terça-feira, 25 de setembro de 2012



IV.         Agora, por último, deixe-me falar do dever prático de todos os crentes conectados com as verdades que acabamos de considerar.

Aquele dever prático nos é posto em palavras claras, - “Deixemos,pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz.”

Leitor, a palavra “pois” é geralmente usada pelo apóstolo Paulo de uma maneira bem marcante e convincente. Tome alguns exemplos, e você logo perceberá o que quero dizer.

Quando ele termina a parte doutrinária da Epístola aos Romanos, e começa sua exortação prática, qual é sua linguagem? “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.” (Romanos 12:1).

Quando ele pregou a ressurreição do corpo aos coríntios, como ele finaliza seu argumento? “Portanto[6], meus amados irmãos, sede firmes e constantes (1 Coríntios 15:58)”.

Quando ele pôs firme fundamento da doutrina para a Igreja de Éfeso,  como ele procedeu para endereçá-los deveres práticos? “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados.” (Efésios 4:1).

E aqui, como em outros lugares, a palavra “pois” vem sobre nós de uma maneira muito sutil e convincente. Vai alta a noite, evem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas erevistamo-nos das armas da luz.”

Leitor, eu amo observar como a doutrina da segunda vinda e reino de Cristo é estritamente relacionada com santidade pessoal. Surpreendo-me que alguém possa considerar a segunda vinda e reino do nosso Senhor Jesus como assuntos meramente especulativos, ou denunciá-las como assuntos não proveitosos. Para minha própria consciência, eles aparentam ser eminentemente práticos, ou então eu li minha Bíblia sem muito propósito.

O apóstolo Paulo falou aos filipenses: “Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor. (Filipenses 4:5). E aos colossense disse: “Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória. Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria;”(Colossenses 3:2-5). Não é ordenado aos hebreus que se exortem “uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” (Hebreus 10:25)? Pedro diz: “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz.” (2 Pedro 3:13-14)? Esses textos para mim parecem falar com grande firmeza. Não sei como esta força pode ser evitada. Eles fazem da vinda de Cristo, e do dia da glória, um argumento para o aumento da santidade. E é do mesmo modo que Paulo diz, “Deixemos, pois, as obras das trevas erevistamo-nos das armas da luz.”

Leitor, como você “deixará as obras das trevas”? Ouça-me, e eu lhe direi.
        
Você deve deixar de lado tudo em sua vida e hábitos que não comportem a luz do advento de Cristo. Você deve fazer disso um princípio de consciência: de não fazer nada que você não gostaria ser encontrado fazendo quando Jesus vier de novo para reunir seu povo.
        
De fato, este é um teste sutil. Sua aplicação deve ser deixada para o coração de cada homem. Cada um deve julgar por si mesmo. Cada um deve provar suas próprias obras. Cada um deve estabelecer um veredicto dentro de si, e, honestamente pôr seus caminhos à prova. Oh! Que tenhamos vontade de lidar com justiça com nós mesmos! Oh! Que tenhamos prontidão diária em julgar a nós mesmos a fim de que não sejamos julgados pelo Senhor, e condenar a nós mesmos, e não sermos condenados no último dia.
        
Peço a cada leitor deste tratado que a luz do dia de Cristo tenha relevância para o seu homem interior. Empenhe seus anos, meses, semanas, dias e horas em fazer este dia brilhar, e o que quer que você encontre dentro de si que se aparente com as trevas, a arranque fora e jogue bem longe. Não mantenha qualquer hábito questionável. Não tenha compromisso com práticas duvidosas. Quebre cada ídolo, seja ele grande ou pequeno. Corte cada bosque, e limpe cada câmara pintada com imagens[7]. Não se apegue a nada do qual você se envergonhariadiante dos olhos de Cristo. Acabe com isso imediatamente, para que Ele não venha subitamente e envergonhe você. Oh! Que ele jamais diga do coração de nenhum leitor naquele dia, “este coração professava ser templo do Espírito Santo, mas tu o fizeste covil de ladrões.”

Leitor, teste todo o uso do seu tempo pelo teste da segunda vinda de Cristo. Pese nessa balança suas diversões, seus livros, suas companhias, sua maneira de conversar, seu comportamento diário em todas as relações da vida. Meça tudo por esta medida, - “Vai alta a noite e vem chegando o dia. Estou vivendo como filho da noite, ou como um que procura pela luz do dia?” Faça isso, e você irá deixa as obras das trevas.
        
Mas como você se revestirá das armas da luz? Ouça-me mais uma vez, e eu lhe direi.
        
Você deve almejar cada graça e hábito que o torne um crente em Jesus, um filho de Deus, um cidadão do reino dos céus. Você não deve deixar de lado a santidade visível e a espiritualidade, como se ninguém, exceto alguns santos favorecidos, pudessem ser santos proeminentes. Você deve trabalhar para vestir as armas da luz por si mesmo, o cinturão da verdade, a couraça da justiça, o capacete da esperança e a espada do Espírito (Efésios 6:14-17). Onde quer que você viva, e qualquer que sejam suas provações – que grandes sejam suas dificuldades, e quão pequenas sejam suas fontes de socorro – nada deve impedir seu desejo pelo alto padrão, por se comportar como alguém que acredita que Cristo virá novamente.
        
