estado em que estava nas mãos do criador, que ele tem tendências más, mas que, se ele empregar seus poderes para o melhor de si, de alguma forma ele vai ser feliz depois.

Ó, quão longe e triste da verdade! Enfermidades, doenças, até mesmo a morte corporal, são ninharias em comparação aos efeitos morais e espirituais da Queda! É somente através da consulta das Sagradas Escrituras que somos capazes de obter alguma concepção da extensão dessa terrível calamidade.

Quando dizemos que o homem é totalmente depravado, queremos dizer que a entrada do pecado na constituição humana afetou toda parte facultativa do homem, todo seu ser.

Depravação total significa que o homem é, em espírito, alma e corpo, escravo do pecado e cativos ao pé do diabo, “...nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência;” Efésios 2.2.

O homem é incapaz de realizar suas próprias aspirações e concretizar seus próprios ideais. Há uma incapacidade moral que o paralisa. Não é um homem livre, mas em vez disso, escravo do pecado e de Satanás: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” João 8.44.

O pecado é mais que um ato ou uma série de atos, é um homem de maquiagem. O pecado cega o entendimento, corrompe o coração e aliena a mente para ir a Deus. A vontade não tem como escapar. A vontade está sob o domínio do pecado e de Satanás. Portanto a vontade não é livre. Em suma, as escolhas amorosas e afetivas que fazem, fazem por causa do estado do coração, e o coração é enganoso acima de todas as coisas, e perverso: ”não há quem entenda, não há quem busque a Deus;” Romanos 3.11.

Traduzido e adaptado por Carlos Reghine | Reformando-me | Original aqui

Profecias para 2013. Será um ano pior do que 2012?



Por Solano Portela

Esta é a época em que os profetas de plantão saem das tocas. Quando eu era jovem os astrólogos dominavam a cena. Omar Cardoso era uma celebridade nacional[1] no meio de uma constelação meio obscura de personalidades que pontificavam as previsões para o ano seguinte. Estes escreviam também, religiosa e mercenariamente, em todos os sentidos, as inúteis colunas de horóscopos, de ávida leitura obrigatória em todos os jornais e revistas.

Não sei muito bem o que aconteceu, mas eles saíram um pouco de cena. Sei que ainda estão presentes e muitos os seguem, mas não têm a mesma notoriedade ou repercussão do passado. O país ficou mais cético? Talvez. É possível, também, que a prática de algumas revistas, de compararem as previsões com as realizações, contribuiu para um descrédito maior destes futurólogos, ainda que as Ana Maria Bragas da vida continuem a promovê-los, junto com numerólogos, grafólogos e outras sandices do gênero.

Suspeito, entretanto, que com a multidão de apóstolos, reis, vice-deuses, operadores de maravilhas e propagadores de prosperidade, que pululam o nosso mundo evangélico uma classe esteja substituindo a outra. Acho que muitos líderes evangélicos pensaram: “por que deixar o monopólio das predições só para eles? Vamos pegar uma fatia desse interesse”. Afinal estamos na era dos sete passos para isso, dez degraus para aquilo, cinco princípios para a prosperidade total, e por aí vai. O fato é que não há carência de profecia, nesta terra, ainda que de evidente procedência humana. E nesse campo, a credulidade é espantosa – muitos continuam ansiosos para saber o que vai acontecer no mundo, no país e em suas vidas.

Bom, aqui no Tempora, vou fugir um pouco da nossa linha reflexivo-crítica e, para não ficar de fora da onda do momento,farei dez previsões para 2013. Podem me responsabilizar por elas, mas deem uma trégua até dezembro do ano que vem, pelo menos.

O que vai acontecer, então, em 2013?

1. A corrupção vai continuar. Ou vocês acham que ela acabou com o julgamento do mensalão? Os escândalos continuarão aflorando, ainda que a chamada “sociedade” esteja mais antenada e a imprensa gostando do aumento de circulação que essas notícias propiciam. Vemos apenas um pedacinho do iceberg e a parte submersa é mais volumosa, destrutiva e letal. Para os cristãos, isso não deveria ser surpresa, pois a corrupção está enraizada no coração das pessoas – até no daquelas que criticam os corruptos públicos, ou pegos com a mão na botija. Jeremias 17.9 diz:“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá”?

