terça-feira, 17 de dezembro de 2013

7.1 A Raça Humana - Os Humanos são corpo e alma em dos Gêneros





"E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente."Gn 2.7
 
"... homem e mulher os criou."Gn 1.27

Cada ser humano neste mundo consiste de um corpo material animado por um eu distinto e imaterial. A  Escrituras dá a este eu o nome de "alma" ou "espírito". "Alma" enfatiza a distinção da individualidade consciente de uma pessoa como tal; "espírito" contém as nuanças do eu derivado de Deus, dependência dele e distinção do corpo tal.

O uso bíblico levá-nos a dizer que temos e somos tanto almas com espíritos, mas é um equívoco pensar que alma e espírito são duas coisas diferentes; uma visão "tricotômica" do homem como sendo corpo, alma e espírito é incorreta. A idéia comum de que a alma é apenas um órgão da consciência temporal e  que o espírito é um órgão distinto de comunhão com Deus trazida à vida na regeneração cria um descompasso entre o ensino bíblico e o uso da palavra. Além disso, ela conduz a um anti-intelectualismo deformado, segundo o qual o discernimento espiritual e o pensamento teológico são separados para  empobrecimento de ambos, sendo a teologia tida como "pró-alma" e não espiritual, enquanto a percepção espiritual se imagina desvinculada do ensino e aprendizado da verdade revelada de Deus.

A corporificação da alma é inerente ao designo de Deus para o gênero humano. Por intermédio do corpo, como foi dito antes, devemos experimentar nosso ambiente, desfrutar e  controlar as coisas à nossa volta, e relacionar-nos com outras pessoas. Nada havia de mau ou corruptível no corpo feito inicialmente por Deus, e não tivesse o pecado surgido, a  doença, envelhecimento e deterioração física que levam à  morte, como a conhecemos, não fariam parte da vida humana (Gn 2.17; 3.19,22; Rm 5.12). Agora, porém, os seres humanos são corruptos do começo ao fim em seu ser psicofísico, como comprovam claramente seus desejos desordenados, tanto físico como mentais, os quais guerreiam entre si e também contra os princípios da sabedoria e da retidão.

Na morte a alma deixa o corpo inanimado para trás, porém esta não é a feliz libertação que os filósofos gregos e alguns cultivistas imaginaram. A esperança cristã não é redenção por  libertar-se do corpo, mas redenção do próprio corpo. Antevemos nossa participação na ressurreição de Cristo na ou por meio da ressurreição de nossos próprios corpos. Embora a exata composição de nossos futuros corpos glorificado seja atualmente desconhecida, sabemos  que será alguma espécie de continuidade de nossos corpos terrenos (1 Co 15.35-49; Fp 3.20,21; Cl 3.4).

Os dois gêneros, macho e fêmea, pertencem ao modelo da Criação. Homem e mulheres são igualmente portadores da imagem de Deus (Gn 1.27), e sua dignidade é, conseqüentemente, igual. A natureza complementar dos gêneros é  vista como conducente a uma cooperação enriquecida (ver Gn 2.18-23), uma  vez que seus papéis são desempenhados não apenas no casamento, procriação e vida familiar, mas também em atividades mais amplas da vida. A percepção da insondável diferença entre pessoas de gêneros distintos converte-se em  uma escola para o aprendizado da prática e alegria da  apreciação, abertura, honra, serviço e fidelidade, todas as quais pertencem à cortesia que a realidade misteriosa do outro gênero requer. A ideologia do "unissexe"; que deprecia a significação dos dois gêneros, perverte assim a ordem de Deus, enquanto o estribilho francês sobre a distinção dos gêneros, "vive la différence!", expressa o ponto de vista bíblico.

