Em Que Consiste a Bem-aAventurança do Céu, Até Onde Nos é Revelada?
1º. Negativamente: no livramento perfeito do pecado e de todas as suas conseqüências, físicas, morais e sociais - Ap. 7:16,17; 21:4,27.
2º. Positivamente: (1) Na perfeição da nossa natureza, material bem como espiritual; no pleno desenvolvimento e exercício harmonioso de todas as nossas faculdades morais e intelectuais, e no progresso desimpedido, durante toda a eternidade -1 Cor. 13:9-12; 15:45-49; 1 Jo 3:2. (2) Em vermos o nosso bendito Redentor, em desfrutarmos de comunhão com a Sua Pessoa, de participação em toda a Sua glória e bem-aventurança e, por intermédio dEle, de comunhão com todos os santos e anjos - Jo 17:24; 1 Jo 1:3; Ap. 3:21; 21:3-5. (3) Naquela "visão beatífica de Deus" que, consistindo em descobrirmos cada vez mais claramente a excelência divina apreendida com amor, transformará à alma à mesma imagem, de glória em glória - Mt. 5:8; 2 Cor. 3:18.
Quando meditarmos naquilo que as Escrituras revelam das condições da excelência celestial, devemos evitar dois erros: (1) O extremo de considerar o modo de existência que desfrutam os santos no céu como muito semelhante ao da nossa vida terrena;
(2) O extremo oposto de considerar as condições da vida celestial como inteiramente diversas das pertencentes à nossa vida presente. O primeiro desses extremos produzirá naturalmente o mau efeito de rebaixar, mediante associações indignas, as nossas idéias sobre o céu; e o outro extremo produzirá o mau efeito de destruir em grande parte o poder moral que a esperança do céu deveria ter sobre o nosso coração e a nossa vida, tornando vagas as idéias que formarmos sobre ele e, por conseguinte, distante e fraca a nossa simpatia por suas características. Para evitarmos tanto um como o outro extremo, é necessário que fixemos os limites dentro dos quais devem conter-se as nossas idéias sobre a existência futura dos santos, distinguindo entre aqueles elementos da natureza do homem e das suas relações com Deus e com os outros homens, que são essenciais e imutáveis, e aqueles que terão que ser modificados para que se torne perfeita a sua natureza em suas relações.
CONSIDEREMOS:
1º. Ocorrerão necessariamente as seguintes mudanças: (1)Todo o pecado e suas conseqüências terão que ser tirados; (2)"Corpos espirituais" terão que substituir nossa carne e nosso sangue; (3) Os novos céus e a nova terra terão que substituir os céus e a terra atuais como teatro da vida do homem; (4) As leis da organização social terão que ser mudadas radicalmente, porque no céu não haverá casamentos, porém será introduzida uma ordem social análoga à dos anjos de Deus.
2º. Os seguintes elementos são essenciais, e por isso imutáveis: (1) O homem continuará a existir sempre como composto de duas naturezas, espiritual e material. (2) Ele é essencialmente intelectual, e necessariamente vive pelo conhecimento. (3) E também essencialmente ativo, e é necessário que tenha alguma coisa para fazer. (4) O homem, como criatura que é, só pode conhecer a Deus indiretamente, isto é, por meio de Suas obras de criação e providência, da experiência da Sua obra de graça em nossos corações, e por meio de Seu Filho encarnado, que é a imagem da Sua Pessoa e a plenitude da Deidade, corporalmente. Segue-se que no céu Deus continuará a ensinar os homens por meio de Suas obras, e a operar neles por meio de motivos dirigidos à sua vontade mediante a sua inteligência.
(5) A memória do homem nunca perde para sempre nem a mais leve impressão, e será parte da perfeição celestial o fato de que toda a experiência adquirida estará sempre perfeitamente a serviço da vontade. (6) O homem é essencialmente um ser social. Isso, tomado em conexão com o ponto anterior, indica que as associações, bem como a experiência da nossa vida terrena, levarão consigo para o novo modo de existência todas as suas conseqüências, exceto onde forem necessariamente modificadas (não perdidas) pela mudança.(7) A vida do homem é essencialmente um progresso eterno para a perfeição infinita. (8) Todas as conhecidas analogias das obras de Deus na criação, na Sua providência, nos mundos material e espiritual, e na Sua dispensação da graça (1 Cor. 12:5,28), indicam que entre os santos no céu haverá diferenças quanto às suas capacidades e qualidades inerentes e também quanto à sua ordem relativa e aos seus ofícios. Essas diferenças serão, sem dúvida, determinadas (a) por diferenças constitucionais de capacidade natural; (b) por recompensas providas pela graça de Deus no céu correspondendo em grau e gênero à fidelidade, sob a graça, do indivíduo na terra, e (c) pela soberania absoluta do Criador - Mt. 16:27; Rm. 2:6; 1 Cor. 12:4-28.
Fonte: A. A. Hodge – Esboços de Teologia.
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