2. Os preços vão aumentar. Ainda que se propague que a inflação está “sob controle”, os indicadores registram aumentos incompatíveis com uma economia estável e os preços dos serviços aumentam acima deles. O dólar continua subindo e algumas vozes iluminadas no governo defendem um patamar de R$2,40 – insensíveis à dependência que os demais preços possuem do relacionamento cambial. Sobe o dólar e tudo fica mais caro e mais difícil. A voracidade de taxação do governo está também sempre presente e chegam a ser cômicas, se não fossem trágicas, as “soluções” estatais para controlar os preços: aumenta-se a alíquota do IPI (como no caso dos automóveis chineses) e depois dá-se um desconto, por decreto, por um tempo. Enfim, nada mudou no governo desde o tempo em que o povo de Israel clamava por um Rei e foi avisado pelo profeta Samuel que não se esquecesse de que a máquina governamental iria sugar milhões para se sustentar, pela opressão fiscal. Em 2013, o governo continuará voraz e todos nós pagaremos uma conta cada vez maior. A realeza do Real está cada vez mais diluída, relembrando Isaías 1.22: “A tua prata se tornou em escórias”.

3. A vida vai permanecer difícil com tribulações, enfermidades, injustiças. Cresce a expectativa de vida, avança a medicina, organiza-se o poder judiciário, mas as agruras desta vida, consequência genérica do pecado (nem sempre específica, na vida dos que sofrem) são realidade incontestável. “No mundo passais por aflições”, já alertava Jesus (João 16.33). A criação “geme e suporta angústias até agora” ansiando pela “redenção”, ensina Paulo (Romanos 8.22 e 23). Assim desconfie daqueles que prometem a tranquilidade e saúde aqui na terra. Isso não vai ocorrer em 2013.

4. A violência não vai dar muita trégua. Vivemos em uma era onde os governantes acham que têm direitos (e não, necessariamente, responsabilidades) sobre tudo e a necessidade de exercer o controle sobre todos. Na prática, os governantes terminam fazendo pouco e mal. Esquecem-se da responsabilidade primordial (Rom 13.1-7), que a de serem “vingadores” dos inocentes e garantir a segurança dos seus cidadãos. Os cristãos não deveriam promover (e nem confiar em) um estado messiânico, na esperança de que todos os seus problemas serão supridos por um poder terreno, falível e temporal. Enquanto estimulamos os governantes a se ocuparem de tudo (ou não os desestimulamos de fazer isso), eles descuidam da segurança. Em 2012 ficou evidente que o governo não se ocupou adequadamente nem conseguiu garantir a vida de seus próprios integrantes, haja visto as inúmeras execuções sofridas pela força policial de vários estados, quanto mais a nossa! As perspectivas para 2013 não são nada animadoras, em um país onde ocorrem mais de 50 mil assassinatos por ano, a maioria dos quais sem qualquer punição. Uma situação para pensarmos cada vez mais na paz real, que vem de Jesus (João 14.27) – “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.

5. Os engarrafamentos vão piorar – Em São Paulo existe um veículo para cada dois habitantes. A cada dia cerca de 500 veículos novos começam a circular em suas vias. Nas grandes capitais a média diária de veículos novos que adentram as ruas é quase essa, pois a proporção por habitante é ainda menor. Em minhas viagens já vi que engarrafamentos, que eram uma característica típica de São Paulo, há algumas décadas, já são uma constante no Rio, Recife, Brasília, Aracajú, Porto Alegre e tantas outras grandes cidades do nosso país. Está cada vez mais difícil se locomover e a cada dia é mais importante morar perto da escola ou do trabalho. Alguns companheiros mais ousados deixaram os carros para trás e recorreram às motos, para o transporte diário: que estes sejam alvo de redobradas orações! Nessa situação é preciso o desenvolvimento crescente da virtude da paciência, bem como o exercício da criatividade, para que a hora perdida no trânsito seja ganha de alguma maneira. Que tal uma resolução para 2013, de se ouvir a Palavra, ou um “podcast” que edifique? Pense no Salmo 119.48: “...  levantarei as mãos e meditarei nos teus decretos”, mas conserve as mãos no volante!