Autor: J. I. Packer
Fonte: Teologia Concisa, pg. 69, Ed. Cultura Crista. Compre este livro http://www.cep.org.br 

7.2 O homem a Imagem de Deus

“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Gn 1.27

As Escrituras ensinam (Gn 1.26-27; 5.1; 9.6; 1Co 11.7; Tg 3.9) que Deus fez o homem e a mulher à sua própria imagem, assim de que os seres humanos são semelhantes a Deus, como nenhuma outra criatura terrena é. A dignidade especial dos seres humanos está no fato de, como homens e mulheres, poderem refletir e reproduzir – dentro de sua própria condição de criaturas – os santos caminhos de Deus. Os seres humanos foram criados com esse propósito, e, num sentido, somos verdadeiros seres humanos na medida em que cumprimos esse propósito.

O que tudo envolve essa imagem de Deus na humanidade não está especificado em Gn 1.26-27, mas o contexto da passagem nos ajuda a defini-lo. O texto de Gn 1.1-25 descreve Deus como sendo pessoal, racional (dotado de inteligência e vontade), criativo, governando o mundo que criou, e um ser moralmente admirável (pois tudo o que criou é bom). Assim, a imagem de Deus refletirá essas qualidades. Os versículos 28-30 mostram Deus abençoando os seres humanos que acabara de criar, conferindo-lhes o poder de governar a criação, como seus representantes e delegados. A capacidade humana para comunicar-se e para relacionar-se tanto com Deus como com outros seres humanos aparece como outra faceta dessa imagem.

Por isso, a imagem de Deus na humanidade, que surgiu no ato criador de Deus, consiste em: (a) existência do homem como uma “alma” ou “espírito” (Gn 2.7), isto é, como ser pessoal e autoconsciente, com capacidade semelhante à de Deus para conhecer, pensar e agir; (b) ser uma criatura moralmente correta – qualidade perdida na queda, porém agora progressivamente restaurada em Cristo (Ef 4.24; Cl 3.10); (c) domínio sobre o meio ambiente; (d) ser o corpo humano o meio através do qual experimentamos a realidade, nos expressamos e exercemos domínio e (e) na capacidade que Deus nos deu para usufruir a vida eterna.

A queda deformou a imagem de Deus não só em Adão e Eva, mas em todos os seus descendentes, ou seja, em toda a raça humana. Estruturalmente, conservamos essa imagem no sentido de permanecermos seres humanos, mas não funcionalmente, por sermos agora escravos do pecado, incapazes de usar nossos poderes para espelhar a santidade de Deus. A regeneração começa em nossa vida o processo de restauração da imagem moral de Deus. Porém, enquanto não formos inteiramente santificados e glorificados, não podemos refletir, de modo perfeito, a imagem de Deus em nossos pensamentos e ações – como fomos criados para fazer e como o Filho de Deus encarnado refletiu na sua humanidade (Jo 4.34; 5.30; 6.38; 8.29,46).

Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra, Nota Teológica, página 10. Compre este livro http://www.cep.org.br

7.3 Gênesis 2.7 - E formou o Senhor Deus o homem

“E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.”

Em Gênesis 2.7 faz-se clara distinção entre origem do corpo e a da alma. O corpo foi formado do pó da terra; na sua produção Deus fez uso de material preexistente. Na criação da alma, porém, não houve modelagem de materiais preexistentes, mas a produção de uma nova substância. A alma do homem foi uma nova produção de Deus, no sentido estrito da palavra. Jeová “lhes soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”.

Com esta simples palavra afirma-se a dupla natureza do homem, e o que nos ensinam é corroborado por outras passagens da Escritura, como Ec 12.7; Mt 10.28; Lc 8.55; 2 Co 5.1-8; Fp 1.22-24; Hb 12.9. Os dois elementos são corpo e o sopro ou espírito de vida nele soprado por Deus, e com a combinação dos dois o homem se tornou “alma vivente”, o que neste contexto significa simplesmente “ser vivo”.”

Autor: Louis Berkhof
Fonte: Teologia Sistemática do autor, p. 183, Ed Cultura Cristã (CEP).

