terça-feira, 25 de setembro de 2012




III.       Em terceiro lugar, consideremos os tempos em que nossa sorte está lançada.

O apóstolo Paulo nos diz, quando fala, “vai alta a noite, e vem chegando o dia”.

Creio que estas palavras signifiquem que a ordem final das coisas chegou, o ultimo estágio na história da Igreja. A lei e os profetas fizeram seu trabalho. O Messias prometido no outono apareceu e trouxe completa salvação. A última revelação da vontade de Deus foi feita. O caminho da vida se desvendou ante a toda humanidade. Nenhuma outra mensagem do céu deve ser esperada antes do fim. Nenhum outro livro das Escrituras será escrito. Alcançamos a última vigília da noite. Nada temos a esperar senão o amanhecer o nascer do sol.

Leitor, estas palavras, que eram verdadeiras dezoito séculos atrás, são, se possível, mais verdadeiras no tempo presente. São palavras que deveriam encontrar pouso com grande poder na Igreja de Cristo a cada ano. – “vai alta a noite, e vem chegando o dia”.

Sou daqueles que pensam que “o dia” pode não estar tão distante como alguns o supõe. Não posso guardar a ideia do retorno do Senhor em glória como um evento que, “é claro,” não pode se dar em nosso tempo, como alguns dizem. Prefiro pensar que vejo sinais do sol no horizonte. De todos os evento, eu desejo manter em mente as palavras de São Tiago, “eis que o juiz está as portas” – “a vinda do Senhor está próxima”, e as palavras de São Pedro,“e já está próximo o fim de todas as coisas” (Tiago 5:8-9 e 1 Pedro 4:7).

Não sou profeta, e posso facilmente estar enganado. Podemos morrer antes de Cristo vir e o dia amanhecer. Mas eu apelo a todo homem pensante se há ou não “sinais dos tempos” que merecem séria atenção.  Eu lhe peço que note as coisas que acontecem no mundo, e considere bem o que elas querem dizer.

Algum leitor pergunta o que eu quero dizer com “sinal dos tempos”? Deixe-o pesar bem os seguintes seis pontos, e ele saberá o que quero dizer.

1.                O que devemos dizer sobre as missões aos pagãos que tem sido estabelecidas nestes últimos dias? Sessenta anos atrás Igrejas Protestantes pareciam completamente adormecidas no assunto de missões. Dificilmente havia algum missionário enviado aos pagãos de toda a Grã-Bretanha. A ideia de pregar o Evangelho aos selvagens e idólatras era ridicularizada. Os primeiros incentivadores de missões foram tratados com frieza por muitos que deveriam conhecer melhor o assunto. Mas agora o sentimento está completamente mudado. Estamos empregando centenas de missionários em cada quadrante do globo. E o que diz a Escritura, “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.”Mateus 24:14.

2.               O que diremos do interesse surpreendente nos judeus neste últimos dias? Sessenta anos atrás ser um judeu era um insulto, um motivo de riso. Nenhum homem importava-se com a alma dos filhos de Abraão. Eram um povo desprezado, ignorado e pisoteado. Podia muito bem ser dito, “É Sião, já ninguém pergunta por ela.” (Jeremias 30:17) Mas agora o sentimento está diferente. Os interesses espirituais são objeto de profunda preocupação para os cristãos verdadeiros. Seus direitos civis são levados ao extremo. A própria cidade de Jerusalém tem pesado no conselho de reis. E o que diz a Escritura? “Tu te levantarás e terás piedade de Sião; pois o tempo de te compadeceres dela, o tempo determinado, já chegou. Porque os teus servos têm prazer nas suas pedras, e se compadecem do seu pó. Então os gentios temerão o nome do SENHOR, e todos os reis da terra a tua glória. Quando o SENHOR edificar a Sião, aparecerá na sua glória.” (Salmos 102:13-16)

3.               O que diremos do maravilhoso aumento de conhecimento e comunicações entre as nações nestes dias? Sessenta anos atrás, encontrar um homem pobre que podia ler era algo incomum. Em poucos anos, alguém que não sabe ler será algo raro. Sessenta anos atrás havia poucos que viajavam além das fronteiras de seu próprio país. Agora cada um pode ir em qualquer direção, e nossa população é como enxame de abelhas perturbadas. Navegação a vapor e ferrovias alteraram a característica da sociedade. Tempo e espaço são nada. Mares, montanhas e rios não são mais obstáculos. Deus separou as nações no dia de Babel. O homem está trabalhando duro para fazer delas uma só novamente. E o que diz a Escritura? “E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará.” (Daniel 12:4)

4.               O que diremos das guerras e tremores das nações que temos visto nos últimos sessenta anos? Os mais poderosos impérios da terra tem sido abalados em seus fundamentos. Reis, príncipes, e homens poderosos, tem sido tirados de suas posições, e passado a vaguear pela face da terra. Nenhum raciocínio humano pode explicar este ocorrido. Esses movimentos tomam lugar ante ao aumento de conhecimento, civilização e desejo por paz. O choque veio de baixo. E o que diz a Escritura? “Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas estas coisas são o princípio de dores.” (Mateus 24:7-8)