6. Os vendedores de felicidade “aqui e agora”, o engano do evangelho da prosperidade vai permanecer. Alguém poderia fazer o prognóstico que a farsa mercantilista da “felicidade já” terá vida curta, pois, pragmaticamente, as pessoas constatarão a falsidade das promessas. Mas parece não haver limite ao desejo das pessoas de ouvirem coisas agradáveis sobre os seus dias futuros, principalmente se há apelo às recompensas materiais. Em paralelo, esse tipo de mensagem traz muito lucro aos proponentes, O curioso apelo de que “não deixe esse programa sair do ar” (para que possa continuar transmitido a pedir mais e a vender mais), continuará em 2013. Personalidades do campo evangélico que, no passado, rejeitaram essa fórmula claramente pagã continuarão a ser cooptados por ela, desviando o foco das verdadeiras necessidades das pessoas, como identificou apropriadamente Cristo, no caso da Mulher Samaritana (João 4.13-14) – a “água viva” que mata a sede para sempre. Em 2013, espere a continuidade da parada televisiva diária, e das grandes cruzadas dos propagadores de felicidade: mensagens terrenas, com linguajar evangélico.

7. As teologias e explicações humanas aos fenômenos da natureza permanecerão pródigas, no ministério de alguns.A virada do ano (2012-2013) trouxe um filme – “O Impossível” – que poderosamente nos relembrou dos acontecimentos do Natal de 2004, quando um Tsunami devastou a vida de quase 300 mil pessoas nas costas da Indonésia e Tailândia, bem como de outros países e ilhas circunvizinhas. Ainda que as imagens do Tsunami de 2011, no Japão, sejam mais poderosas, a tragédia de 2004 se constitui uma das mais perturbadoras na história da humanidade. Mas isso nos lembra, também, os teólogos relacionais (ou da teologia do processo), que retiram de Deus qualquer poder sobre as questões futuras. Para essas e outras tragédias, recorreram a explicações simplistas e naturalistas, dizendo que “Deus não tem nada com isso”, contrariando as afirmações bíblicas de que ele é Senhor Soberano sobre toda a criação, inclusive sobre as forças “da natureza”. Em 2013, esses teólogos continuarão fazendo estragos e desviando a muitos; procurando aquietar a própria perplexidade perante essas situações, preferem recorrer aos devaneios da mente, em vez de se renderem às afirmações da Palavra inspirada de Deus (Salmo 29.3; Isaías 29.6; Jonas 1.4).

8. As igrejas irão buscar mais e mais formas de entretenimento; as mensagens ficarão mais curtas; os caminhos da graça, mas distantes da Palavra. Agora que a chamada grande mídia, com os olhos na lucratividade do segmento, abraçou com todas as honras o segmento gospel; nestes tempos em que a adoração dá lugar às celebridades e à chamada “celebração”; nestes momentos em que se diluem os limites entre o espetáculo e o culto devido ao Senhor; devemos esperar uma intensificação do entretenimento nas igrejas, como se fosse apenas uma maneira mais contemporânea de cultuar. Preparem os ouvidos. Coloquem os óculos escuros. Tragam os decibelímetros. O volume vai aumentar. As coreografias vão se expandir. A prosseguir a tendência, as igrejas vão gastar mais dinheiro na iluminação e nos efeitos do que na parafernália eletrônica de amplificação. E o que vai ser sacrificado? A pregação, é claro! Está cada vez mais fora de moda, ainda que Deus especifique, em sua Palavra, que é o método determinado por ele para a propagação de suas verdades (Romanos 10.13-15). Ela vai sendo encurtada e a congregação “entregue” ao pregador depois de exaurida física e emocionalmente durante uma hora e meia, para uns minutos finais, como se fosse só para desencargo de consciência. Adentramos, assim, a zona perigosa de manifestações cúlticas de grande intensidade, mas que desagradam a Deus; onde a verdadeira adoração está ausente, como nos tempos de Amós (5.23 e 6.5), onde havia abundante louvor e transbordante música instrumental: “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras”. Deus fala contra os que cantavam “à toa ao som da lira”, pois era tudo centralizado na auto-gratificação e entretenimento: diz o profeta que a intenção não era o louvor a Deus, pois inventavam “instrumentos musicais para vós mesmos”. E há, ainda, os que procuram se dissociar dessa corrente, mas apontam caminhos da graça estranhos aos da Palavra de Deus e à graça das Escrituras; com palavras que se alternam entre a virulência e a aparente piedade, mas que patinam entre a acomodação e encorajamento de formas comportamentais e sociais condenadas na Bíblia. A julgar pelo crescente número de seguidores e defensores, 2013 certamente será um ano “de arromba”, para esses segmentos do evangelicalismo contemporâneo.