7.4 Os seres Humanos como Corpo e Alma
Gn 1.1-2.5; Ec. 12.7; Mt 10.28; Rm 8.18-23; 1 Co 15.35-55

Três vezes por semana sofro uma tortura sob a direção do meu preparador físico pessoal, na Academia que freqüento. Ele é meu Faraó particular. Exercícios cardiovasculares, levantamento de peso e as desagradáveis contorções dos exercícios abdominais são parte da minha rotina. Tudo isso, a despeito do conhecimento do texto bíblico: "o exercícios físico para pouco é proveitoso"! (1 Tm 4.8)

Enquanto me preocupo com meu corpo, com meu peso, aparência e saúde geral, lembro-me das palavras de Jesus: "Não temas os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aqueles que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo." (Mt 10.28)

Os seres humanos, criados à imagem e semelhança de Deus, são criaturas feitas de um corpo material e uma alma não-material. A alma ás vezes é referida como espírito.

Tanto o corpo quanto a alma são criados por Deus e são aspectos distintos da nossa composição pessoal. A visão bíblica do seres humanos difere radicalmente da visão dos gregos antigos. Nosso corpo e nossa alma compõem uma dualidade, não um dualismo. Na teoria dualística dos gregos, o corpo e a alma são visto como substâncias incompatíveis que coexistem em constante tensão. São fundamentalmente incompatíveis. Geralmente o dualismo afirma que existe algo inerentemente mau ou imperfeito sobre qualquer objeto físico, e, portanto vê o corpo como um recipiente mau para a alma pura. Para os gregos, a salvação significa libertar a alma do corpo, quando a alma é finalmente liberta da prisão domiciliar da carne.

A visão bíblica do corpo é que ele foi criado bom e não há nenhum mal inerente em sua substância física. Mesmo assim, ele sofre de corrupção moral, da mesma maneira que a alma. O ser humano é pecador no corpo e na alma. O Cristianismo, longe de ensinar a redenção da prisão do corpo, ensina a redenção do corpo.

Como uma dualidade, o ser humano é uma entidade com duas partes distintas unidas pelo ato da criação divina. Não há necessidade - nem filosófica, nem exegética - de acrescentar uma terceira parte ou substância (como o espírito) para ser o elo na tensão dualística. A teologia ortodoxa rejeita a visão tricotomista do ser humano, segundo a qual é concebido com três partes distintas: corpo, alma e espírito.

Embora muitos teólogos tenham defendido a imortalidade natural ou essencial da alma humana, é importante lembrar que a alma humana: (1) é criada por Deus é não é inerentemente eterna; (2) embora não seja composta de matéria e sujeita à dissolução por forças físicas, contudo pode ser destruída por Deus. A alma não pode existir nem por um momento à parte do poder sustentador de Deus. "Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos" (At 17.28).

Na morte, apesar de o corpo morrer, a alma - tanto do crente como do não-crente - continua viva. Os crentes ficam aguardando a consumação de sua redenção e a glorificação de seus corpos. O impenitente fica aguardando o julgamento eterno de Deus. Deus preserva a alma da morte, e por isso o ser humano tem uma continuidade de existência pessoal consciente além do túmulo. Toda pessoa está caída; tanto o corpo quanto a alma são objetos da graça salvadora de Deus.

Sumário

1. Os seres humanos têm um corpo material e uma alma imaterial.

2. Os seres humanos formam um unidade-na-dualidade. O Cristianismo rejeita a noção grega de dualismo.
figura

3.  O corpo humano é parte da boa criação de Deus. Embora esteja caído, assim como alma, nenhum dos dois é inerentemente mau.

4. A alma humana não é naturalmente eterna. Tem de criada e sustentada por Deus.

Autor:  R. C. Sproul
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro em http://www.cep.org

7.5 A origem da Alma
Como surge a alma no ser humano? Será que Deus tem um “estoque de almas” no céu, e as faz encarnar em algum momento propício?