Você deve resolver, com a ajuda de Deus, viver de tal modo que o dia de Cristo encontre você necessitando tão pouca mudança quanto possível. Você deve procurar ter gostos tão celestes, afeições tão espirituais; uma vontade tão submetida; uma mente pouquíssimo conformada com o mundo, que quando o Senhor aparecer você possa verdadeiramente estar preparado para o Seu reino. Verdadeiramente foi bom o que disse Dr. Preston, eu seu leito de morte: “vou mudar de lugar mas não de companhia.”

Ah leitor, temo que alguns crentes estarão bem menos preparados para o dia do que outros! Suspeito que alguns terão uma entrada mais abundante no céu do que seus irmãos. Mais ousadia, mais confiança, mais prontidão pela companhia do Senhor. Oh! Que para cada um em cujas mãos este tratado cair possa andar com o Senhor tal qual Enoque, que foi trasladado de um baixo degrau de comunhão, para um mais alto, de andar pela fé, para andar pelo que vê. Isso é vestir-se das armas da luz.

Que haja luz em seu coração continuamente, Cristo habitando nele pela fé, sendo sentido, conhecido, e experimentado pela sua alma. Que haja luz em sua vida continuamente, Cristo refletido nela, seguido, imitado, e copiado. Procure ser luz neste mundo, e nada menos. Um brilho, uma luz clara, uma que os homens possam ver de longe. Faça isso e você se vestirá das armas da luz.

Viva como se você pensasse que Cristo pode voltar a qualquer momento. Faça tudo como se fosse a última vez. Diga cada coisa como se fosse a última palavra. Leia cada capítulo da Bíblia como se você não soubesse se poderia ler novamente. Ore cada oração como se você sentisse que essa poderia ser sua última oportunidade. Ouça cada sermão como se estivesse ouvindo uma vez e para sempre. Este é o modo de ser encontrado pronto. Este é o modo de ter a segunda vinda de Cristo em boa estima. Este é o modo de vestir as armas da luz.

1.                E agora talvez este tratado caia nas mãos de alguém descuidado, imprudente, não-convertido. Leitor, você é este homem? Então, lembre-se destas palavras “vai alta a noite e vem chegando o dia.”

O que você anda fazendo? Come, bebe, dorme, se veste, trabalha, vende, compra, ri, lê, mas não faz nada pela sua alma. O inferno está abrindo sua boca para você, e você está descuidado. Cristo está vindo julgar o mundo e você está despreparado. O tempo urge e você não está pronto para a eternidade. Oh! Acorde para o seu perigo e arrependa-se hoje. Acorde e chame seu Deus antes que seja tarde demais para orar. Acorde e veja o Senhor Jesus Cristo antes que a porta se feche e o dia da ira comece. Você pode ser visto como sábio e inteligente neste mundo, mas vive como um louco.

2.               Mas talvez este tratado tenha caído nas mãos de alguém que está indeciso e vacilante entre duas opiniões. Leitor, você é este homem? Então lembre-se destas palavras, “vai alta a noite e vem chegando o dia.”
        
O que você anda fazendo? Você ouve, escuta, deseja, espera, pensa, planeja, espera, decide, mas não vai adiante. Você vê a arca, mas não entra nela. Vê o pão da vida, mas não o come. Você espera. E o tempo se vai. O diabo está dizendo para você: “terei essa alma antes do tempo.” Oh! Saia do mundo e não se prolongue mais. Tome sua cruz. Livre-se das desculpas vãs. Confesse Cristo perante os homens.
        
Cuidado, eu digo, para que não se decida tarde demais. De novo, eu digo, cuidado.

3.               Mas talvez este tratado caia nas mãos de um crente verdadeiro. Leitor, você é este homem? Lembre, então, destas palavras: “vai alta a noite e vem chegando o dia.”

Peço que viva como se acreditasse nas palavras que acabamos de considerar, e então mostre ao mundo que você crê nelas.Quanto mais perto você está de casa, mais acordado você deve estar. Quando mais você percebe a segunda vinda pessoal do Senhor Jesus, mais vívido deve ser seu cristianismo.
        
Ah! Leitor, é bem verdade, como Legh Richmond disse em seu leito de morte: “Nós estamos meio acordados! Nós estamos meio acordados!”. O melhor de nós precisa ter seu coração agitado pela lembrança. Vamos esfregar os olhos sonolentos de nossa mente, e olhar a rápida vinda de nosso Mestre de olhos bem abertos. Basta com termos sido servos apáticos e preguiçosos no passado. Para o tempo porvir, que trabalhemos como aqueles que sentem que “o Mestre logo estará aqui”.
        
Eu lembro quando era um menino, nos tempos de escola; eu podia acordar, apesar de cansado por uma longa jornada, quando eu começava a chegar em casa, tão logo eu via as velhas colinas, e árvores, e chaminés; e o senso de cansado se ia, e eu estava avivado novamente. A expectativa de ver logo os rostos que eu amava demais, alegria de pensar na reunião de família, tudo isso estava apto a levar o sono para longe. Certamente deve ser assim conosco, no que diz respeito às nossas almas. Vai alta a noite e vem chegando o dia. Ainda por um pouco, e o que vem virá, e não tardará. Deixemos então toda obra das trevas. Revistamo-nos com as armas da luz. Envergonhemo-nos de nosso passado de apatia. Acordemos, e não durmamos mais.


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FONTE

Todo direito de tradução em português protegido por lei internacional de domínio público


Tradução: Matheus Henrique Klem Galvez
Revisão Geral: Armando Marcos Pinto
Capa: Victor Silva

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