9. A ira inconsequente e difamações de alguns profetas do caos, dentro do campo evangélico, permanecerão sendo lançadas contra servos fiéis. Virou moda, para alguns expoentes no campo evangélico, voltar os canhões da agressão contra servos fiéis, propagadores da palavra de salvação, defensores da teologia da reforma, difamando-os como “mundanos”, inconsequentes, protetores dessa ou daquela corrente – simplesmente por não compartilharem com a metodologia e mensagem agressiva abrigada por esses vasos de ira. 2013 não dá mostras de que esse recurso destinado à manutenção dessas figuras controvertidas no ápice da notoriedade, pela controvérsia, vai desaparecer, ainda que os tiros costumem sair pela culatra. Esses profetas do caos continuarão disparando antes de examinar; exibindo uma suposta coragem, que acomoda, na realidade, uma covardia de métodos e ausência de princípios; preferindo alianças políticas, e pseudo-espirituais, espúrias à verdadeira comunhão dos santos. Em 2013, não nos esqueçamos de Tito 3.10: “Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez”. Evitemos aqueles que não se importam com as advertências de Tiago (3.14): “Se... tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade”.

10. No entanto – no meio das perturbações e confusões deste mundo, em 2013, a graça de Deus continuará a ser manifestada – até que Ele cumpra os seus propósitos em sua criação. Não; nem tudo é sombrio no horizonte próximo, ou tem teor negativo. Podemos identificar os seguintes sinais encorajadores e positivos na igreja de Cristo, para o ano de 2013:

a. Renascimento de um interesse saudável pela sã doutrina: creio que nunca houve tanto interesse pelo estudo sério da Palavra de Deus e das doutrinas cardeais da fé cristã; dos pilares redescobertos pela Reforma do Século 16, do que nos dias de hoje. Não me refiro a números espetaculares, mas a um segmento firme, interessado e fiel, que tem abordado a Palavra de Deus com seriedade. Esse grupo surge em várias denominações e nele encontramos inúmeros JOVENS! Uma juventude que dialoga, se reúne e pesquisa a Bíblia; que emprega tempo em evangelização; que se preocupa em agradar a Deus e em tomar conta de suas vidas, além da doutrina, como nos instrui Paulo (1 Timóteo 4.16). As palavras de 1 João 2.14 soam muito bem para 2013, pois creio que essa tendência continuará crescendo: “Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno”.

b. Pais criando os filhos – cerrando as trincheiras da família: O ataque institucional contra a família vem levando muitos pais a reconhecerem a necessidade de se empenhar mais, de lutar, de se envolver com mais intensidade na defesa da família. Em 2013 creio que veremos cada vez mais pais conscientes dessas responsabilidades. Incrivelmente, até entre pais descrentes encontramos aqueles que querem algo diferente para seus filhos.

c. Testemunho dos cristãos na sociedade – contra aborto e a dissolução sexual. Em paralelo ao fortalecimento da família, pelos cristãos, o mundo evangélico toma consciência de que, como cidadãos, precisam dar um testemunho mais intenso e eloquente. A sociedade já abriga o divórcio automático; já há a aceitação tácita do aborto, a caminho da legalização geral; e a instituição do casamento está sendo redefinida, já não mais se segue a definição bíblica (e constitucional) de união entre um homem e uma mulher, mas as portas estão escancaradas para a legalização e aceitação, como natural, do casamento homossexual. Em 2013 a voz dos cristãos continuará ressoando, ainda que eu tenha convicção de que esse é o grande teste para a Igreja – quando legalizarem algo claramente contrário à Palavra, quantas terão coragem de se manter fiel às diretrizes divinas?

d. Escolas Cristãs – Já há algumas décadas a multiplicação de escolas cristãs vem ocorrendo. Pedagogos cristãos vêm reconhecendo a necessidade de abordar o campo educacional sob uma cosmovisão cristã. 2013 verá um aumento desses esforços e a multiplicação de materiais didáticos abordando todas as áreas de conhecimento com premissas cristãs. Creio que a influência, nessa esfera, não somente cruzará linhas denominacionais, como transcenderá o campo evangélico em futuro próximo, pela qualidade do material e dos pedagogos envolvidos nesses programas.

