A PREGAÇÃO APOSTÓLICA - Harry L. Poe
As várias epístolas no NT apresentam a coleção de ensinamentos dos apóstolos, mas apenas o livro de Atos registra a pregação deles. Quando falavam em público, os apóstolos voltavam sua mensagem para os não convertidos- Eles destacavam o evangelho de Jesus Cristo e pregavam a conversão. Os apóstolos reservavam sua instrução doutrinária e ética para a igreja (At 2.42).
Em Atos temos relatos mais longos apenas das pregações de Pedro, Paulo e Estevão, mas elas trazem o conceito de evangelho aceito em termos gerais. A mesma mensagem básica do evangelho aparece nos registros completos das pregações. Onde há apenas um comentário sobre uma pregação, ele costuma destacar um dos elementos essenciais do evangelho que havia nas mensagens completas.
Pedro pregou cinco sermões grandes em Atos: do lado de fora da casa onde o Espírito Santo veio sobre a Igreja (2.14-40), no pórtico de Salomão (3.11-26), perante as autoridades e anciãos do povo (4.8-12), diante do Sinédrio (5.29-32) e diante de Cornélio e seus convidados (10.34-43).
Paulo pronunciou diversos sermões em Atos, mas apenas três constam de forma mais substancial: em Antioquia da Pisídia (13.16-41), em Atenas (17.22-31) e perante Agripa (26.2-23). Além desses, porém, temos comentários breves de outras pregações: em Damasco (9.20), em Listra (14.15-17), em Tessalônica (17.2-3), em Corinto (18.5) e em Éfeso (19-14;20.21).
Atos igualmente faz referência ao conteúdo da pregação de Estevão (7.1-56), Filipe (8.5,12, 35) e Apolo (18.28). Em outras passagens, Atos menciona apenas que os apóstolos pregavam apalavra. Contudo, por causa da coerência da mensagem nas primeiras passagens, podemos concluir que, quando eles pregavam a palavra, estavam proclamando o evangelho de Jesus Cristo.
A mensagem pregada pelos apóstolos tinha em comum vários elementos essenciais:
1) Eles proclamavam que as Escrituras haviam se cumprido. Com coerência, eles provavam que Jesus era o Cristo, de acordo com as Escrituras e não em contradição com elas. Sua mensagem de salvação dava continuidade a tudo o que Deus estivera fazendo para salvar as pessoas desde a criação. Eles não estavam apresentando uma nova religião, mas o clímax de tudo o que Deus prometera.
2) O cumprimento veio na pessoa de Jesus, que eles proclamavam como Messias ou Cristo: Filho de Davi e Filho de Deus.
3) A salvação veio pela morte, sepultamento e ressurreição de Jesus, que subiu para a direita de Deus, de onde virá novamente para julgar o mundo.
4) A salvação consiste no perdão dos pecados e na dádiva do Espírito Santo. Quando o pecado é retirado e o Espírito Santo entra na pessoa, ela recebe a vida eterna.
5) A reação apropriada a esse evangelho é marcada pelo arrependimento em relação a Deus e pela fé no Senhor Jesus. Os crentes tornavam pública essa reação por meio do batismo.
Quando os apóstolos levavam a mensagem para além dos judeus, precisavam fazer um embasamento da mensagem, mas isso era desnecessário nos casos em que as pessoas já possuíam as mesmas pressuposições teológicas. Em Listra e Atenas, Paulo teve de começar apresentando Deus como Criador (14.15-17; 17.22-31).
Em Jerusalém, Pedro pôde falar aos judeus sobre Jesus como Senhor, título sagrado entre os judeus. Os gentios usavam o termo "Senhor" de modo muito vago.
Para expressar o mesmo título divino, Paulo referiu-se a Cristo como o Filho de Deus. Pedro não explicou a relação entre a morte de Cristo e o perdão dos pecados. A lei judaica deixava claro que a expiação resultava do sacrifício com derramamento de sangue; Pedro não precisava explicar isso. Para os gentios. Porém, Paulo explicou a relação que havia e que Cristo morreu por nossos pecados, principalmente em suas cartas (lCol5-3).
FONTE: Manual Bíblico Vida Nova – David S. Dockery
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