terça-feira, 25 de setembro de 2012


Wesley e o debate com o Calvinista...

John Wesley, Ministro Anglicano

A seguir, trecho do diálogo entre o calvinista Charles Simeon (1759-1836) e o [arminiano] John Wesley, por ocasião de um debate entre os dois. Os dois, vale a pena lembrar, eram ministros anglicanos.

A leitura é maravilhosamente edificante. Se todo arminiano fosse como Wesley... Infelizmente, o que a maioria de vocês ouve como "arminianismo" não passa de semi-pelagianismo, ou pelagianismo puro! Pelagianismo, a saber, é a doutrina que, dentre outras coisas, ensina que a salvação está em algum grau relacionada as boas obras. Nunca podemos inverter essa ordem: a Salvação produz boas obras, mas as boas obras não podem produzir salvação.

SIMEON: Senhor, o senhor é tido como arminiano; eu muitas vezes sou chamado de calvinista, logo devo supor que estejamos em posição de duelo. Mas, antes de consentirmos sobre usar os punhais, com sua permissão, gostaria de lhe fazer algumas perguntas. O senhor vê a si mesmo como alguém que jamais teria pensado em voltar-se para Deus, caso Deus não lhe tivesse atuado em seu coração?

WESLEY: Sim, admito este fato!

Charles Simeon, ministro anglicano
SIMEON: E você desistiu de tentar ganhar o favor de Deus por meio de qualquer coisa que pudesse fazer, e viu a salvação como sendo exclusivamente pelo sangue de Cristo e a justiça de Cristo?

WESLEY: Sim, somente através de Cristo.

SIMEON: Então, senhor, devo supor que, sendo primeiramente salvo por Cristo, o continuar salvo depende daquilo que você faz para Cristo?

WESLEY: Não! Eu devo ser salvo por Cristo do primeiro ao último passo!

SIMEON: Como assim? Quer dizer que você é sustentado a cada momento por Deus, tanto quanto um bebê nos braços de sua mãe?

WESLEY: Sim, absolutamente.

SIMEON: Então, toda sua esperança de ser preservado até a Glória Celestial reside apenas na Graça e na Misericórdia de Deus?

WESLEY: Sim, não tenho nenhuma outra esperança, que não Ele.

SIMEON: Sendo assim, senhor, com sua licença vou guardar meu punhal, pois é exatamente assim o meu Calvinismo: esta é a minha eleição, minha justificação pela fé, e minha perseverança final. 

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