e. Mídia social e Internet como meio de evangelização e instrução – A internet, considerada por muitos como uma maldição, pode sim ser instrumento de bênçãos e de evangelização. Em 2013 as redes sociais serão utilizadas com mais objetividade e de maneira mais abrangente, especialmente pelos jovens. Uma pessoa pode alcançar muitas, se fizer com jeito, cuidado e competência. Uma mensagem pode atingir repercussões positivas inesperadas. O cuidado a ser tomado, é o de não considerar esse tipo de relacionamento como substituto das interações pessoais, pessoa a pessoa; nem como substituto da pregação, como já observamos.

f. Mais e melhor literatura cristã de boa qualidade. Pela graça de Deus, mesmo no mar de publicações inconsequentes, muitos livros cristãos bons têm sido publicados, divulgados e adquiridos. Editoras sérias e fiéis têm se mantido sustentáveis. Conferências de porte têm sido realizadas, divulgando essas publicações e autores internacionais. Autores brasileiros têm surgido, alguns com repercussão internacional. 2013 verá a expansão dessas publicações e suas atividades correlatas.

g. A graça comum possibilitará freio a muita criminalidade, pela exposição dos praticantes – quando parece que o pecado “corre solto”, Deus, em sua misericórdia pela sociedade providencia exposição para que muitos vejam que esses delinquentes não são invisíveis. Por vezes nos surpreendemos com a graça divina que distribui a bênçãos a todos, mas a Bíblia diz (Mateus 5.45) que Deus “faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos”. É ele, também, que restringe o pecado, para que os seus propósitos sejam cumpridos. Devemos ser mais perceptíveis dessa graça comum, e, em 2013, agradecer continuadamente a Deus, pois é ela que possibilita, também, a nossa existência em um mundo tenebroso.

São essas minhas profecias para 2013. Sem horóscopo, sem mágicas, sem revelações espúrias; apenas observando o contexto e o mundo em que vivemos, e a forma como estamos sendo sustentados pela verdadeira graça divina. É esse poder de Deus que entrelaça os fios de nossas vidas em uma maravilhosa obra de arte, como já observou Edith Schaeffer em seu livro The Tapestry.[2] Feliz 2013 a todos os nossos leitores, da parte dos três que interagem com vocês, neste Blog.


domingo, 30 de dezembro de 2012

Caia em si!


Por: Luiz Carlos

O que procuramos do lado de fora? Afinal, o que perdemos, perdemos do lado de dentro.
A nossa busca tem sido muitas vezes em vão, pois procuramos do lado errado.
Buscamos conhecimento, relacionamento, reconhecimento, buscamos conhecer coisas misteriosas. Procuramos palavras difíceis para aprimorar nosso vocabulário...Muitos querem ser chamados de "doutores", "reverendos"....e buscam, buscam e buscam...mas, o vazio continua ali.

Não, os aplausos aleio não satisfazem. O reconhecimento e aclamação humana não te preenche.
O teu intelecto é nada, é pobre, e muitas vezes podre e fétido. Adão tinha tudo, um paraíso ao seu dispor; porém, ele não conhecia todo o bem que tinha. Mas, lançado fora do paraíso sentiu a dor da perda.

E, como nos sentimos com relação a nós mesmos?
Tem misericórdia de mim, SENHOR, porque sou fraco...Sl. 6:2
Sim, fracos! Escondemos dentro de nós coisas que só o Senhor pode ver. Escondemos nossos sentimentos de tudo e de todos, então, pedimos o socorro de Deus.
As vezes nos falta coragem. Não de confrontar o mundo, ou o diabo, mas, a nós mesmos.

Davi diz assim no salmo 51apaga as minhas transgressões...purifica-me do meu pecado... Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. 
É procurar dentro de nós mesmos, é cair dentro de si. É investigar a nossa alma, o nosso ser. Reconhecendo os nossos erros. Reconhecer as nossas fraquezas.