Entendemos que a alma humana não tem uma espécie de “pré-existência”. Ou seja, ela passa a existir justamente com o corpo. Mas ainda assim, precisamos identificar como acontece esse “surgimento” da alma. 
Há duas teorias principais que podem conter elementos verdadeiros: criacionismo e traducionismo.

A. O criacionismo
O criacionismo diz que cada alma é uma criação imediata de Deus. O momento dessa criação não se pode deduzir com certeza, mas é em algum momento na formação do feto. Segundo essa teoria a alma é uma “criatura pura” unida a um corpo depravado. Mas não significa que no momento da união a alma seja corrompida pelo contato com o corpo, e sim que a alma é criada juntamente com o corpo, na geração feita pelos pais, e então, é formada dentro da complexidade de pecado que pesa sobre toda a humanidade¹.

B. O traducionismo
A outra teoria, o traducionismo, diz que a alma é herdada dos pais. Ela é produzida juntamente com o corpo pela geração natura. Ambas as teorias encontram alguma base bíblica e é difícil escolher entre as duas.

Nos inclinamos um pouco mais para o traducionismo² por ele parecer refletir melhor o ensino da Gênesis. Deus teria soprado apenas em Adão a alma, e assim ela foi passando a todos os seus descendentes, que geralmente são vistos como estando nos “Lombos” dos Pais (Gn 46.26; Hb7.9,10). Quando a mulher foi criada, nada se fala da alma, o que pode significar que ela a herdou de Adão. O problema maior com o traducionismo é que ele parece fazer da alma um objeto que se divide, se originando da alma do pai, da mãe, ou de ambos. Talvez uma forma de sair desse problema seja dizer que nos surgimento da alma acontece tanto uma herança natural, quanto um ato criativo de Deus. Será que não podemos afirma isto também do próprio corpo humano? De certo modo o corpo é apenas o resultado de heranças genéticas, mas isto significa que Deus não participa ativamente da formação do corpo humano? O salmista disse: “...tu formaste o meu interior tu me teceste no seio de minha mãe” (Sl 139.13). Ele está descrevendo a maneira com Deus o formou dentro do ventre de sua mãe. Assim, dizemos que a alma é tanto o resultado dos pais. Como de uma espécie de herança dos pais, como de um ato criativo.

Nota:
¹ - Ver Louis Berkhof. Teologia Sistemática, Campinas: Luz Para o Caminho, 1992, p. 199.
² - Ao contrário de Berkhof (ver Louis Berkhof. Teologia Sistemártica, p. 201).

Autor: Leandro Lima
Fonte: Revista Expressão – O ser humano, pg. 13,14, Editora Cultura Crista. Compre esta trimestral e excelente revista em www.cep.org.br 

7.6 A Consciência Humana
Lucas 11.39-44; Romanos 2.12-16; Romanos 14.23; Tito 1.15

Foi Jiminy Cricket que disse: "Deixe sempre sua consciência ser seu guia". Este é um bom conselho se temos urna consciência informada e governada pela Palavra de Deus. Se, porém, nossa consciência for ignorante das Escrituras ou tenha sido cauterizada ou endurecida pelo pecado constante, então tal teologia é desastrosa.

A consciência desempenha um papel muito importante na vida cristã. É vital, contudo, que tenhamos um entendimento correto sobre ela.

A consciência, freqüentemente, tem sido definida corno a voz interior de Deus, por meio da qual nossa mente nos acusa ou nos escusa de pecados. Ela inclui dois elementos básicos: (1) o reconhecimento ou a conscientização interior do que é certo e errado e (2) a capacidade mental de aplicar leis, normas e regras a situações concretas.

Em Romanos 2.15, Paulo ensina que Deus escreveu sua lei no coração humano. A consciência humana é informada pela revelação da lei de Deus, a qual foi implantada no nosso coração humano.

