Jonathan Edwards e a Formação Espiritual de Candidatos ao Ministério
Por Dr. Sean Lucas – Coordenador de Relações de Candidatos e Professor Adjunto de História da Igreja no Covenant Theological Seminary
Jonathan Edwards (1703-1758) é frequente chamado de O Teólogo da América. Nascido na família de um pastor como um de seus onze filhos, cresceu para servir como único pastor em Northampton, Massachusetts, por 21 anos, e trabalhou por sete anos como missionário para os nativo-americanos em Stockbridge, Massachusetts. Cristãos evangélicos geralmente reverenciam Edwards como um Grande Avivalista, como um brilhante teólogo, e como um “padroeiro protestante”.
Ainda que possa ser difícil lembrar, houve um tempo que Jonathan Edwards não era “Jonathan Edwards”. Houve um tempo quando Edwards era um aluno da Universidade de Yale, preparando-se para o ministério. Houve um tempo antes do Grande Avivamento, das Afeições Religiosas, e da Liberdade da Vontade, Edwards fez um nome de família na colonial New England, e um homem com um impacto que persiste até hoje.
Ao ler-se os registros pessoais que Edwards deixou para trás deste período, parece claro que durante esses dias de anonimato, Edwards lutou para conhecer a Deus e ter comunhão com Ele, para mortificar seus pecados e viver para a glória de Deus. “Ele não era um santo por natureza”, o historiador George M. Marsden observou. “Sua vida espiritual era frequentemente uma imensa luta. Apesar de seu massivo intelecto e de suas disciplinas heroicas, ele era, assim como todo mundo, uma pessoa com fragilidades e contradições.” Sim, Edwards era “um homem igual a todos nós.”¹
O período inicial da vida de Edwards ainda serve como uma testemunha para a Igreja ao considerarmos o processo de formação espiritual para candidatos ao ministério. Tanto em seus aspectos positivos quanto nos negativos, a espiritualidade de Edwards durante esses anos primitivos nos ensina importantes lições sobre como nós como cristãos e particularmente como líderes cristãos deveríamos viver para a glória de Deus.
Busque a Deus com Todo o Seu Ser
Se alguma coisa pode ser dita sobre a abordagem de Edwards à espiritualidade durante seus anos preparatórios, seria que ele buscava a Deus de todo o seu coração. Um bom resumo da espiritualidade de Edwards pode ser encontrado no registro de seu diário datado de 14 de Janeiro de 1723, quando ele sonhou acordado sobre o como se pareceria o cristão ideal e resolveu lutar para ser tal crente em sua própria era. Nas famosas resoluções de Edwards, ele expressou sua determinação puritana de viver cada momento plenamente para Deus. Por exemplo, Edwards resolveu “nunca perder um único momento de seu tempo; mas melhorá-lo da maneira mais eficaz que me for possível”; “Resolvi, viver com toda a minha força, enquanto eu viver”; “Resolvi, esforçar-me para obter para mim mesmo toda a felicidade no mundo vindouro que me for possível, com todo o poder, a força, o vigor, a veemência, e até a violência que eu for capaz, ou que eu possa trazer a mim mesmo a tal esforço de qualquer maneira que possa ser imaginada.” Se alguma coisa pode ser dita da espiritualidade de Edwards, é que ela é certamente intensa.²
Talvez Edwards cresse que a vida cristã exigia tal aplicação dedicada por estar ele tão consciente de quão enganoso era seu próprio coração e do predomínio de seus pecados. Edwards viu que o pecado principal que o afligia constantemente era o orgulho. Mais tarde, um Edwards mais maduro admitiu que “Eu sou grandemente afligido com um espírito orgulhoso e farisaico; muito mais sensivelmente do que eu era no passado. Vejo a serpente se levantando e colocando sua cabeça para fora, continuamente, em todo lugar, em todas as direções de meu ser.” Mesmo neste diário, registrado enquanto ele estava servindo em um púlpito presbiteriano em Nova York, Edwards reconheceu sua grande batalha com o orgulho. “Quão odioso é um homem orgulhoso!” ele exclamou, “Quão odioso é o verme que exalta a si mesmo com orgulho! Que tolo, néscio, cego, enganado, pobre verme eu sou, quando o orgulho opera!”³
O espírito orgulhoso de Edwards se manifestou primariamente na discussão com outros. Ele reconheceu que ele tinha “uma certa inclinação” para “dogmatismo demais, egotismo demais.” Este espírito dogmático aparentemente levou aos pecados da ira e do discurso irrefletido. Em um registro do diário em 1º de Julho de 1723, Edwards resolveu “para o futuro observar particularmente mais a docilidade, a moderação, e a temperança nas discussões.” Duas semanas e meia após isto, em 18 de Julho de 1723, Edwards registrou: “Resolvi esforçar-me por me certificar daquele sinal que o apóstolo Tiago dá de um perfeito varão em Tg 3:2: ‘Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo.’”4
Enquanto Edwards guerreava contra estes pecados, ele buscava a Deus com todo o seu ser. Ele suplicava pelo “interno doce deleite em Deus e nas coisas divinas” que ele experimentou por volta de 1721, um ano após ter se formado em Yale. Edwards continuou a imergir-se nas Escrituras, nas quais ele tinha “o maior dos deleites.” Edwards observou mais tarde que durante estes anos como um candidato ao ministério, “diversas vezes ao ler [as Escrituras], cada palavra parecia tocar meu coração.” Sua visão de Deus expandiu quando ele começou a se deleitar na natureza de Deus. Ele ganhou “um doce senso da gloriosa majestade de Deus e de Sua graça que não sei como expressar. Eu parecia vê-las ambas em uma doce conjunção: majestade e submissão interligadas: era uma doce, gentil e santa majestade; e também uma majestosa submissão; uma terrível doçura; uma alta, grande, e santa gentileza.”5
Este anseio pela presença de Deus se conectou a um apaixonado desejo por santidade. “Senti em mim um desejo ardente de ser em tudo um completo cristão.” Para Edwards, que lutava contra o orgulho, as palavras iradas, e um espírito dogmático, a santidade que ele buscava em todo o seu ser parecia ser bem o contrário e quase inatingível. Ainda assim, ele a buscava com todo o seu ser. Ele acreditava que sem santidade, ninguém jamais poderia ver a Deus e conhecer Sua presença.6
Notas de rodapé:
¹George M. Marsden, Jonathan Edwards: A Life (New Haven: Yale University Press, 2003), 1, 45, 50.
² Diary, 14 January 1723, em Jonathan Edwards, The Works of Jonathan Edwards: vol. 16, Letters and Personal Writings, ed. George S. Claghorn (New Haven: Yale University Press, 1998), 764; Resolutions no. 5, 6, 22, 30, Ibid., 753-55.
³ “Personal Narrative,” Ibid., 803; Diary, 2 March 1723, Ibid., 767.
4Todas citações de Diary, Works, 16: 4 May 1723 (769); 1 July 1723, (773); 18 July 1723 (774); 17 August 1723 (779); 2 September 1723 (781).
5“Personal Narrative,” Letters and Personal Writings, Works, 16: 793.
6Ibid., 795.
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