E, saber que o Senhor não nos deixa sós. Não, Ele não nos abandona quando estamos em trevas.
O inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas trevas, o SENHOR será a minha luz. Miquéias 7:8
Miquéias confiou em Deus, mesmo quando as circunstâncias não lhe eram favoráveis; Ele caiu, mas disse que se levantaria, não por suas próprias forças, Miquéias confiou em Deus. E mesmo que as trevas fossem sua morada, o Senhor seria sua luz.

Miquéias afirma que:.. porque pequei contra ele...Miquéias reconhece seu pecado, sente confiança e segurança no perdão de Deus...ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça. 
Miquéias afirma que Deus o traria para a luz...o tão desejado perdão...
É olhar para o Senhor, sem medo, sem desculpas...ter a certeza de que Ele está "comigo".
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo. 
Salmos 23:4

O que procuramos do lado de fora? O filho pródigo buscou felicidade nas diversões com amigos, na prostituição, na bebida...até que ele caiu em si, e confessou a si mesmo: Pai, pequei contra o céu e perante ti; Já não sou digno de ser chamado teu filho. 
Lucas 15:18-19
Afinal, o que perdemos, perdemos do lado de dentro.

Precisamos de cura, nosso coração é enfermo, nossa alma doente...sem o Senhor, o que seria de nós?
Cura-me, SENHOR, e sararei; salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor. 
Jeremias 17:14
O que procuramos do lado de fora? Não tem como fugir. Não temos para onde ir e nos escondermos da ira de Deus.
Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimentoE não presumais, de vos mesmos, dizendo:Temos por pai a Abraão...” Mt 3. 7 -9.
Eu sei que esta palavra foi dita aos fariseus e saduceus, que nós não nos tornemos como eles!
É preciso produzir frutos digno de arrependimento!

Precisamos nos arrepender todos os dias, do que falamos, ouvimos e pensamos, sim, de nossos pecados.
"Porque o salário do pecado é a morte" (separação espiritual de Deus) (Romanos 6:23). 
Um grande abismo (pecado) separa o homem de Deus.
Nossos esforços por uma vida equilibrada, uma vida reta, boa moral,cheia de filosofias e ciência, prazeres mundanos e momentâneos, não podem nos salvar; tampouco trazem arrependimento.

Precisamos reconhecer que: "Cristo morreu pelos nossos pecados..." (I Coríntios 15:3). 
Que, Jesus é o caminho a verdade e a vida, e que ninguém vai ao Pai , a não ser por Ele. João 14:6 
Precisamos reconhecer que, não somos salvos por merecimento: "Porque pela graça sois salvos; mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não das obras, para que ninguém se glorie" (Efésios 2:8-9). 

Arrependimento! Sim, mudança de atitude e procedimentos.
Revolta consciente contra o pecado!
O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho. Marcos 1:15
É arrepender-se e crer na palavra de Deus!

Davi se arrependeu e buscou a Deus. Miquéias reconheceu seu pecado e confiou em Deus.
O filho pródigo caiu em si, totalmente arrependido...todos estes e outros que assim procederam, alcançaram a misericórdia e favor de Deus.
Eles não confiaram em suas próprias forças, antes, confiaram em Deus e no Seu amor.

Não desista! Chore, chore amargamente por causa de seus pecados. Mas, saiba: Jesus, o filho de Deus, pagou um alto preço por nós! 
Arrependa-se!

Ontem é historia, amanhã, nem mesmo existe...o dia é Hoje! 

Onde está a contracultura?

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Por Norma Braga

Estamos no mundo mas não somos do mundoSomos o sal da terra, a luz do mundo. São palavras de Jesus sobre nós. Os cristãos são chamados por Ele para ser contracultura. “Eles não são do mundo, como eu também não sou” (Jo 17.14). Isto significa que lutamos pela pureza: dentro de nós, no caminho tão pessoal e bonito da santificação, pela graça de Deus; e também fora de nós, denunciando a crueldade do pecado e convidando a outros para que sigam o mesmo caminho, escorados de igual modo na graça de Deus. Quando o fazemos fora de nós, confrontamos não só os incrédulos, para que se convertam, mas também os próprios crentes, para que deixem determinados pecados e se santifiquem, desatando os laços com outros (falsos) doadores de identidade – bens materiais, aparência, ideologias, saberes, profissões, condição social etc. Nossa identidade realmente última deve ser Cristo em todas as esferas da vida.