As pessoas têm a responsabilidade moral de seguir sua consciência. Agir alguém contra sua própria consciência é numa atitude pecaminosa. Lutero declarou na Dieta de Worms: "minha consciência é cativa da Palavra de Deus... ir contra a consciência não é certo e nem seguro".

A réplica de Lutero revela dois importantes princípios bíblicos. Primeiro, a consciência deve ser informada ou ser "cativa" pela Palavra de Deus. É possível que a consciência seja desinformada, ou se torne cauterizada e insensível pelos pecados repetidos. Podemos ficar tão endurecidos pelo pecado habitual ou pela aceitação social do pecado que sufocamos a voz da consciência e pecamos sem sentir qualquer remorso.

Por outro lado, se nossa consciência nos persuade de que algo é ilegal ou pecaminoso, embora de fato a ação não seja pecaminosa, então ainda continua sendo errado em praticarmos aquela ação. Fazer o que consideramos mau, mesmo que de fato não o seja, é pecado. Paulo ensina que tudo aquilo que não provém de fé é pecado (Rm 14.23). Nesse caso agir contra a consciência não é nem certo e nem seguro.

Autor:  R. C. Sproul
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro em http://www.cep.org.br

7.7 Os seres Humanos como Carne e Espírito
Mt 26.36-41; Jo 3.6; Rm 7.13-8.17; Ef 2.1-3; 1 Pe 2.11

Existe muita confusão na igreja moderna quanto ao significado bíblico da carne e espírito. Por um lado, a igreja ainda luta com a idéia grega de que qualquer coisa física deve ser má em algum grau. Alguns supõem, portanto, que a vida cristã é algo inteiramente espiritual, que não tem nada a ver com nossa existência física. Alguns se apóiam nessa idéia para alegar que todas as nossas funções corporais são necessariamente más, inclusive comer, beber e ter relações sexuais. Outros, crendo que o corpo não importa, se enganam pensando que não importa como usem seus corpos, desde que a alma esteja sadia. Ambas as posições refletem uma séria distorção do ensino bíblico de carne e espírito são igualmente importantes e precisam ser alimentados e cuidados apropriadamente.

Um segundo problema surge quando se faz uma distinção muito séria entre cristão "carnal" e cristão "cheio do Espírito". Aqui se consideram três tipos de pessoas: (1) os não-cristãos carnais, (2) os cristãos carnais e (3) os cristãos cheios do Espírito Santo. Se pensamos num cristã carnal como alguém totalmente desprovido do Espírito Santo, entregue a um estilo de vida totalmente carnal, não estamos falando de um cristão carnal, mas sim de alguém que nem chega a ser cristão. Uma pessoa pode confessar ser cristã e ainda ser totalmente carnal, tornando sua confissão uma mentira. Um cristão totalmente carnal é contradição de termos.

Todo cristão é cheio do Espírito. Esse "cheio" do Espírito pode ser num grau maior ou menor, pois os cristãos variam uns dos outros em termos de submissão ao Espírito Santo. O Espírito, porém, habita em todos os cristãos.

O apóstolo Paulo fala de a batalha ou conflito que o crente experimenta ente a carne e o espírito. Ao falar assim, Paulo não está ensinando um dualismo ou uma desarmonia inerente entre corpo e a alma. O conflito que ele descreve não é algo que possa ser reduzido a uma luta entre os desejos ou apetites físicos e a virtude espiritual. O conflito é muito mais profundo que isso.

