segunda-feira, 16 de julho de 2018

CRISTO O MEDIADOR – Gordon Clark



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Quando consideramos como que as pessoas ignoram as leis de Deus, e violam seus mandamentos sem nenhuma preocupação, parece que a doutrina do pecado, resumida no capítulo VI do Confissão, deve ser a doutrina mais importante de todas. E até que as pessoas reconheçam que suas vidas ofendem a Deus, presumivelmente essa doutrina é de fato a mais importante em uma abordagem prática. Mas, quando o pecado é reconhecido como tal, então parece que o Capítulo VIII, que descreve o remédio para o pecado, é o mais importante.

Claro, esse sentimento de que uma doutrina ou um capítulo é o mais importante é puramente psicológico, momentâneo e relativamente a um propósito específico. Poder-se-ia também perguntar se a roda ou pneu de um automóvel é o mais importante. Provavelmente é o pneu que está prestes a correr sobreo asfalto. Caso contrário, todos são igualmente importantes. Isto é verdade dos capítulos da Confissão, porque eles se encaixam como um sistema e não são aleatórios e desarticulados. Isto foi anteriormente apontado em um desses artigos que as doutrinas da predestinação e a providência estão subjacentes ao chamado eficaz e à perseverança dos santos; o pacto tem o sinal do batismo do Novo Testamento; e, claro, a queda do homem exige um Redentor e Mediador. Todos eles se encaixam perfeitamente.

O Capítulo VIII é mais longo do que a maioria. Ele contém uma riqueza de material. Primeiro, a obra de Cristo é refere-se ao propósito eterno de Deus. Este trabalho é então dividido nas funções de profeta, sacerdote e rei. Duas linhas adiante, afirma-se que o Pai desde toda a eternidade deu ao seu único Filho "um povo para ser sua semente, e para ser por ele no tempo redimido, chamado, justificado, santificado, e glorificado." Esta verdade divina, tão frequentemente mencionada no Evangelho de João, parece ter sido desprezada na pregação contemporânea. Se isso é assim ou não, os ministros e as pessoas podem dizer, tentando recordar o último sermão sobre esse assunto.

A segunda seção deste capítulo menciona a divindade e a humanidade de Cristo, as duas naturezas em uma pessoa. E embora isso evoque memórias obscuras da antiga Calcedônia, é igualmente importante nos dias de hoje. Se Cristo fosse um mero homem, ele não poderia funcionar como mediador; ele nem poderia se ele fosse somente Deus. Em ambos os casos, ele ficaria confinado a um extremo ao deixar de ligar os dois. Se Cristo não fosse nem Deus nem homem, mas um anjo ou algo assim, ele seria uma barreira entre Deus e os homens, em vez de um mediador. Mas como Deus e homem, como verdadeiramente Deus e como homem, e como verdadeiramente homem e como Deus, Cristo pode ser o Mediador e unir a Deus os homens.

O nascimento virginal, a vida de humilhação, a dor da crucificação, a ressurreição do mesmo corpo em que ele sofreu tudo isso, a ascensão, e seu retorno para julgar homens e anjos no final do mundo, são todos essenciais; mas aqui eles só podem ser listados. De suprema importância (tudo é de suprema importância) é o significado da crucificação. Por sua morte, diz a Seção V, "O Senhor Jesus, pela sua perfeita obediência e pelo sacrifício de si mesmo, sacrifício que pelo Eterno Espírito, ele ofereceu a Deus uma só vez, satisfez plenamente à justiça do Pai. e para todos aqueles que o Pai lhe deu adquiriu não só a reconciliação, como também uma herança perdurável no Reino dos Céus.”


O ponto central da mensagem cristã, o ponto que cada evangelista fiel deve enfatizar, o primeiro ponto que um cristão deve entender sobre a salvação é que a morte de Cristo satisfez a justiça divina. Hoje, é costume chamar isso de doutrina da Expiação; mas costumava ser chamado de Satisfação, e Satisfação é o melhor nome.

Quando os cristãos são perguntados qual é a sua passagem favorita, eles citam João 3:16 ou o vigésimo terceiro Salmo, ou uma porção de Isaías. E ninguém pode deixar de apreciar a beleza destas passagens. Mas se um demônio malévolo privasse o mundo da Bíblia, e para mim era dada a pesada a responsabilidade de preservar apenas algumas linhas para a sua posteridade, eu sem hesitar, passaria pelo vigésimo terceiro Salmo, as belas porções de Isaías e até João 3:16, eu selecionaria Romanos 3:25-26.

Esses versos paulinos não têm a beleza dos Salmos, nem o majestoso estilo de Isaías, nem o apelo emocional de João 3:16; mas eles tem o coração do evangelho, eles explicam precisamente o que Cristo fez em sua morte, eles mostram o método de salvação.

Outros assuntos no Capítulo VIII devem ser omitidos para mencionar a seção final que garante que Cristo não morreu em vão. "Cristo, com toda a certeza e eficazmente aplica e comunica a salvação a todos aqueles para os quais ele a adquiriu." Como Isaías disse: "Ele verá do trabalho de sua alma e ficará satisfeito." E como o próprio Cristo disse, " Tudo o que o Pai me der virá a mim." Assim, estamos certos de que ninguém a quem Cristo morreu será perdido.

Muitas vezes tenho pregado em missões de resgate. Olhando para estes bêbados abandonados, essas miseráveis ​​vítimas do pecado, pode-se perguntar se era de alguma utilidade pregar para eles. Como se pode esperar que suas mentes pervertidas respondam a um sermão cristão?

Certamente não há uma expectativa possível. Essa falta de expectativa é possível. Mas, se algum desses vagabundos foi dado a Cristo pelo Pai, Cristo efetivamente comunica a salvação a eles, "efetivamente persuadindo-os pelo seu Espírito a crer e obedecer" ou como foi declarado no Capítulo VII sobre o Pacto, dando-lhes"seu Espírito Santo para torná-los dispostos e capazes de acreditar." Portanto, o pregador não precisa ficar desanimado, pois Deus prometeu que "a minha palavra não volta vazia, mas deve realizar o que me agrada, e deve prosperar naquilo a que enviei". (Isaías também tem algumas passagens que merecem ser lidas.)

1 de dezembro de 1954

Extraído:Gordon H. Clark Articles on the Westminster Confession of Faith in The Southern Presbyterian Journal
Tradução: Edu Marques

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