Quando o cristão adere inadvertidamente ao culto a um ídolo mundano, incorporando ao cristianismo elementos espúrios, esse chamado de Cristo tende a se tornar inócuo. Afinal, se nossa identidade é partilhada entre Cristo e ídolos, não nos diferenciamos do mundo o suficiente para salgá-lo. E o sal que não salga “só presta para ser pisado pelos homens” (Mt 5.13). Esse culto ambíguo e informe recebe um nome na filosofia reformada: “síntese”. E há muito mais sínteses do que conseguimos identificar, certamente: como dizia Calvino, o coração é uma incansável fábrica de ídolos.

No blog, e também no livro, uma das sínteses mais presentes em minha denúncia do pecado é a que mistura cristianismo com esquerdismo. Dediquei longo tempo ao estudo do esquerdismo em suas variadas formas – soviético, chinês, cubano, politicamente correto – e ainda pretendo fazê-lo muito mais. Porém, sabendo que o pecado nos empurra para extremos que apenas parecem opostos, mas são análogos, tenho ocupado minha mente hoje com a síntese que indiferencia cristianismo e conservadorismo – ou, de modo mais específico, cristianismo e luta contra o esquerdismo (ou luta cultural). Encerro a ambas as sínteses – com esquerdismo e com conservadorismo – sob a expressão “politização da fé”.

O que ocorre quando o cristianismo se dilui na politização da fé? A luta contra o pecado se torna predominantemente exterior, quando na verdade é primordialmente interior – ou seja, sempre se inicia com a identificação dos pecados íntimos, seguindo-se com arrependimento, perdão e cura diante de Deus. De fato, esse autoexame é uma condição sine qua non para o exame adequado dos pecados exteriores, conforme enfatizou Jesus em Lucas 6.41-42. Se não conhecemos nem nossos próprios pecados, como enxergaremos o pecado alheio?

Em Letters of Francis A. Schaeffer [Cartas de Francis A. Schaeffer], o grande apologista apresenta um referencial para que a importância da interioridade na vida cristã seja preservada, representado por um esquema onde aparecem três círculos concêntricos:


O círculo da apologética se correlaciona com “a aplicação da teologia à incredulidade” (John Frame), ou seja, com a luta da verdade contra a mentira que reside no coração humano (a começar pelo coração do próprio apologista: não esquecer Lucas 6.41-42). O das doutrinas diz respeito à afirmação positiva da fé cristã. E o interior é de onde fluem “os rios de água viva”, onde ocorre a conversão, onde se dá o relacionamento pessoal da alma individual com Deus . Sem o interior, nenhum dos outros dois pode constituir um cristianismo legitimamente bíblico. Sem o interior, de fato, não pode haver um salgar efetivo, pois somente nos diferenciamos do mundo à medida que nos deixamos transformar por Cristo.

Para Schaeffer, e também para mim, não há alternativa a não ser pedir a graça de Deus para que cada um desses círculos esteja em seu devido lugar na nossa vida. Porque somos pecadores, nossa tendência sempre será nos afastar de Deus para manter nossos pecados intactos (Jo 3.19). Então, para disfarçar esse afastamento, tenderemos a substituir a vida interior com Deus pela luta exterior com as pessoas, as ideologias, os pais, os professores, o “sistema”, achando que servimos a Deus com isso, sem perceber o quanto estamos secos por dentro. É quando o empunhar das armas toma o lugar da novidade de vida em Cristo. Se você acredita ter caído nessa armadilha, talvez ajude lembrar que estamos soldados neste mundo, mas nossa verdadeira natureza é de adoradores: amar a Deus e aos irmãos é o que faremos por toda a eternidade.

É precisamente nessa inversão – que suprime a primazia da vida interior e a substitui pela luta cultural – que eu identifico o cruzamento entre esquerdismo e conservadorismo como sínteses com o cristianismo. A única diferença é que não creio ser possível, para o cristão, aderir ao esquerdismo sem realizar sínteses, enquanto o conservadorismo, por ser a posição mais natural biblicamente, pode ser adotado sem corromper o cerne da fé. Porém, isto não significa que o cristão conservador deva se sentir imune ao mecanismo da inversão – e de fato, nesses tempos em que (finalmente!) as posições conservadoras “saem do armário” e se mostram à luz do dia, vários exemplos desse mecanismo já podem ser percebidos. Ainda tratarei mais disso aqui.