A Palavra carne (gr., sarx) às vezes é usada no Novo Testamento praticamente como um sinônimo virtual de corpo (gr., soma). Entretanto, quando essa palavra é usada num claro contraste com espírito (gr., pneuma), na maioria das vezes refere-se a algo mais do que um corpo físico. Neste caso, carne geralmente refere-se à natureza corrupta dos seres humanos caídos. Quando somos regenerados pelo Espírito Santo e nos tornamos novas criaturas em Cristo, o poder de nossa natureza caída (carne) é subjugado, mas não destruído.Devido ao fato de que a santificação é um processo que leva toda a vida, os cristãos estão engajados diariamente numa atalha com sua velha natureza, enquanto buscam crescer no Espírito e na graça. A velha natureza morre diariamente quando a nova criatura em Cristo é fortalecida pela habitação do Espírito Santo. O Espírito , que nos é dado como uma garantia e por quem somos selados, por fim prevalecerá nessa batalha. No ínterim, porém, a luta pode ser bem intensa. Os cristãos continuam a lutar contra o pecado e a tentação. A conversão nos liberta do controle total da carne, mas não nos torna perfeitos.

A luta entre a velha natureza (a carne) e o Espírito continua até nossa morte. Depois da morte somos glorificados: a carne é completamente morta e a nova pessoa é totalmente purificada.

Sumário

1. A Bíblia rejeita a idéia grega de que o corpo é intrinsecamente mau.

2. Os cristãos não devem desprezar e nem exaltar o corpo. O corpo e a ama precisam de santificação.

3. Nenhum cristão é completamente carnal ou completamente isento de carnalidade.

4. Todo cristão tem o Espírito Santo habitando nele.

5. A guerra entre a carne e o espírito não é um conflito entre o corpo e a alma, mas um conflito entre a nossa natureza caída ( a velha natureza) e nossa natureza regenerada ( a nova natureza).

6. A luta entre a carne e o Espírito continua durante toda a vida do cristão, até sua glorificação.

Autor:  R. C. Sproul
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro http://www.cep.org.br

7.8 A graça de Deus como libertação e o combate

A graça de Deus algumas vezes é chamada libertação ou livramento, sendo que por ela somos libertados da escravidão do pecado; mas também é chamada, ora reparação do nosso ser, pela qual, sendo posto de lado o velho homem, somos restaurados à imagem de Deus; ora regeneração, pela qual somos feitos novas criaturas; ora ressurreição, pela qual Deus, fazendo com que morramos, ressucita-nos por seu poder. Todavia, aqui é preciso observar que o livramento nunca é completo, visto que uma parte de nós permanece sob o jugo do pecado; que a restauração jamais se realiza completamente, portanto muita coisa dos vestígios do homem terreno permanece; e que a ressurreição nunca é completa, pois alguma coisa retemos do velho homem. Isso porque, enquanto estamos encerrados nesta prisão que o nosso corpo é, trazemos sempre conosco as relíquias, ou seja, os restos da nossa carne, os quais na mesma proporção diminuem a nossa liberdade. Porque a alma fiel, depois da sua regeneração, divide-se em duas partes, entre as quais há uma diferença perpétua. Pois, quando é regida e governada pelo Espírito de Deus, ela deseja e ama a imortalidade, o que a incita e a induz à justiça, à pureza e à santidade, e assim não medita noutra coisa senão na bem-aventurança do reino celestial, e aspira inteiramente à companhia de Deus; e no que permanece ainda em seu natural, estando impelida pela lama terrena e envolta em más ambições, não enxerga o que de fato é desejável e onde está a verdadeira felicidade. Detida pelo pecado, mantém-se longe de Deus e da sua justiça.

O combate cristão

Daí surge um combate que põe em ação o homem fiel durante sua vida toda, sendo que pelo Espírito é elevado às alturas, e pela carne é levado a desviar-se e é derribado. Segundo o Espírito, ele se dirige cheio de ardente desejo para a imortalidade; segundo a carne, desvia-se por um caminho que leva à morte. Segundo o Espírito, ele pensa em viver retamente; segundo a carne, é atraído pela  iniqüidade. Segundo o Espírito, ele é conduzido para Deus; segundo a carne, é levado a recuar. Segundo o Espírito, ele condena o mundo; segundo a carne, cobiça os prazeres mundanos.
Não se trata aqui de uma especulação frívola, da qual não teríamos nenhuma experiência na vida, mas é uma doutrina caracterizada pala prática, que verdadeiramente experimentamos em nós, se somos filhos de Deus.

