quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A Incomparável Graça Divina em Contraposição ao Pecado: Uma Análise de Romanos 5.12-21 - Parte I.


(Neste artigo trataremos o capítulo 5 versículos 12 a 15 de Romanos).

O que podemos descrever acerca da Graça divina conquistada e doada ao povo eleito de Deus por meio da obra salvífica de Cristo? Será que o pecado pode de alguma forma superar este dom gratuito de Deus dado a seu povo, a saber, a Graça? Como podemos asseverar que o pecado não pode de forma alguma superar a Graça divina? Através da exorbitante eloquência do apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos descobriremos o quão a Graça divina é maravilhosa para a vida do povo eleito de Deus.

É nesta parte especifica de Romanos que o apóstolo relata uma analogia entre Adão o representante ou progenitor de toda raça humana e entre Jesus Cristo o representante de uma nova humanidade. É válido ressaltar que Adão como representante de toda raça humana trouxe por meio de sua desobediência a Deus o pecado que resulta em condenação e que traz como consequência a morte, por isto como seus descendentes possuímos geneticamente o pecado, sendo assim a Bíblia nos diz que “todos pecaram”(Romanos 5.12c). Há um grande paradoxo segundo Paulo entre Adão e Cristo, pois Cristo diferentemente de Adão obedeceu ao Pai em todos os aspectos de sua vida e por meio de sua obra salvífica amainou a ira de Deus contra o pecado de seu povo trazendo assim justiça que resulta na justificação de pecados para seus eleitos tornando possível a seu povo desfrutar da vida eterna.

No verso doze Paulo escreve: Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram. Neste versículo Paulo enfatiza a imensa irresponsabilidade de Adão em desobedecer às ordenanças Divinas, tal desobediência trouxe consequências devastadoras para sua posteridade. Paulo nos revela o caráter universal de tais consequências, a saber, o pecado e a morte, todos eles são patentes à humanidade por causa de Adão. Portanto, segundo John Murray em seu comentário de Romanos “a morte entrou no mundo através do pecado de um único homem e permeou a raça humana através do pecado de todos”. Concluímos então que o pecado de Adão tornou-se o pecado de toda humanidade e este pecado propagou a morte a todos os homens, selando assim, nosso destino ao de nosso progenitor.

O verso treze e quatorze relata o seguinte:Porque antes da lei já estava o pecado no mundo, mas onde não há lei o pecado não é levado em conta. No entanto a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão o qual é figura daquele que havia de vir. Devemos tomar nota que o apóstolo Paulo tem em mente nestes versos o tempo pré-mosaico, ou seja, o tempo que vai de Adão até a formulação da Lei escrita de Deus para o povo israelita. Paulo nos relata que mesmo antes da Lei escrita o pecado já estava no mundo, recordemos que o mesmo adentrou no mundo por meio da desobediência de Adão, daí, o apóstolo segue informando que onde não há Lei o pecado não é levado em conta, levando-se em consideração que o pecado existe intrínseco e extrinsecamente na raça humana, portanto, quando não há Lei que norteie os indivíduos em como portarem-se diante de Deus tais pecados não se tornam públicos expondo desta maneira toda sua ignomínia. No verso quatorze Paulo demonstra a solidariedade do pecado na raça humana e de sua consequência, a saber, a morte. Tomando por base a época pré-mosaica Paulo assevera que a morte reinou ou alcançou aqueles que não pecaram a semelhança de Adão, aqui devemos compreender que tais pessoas também eram pecadoras, porém, as mesmas não possuíam uma ordenança ou mandamento expresso diretamente de Deus como Adão possuía e como num futuro através de Moisés o povo israelita viria a conhecer na Lei escrita de Deus. Na última parte do verso o apóstolo Paulo aponta Adão como uma figura de Cristo, porém, Cristo cumpre o papel que Adão não pôde cumprir sendo o representante perfeito de uma nova humanidade.

O versículo 15 de Romanos capítulo 5 diz o seguinte: Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. Paulo faz no começo deste verso uma enorme diferenciação entre a Graça de Cristo que é fundamentada na justificação de pecados (tal Graça foi alcançada por meio de sua obra salvífica na cruz) e a ofensa de Adão que trouxe condenação a todos os seus descendentes. Nos demais argumentos do versículo o apóstolo procura demonstrar a seus leitores o quanto a Graça de Cristo supera a ofensa de Adão que trouxe a morte para toda humanidade, tal superioridade é demonstrada no verso vinte “onde abundou o pecado superabundou a Graça”. Paulo em hipótese alguma desconsidera o juízo divino sobre o pecado, já que, o juízo divino se realiza de forma implacável através da morte. Doravante, Paulo reconhece também que quando a Graça opera a superabundância se evidencia, já que, a Graça de Cristo não somente anula a realização do juízo como também abunda em relação à justificação dos pecados e da vida eterna. Enquanto o pecado reina para a morte, a Graça reina mediante a justiça, para a vida eterna.

Estes são alguns fatores que nos levam a reconhecer que a Graça divina é incomparável principalmente em relação ao pecado. Cristo nos deu sua Graça, isto é, um presente seu para seu povo escolhido pelos séculos dos séculos até o dia de sua vinda, pois digno é o Cordeiro de Deus de receber toda honra e glória de eternidade a eternidade.


Soli Deo Glória!
Pr. Narciso Montoto.

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