Autor: João Calvino
Fonte: As Institutas - Edição Especial, p. 132,133.Editora CEP. Compre este maravilhoso livro em http://www.cep.org.br 

7.9 A Aliança das Obras
Gn 2.17; Rm 3.20-26; Rm 10.5-13; Gl 3.10-14; Rm 3.23

"Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás." (Gn 2.17)

Quando Adão e Eva foram criados, entraram num relacionamento moral com Deus, seu Criador. Tinham a responsabilidade de obedecê-lo, sem nenhum direito inerente a recompensa ou bênção por tal obediência. Deus, entretanto, em seu amor, misericórdia e graça, voluntariamente entrou numa aliança com suas criaturas pela qual adicionou à sua lei uma promessa de bênção. Não se tratava de  uma aliança entre partes iguais, mas de uma aliança de descansava sobre iniciativa de Deus e sua autoridade divina.

A aliança original entre Deus e a humanidade foi uma aliança de obras. Nesta aliança, Deus exigiu obediência perfeita e total ao seu governo. Prometeu vida eterna com bênção pela obediência, mas ameaçou a humanidade com a morte, caso desobedecessem sua lei. Todos os seres humanos, de Adão até nós, no tempo presente, inevitavelmente são membros dessa aliança. As pessoas podem recusar-se a obedecer ou até mesmo recusar-se a reconhecer a existência  de tal aliança, mas nunca poderão escapar dela. Todo ser humanos se acha em relacionamento de aliança com Deus, seja como violador da aliança ou como guardador da aliança. A aliança das obras é a base da nossa necessidade de  redenção (porque nós a violamos) e nossa esperança de redenção (porque Cristo cumpriu seus termos por nós).

Um único pecado já é suficiente para violar a aliança das obras e nos tornar devedores que não podem pagar a própria dívida para com Deus. O fato de que ainda tenhamos esperança de redenção, mesmo depois de pecar, ainda que seja um único pecado, é devido à graça de Deus e somente à graça de Deus.

As recompensas que recebemos de Deus no céu também são atos de  graça. Representam Deus corando seus próprios dons de graça. Se Adão tivesse obedecido a aliança divina das obras, ele teria alcançado o mérito que procede da virtude de cumprir os requisitos da aliança com Deus. Adão caiu em pecado e por isso Deus, em sua misericórdia, acrescentou uma nova aliança com base na graça pela qual a salvação tornou-se  possível e disponível.

Somente um ser humano conseguiu guardar a aliança das obras. Essa pessoa foi Jesus. Sua ação, como segundo ou novo Adão, satisfez todos os termos da nossa aliança original com Deus. Seu mérito em alcançar isso está disponível a quem puser sua confiança nele.

Jesus é a primeira pessoa a entrar no céu por suas boas obras. Nós também entramos no céu pelas boas obras - as boas obras de Jesus. Elas se tornam "nossas" boas obras quando nós recebemos Cristo pela fé. Quando depositamos nossa fé em Cristo, Deus credita as boas obras dele em nossa conta. A aliança da graça cumpre a aliança das obras porque Deus graciosamente aplica o mérito de Cristo em nossa conta. Desta maneira, pela graça satisfazemos os  termos estabelecidos na aliança das obras.

Sumário

1.Deus entrou numa aliança de obras com Adão e Eva.

2. Todo ser humanos está inevitavelmente envolvido na aliança divina das obras.

3. Todo ser humano é violador da aliança das obras.

4. Jesus cumpriu a aliança das obras.

5. A aliança da graça nos proporciona os méritos de Cristo, pelos quais os termos da aliança das obras são satisfeitos.

Autor:  R. C. Sproul
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã

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