5.               O que diremos da diminuição do poder Muçulmano? Duzentos e cinquenta anos atrás os homens se perguntavam se os Turcos não avançariam pela Europa. Nenhum exército parecia capaz de lhes resistir. Província após província caia em suas mãos. Quando Martinho Lutero em seus sermões procurava uma ilustração de poder mundano ilimitado, ele escolheria para seu exemplo “o império Turco”. Mas agora tudo mudou. Sem muita pressão externa a força Muçulmana gradualmente diminuiu. Houve um colapso, um gasto, um verme que devorou seu poderio. Apesar de toda ajuda de aliados Cristãos, o império Turco é como um homem enfermo de uma doença dolorosa. Ele pode se recuperar por um tempo às custas de um forte remédio, mas jamais será novamente poder exclusivo, perseguidor e puramente Muçulmano. Os dias do puro e intolerante islamismo parecem passados para sempre.[2] E o que diz a Escritura? “E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do oriente. E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantes a rãs. Porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis da terra e de todo o mundo, para os congregar para a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-Poderoso. Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande nu, e não se vejam as suas vergonhas.” (Apocalipse 16:12-15)

6.               O que diremos do aumento da atenção às profecias não cumpridas, que apareceu nestes últimos dias? Sessenta anos atrás haviam poucos que prestavam qualquer atenção ao assunto. Passagens das Escrituras que falavam das coisas porvir eram comparativamente negligenciadas, ou pervertidas com ingenuidade curiosa de seus simples significados. Agora, ao contrário, o sentimento público corre em favor do estudo das profecias. Livros sobre o assunto são avidamente consumidos. Palestras sobre o assunto são ouvidas com maior atenção. Apesar das divisões que preterismo e futurismo[3] criaram - apesar do descrédito que Mileritas[4] na América e Irvingitas[5] na Inglaterra trouxeram sobre o assunto, o estudo de profecias não cumpridas ainda está em voga. Mas o que dizem as Escrituras? “estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim.”(Daniel 12:9) As palavras parecem desdobradas. O selo parece ter sido quebrado. Estaríamos próximo do fim?

Leitor, ponho estes pontos diante de você, e peço sua séria atenção a eles. Sei que todos nós somos pobres juízes de nossos próprios tempos. Nós estamos aptos a exagerar a importância dos eventos que ocorrem debaixo de nossos olhos. Ouso dizer que se vivêssemos nos dias de Cromwell, ou sob a primeira Revolução Francesa, teríamos pensado que o fim de todas as coisas era iminente. Mas, mesmo após todo abono, penso que estes pontos que mencionei merecem solene consideração. Eu os considero como sinais de nossos tempos.

Estou longe de dizer que não haverão grandes mudanças antes do fim. Penso ser possível que haja um tempo de conflito e tribulação ainda, “qual nunca houve, desde que houve nação” (Daniel 12:1). Mas venha o que vier, vejo profunda significância nas palavras “vai alta a noite, e vem chegando o dia.”

Vejo nestas palavras o maior motivo para sermos diligentes no trabalho de fazermos algo pelas almas. Tenhamos mais urgência em espalhar o Evangelho pelo mundo. Sintamos mais dores ao nos esforçarmos por semear a verdade em casa. Trabalhemos, se possível, para arrebatar mais tições da fogueira. O tempo é curto. Vai alta a noite. Vem chegando o dia. Vejo nestas palavras o mais forte consolo para o crente em Cristo Jesus. Oh! Que os corações se confortem nisso mais e mais.
        
Ainda por um pouco, e os crentes romperão para sempre com a doença. Os doentes e cansados, que lamentaram sobre sua aparente inutilidade para a igreja - o fraco e vacilante, que tinha vontade de trabalhar, mas não a força para fazê-lo - o frágil e acamado, que esperou prolongados anos em leitos silenciosos, até seus olhos conheceram cada fenda e mancha em suas paredes - todos, todos serão livres. Cada um deles terá um corpo glorioso como o de seu Senhor.
        
Ainda por um pouco, e os crentes que lamentam romperão para sempre com suas lágrimas. Cada ferida em seus corações será completamente sarada. Cada lugar vazio e cada vão em suas afeições serão completamente preenchidos. Eles descobrirão que aqueles que morreram no Senhor não se perderam, mas apenas se foram antecipadamente. Eles verão que sabedoria infinita haviaem cada luto, pelo qual um era tomado e outro deixado. Eles magnificarão o Senhor juntos com aqueles que uma vez foram seus companheiros em tribulação, e conhecerão que Ele fez tudoda maneira correta, e os guiou por justas veredas.
        
Ainda por um pouco, e os crentes não mais se sentirão sozinhos. Eles não serão mais espalhados pela terra, uns poucos em um lugar, outros poucos em outro lugar. Eles não mais lamentarão que existam tão poucos com quem falar, como um homem fala a um amigo - tão poucos com o mesmo pensamento, e que viajem com eles no caminho estreito. Eles estarão unidos à assembleia geral e igreja dos primogênitos. Eles se juntarão à bendita companhia de todos os crentes de cada nome, e povo e língua. Seus olhos serão, em fim, satisfeitos com a visão. Eles verão multidão de santos que ninguém pode enumerar, e nenhum perverso no meio deles.
        
Ainda por um pouco, e os crentes que trabalham descobrirão que seu trabalho não foi em vão. Os ministros que pregaram, e aparentavam não colher frutos; os missionários que testificaram do Evangelho, e ninguém pareceu acreditar; os professores que derramaram nas mentes infantis linha sobre linha, e ninguém pareceu atender - todos, todos descobrirão que não gastaram suas forças por nada. Descobrirão que a semente semeada podeflorescer depois de muitos dias, e que mais cedo ou mais tarde haverá lucro em toda labuta.
        
Ah! leitor, quando serão estas coisas? Verdadeiramente podemos dizer, “Senhor Deus, tu o sabes.” Mil anos para Ele são como um dia, e um dia como mil anos. Mas nós sabemos que ainda por um pouco aquele que vem, virá, e não tardará. Ainda por um pouco, e o último sermão será pregado, a última congregação se reunirá. Ainda por um pouco, e a falta de cuidado e a infidelidade cessarão, perecerão e desaparecerão. Os crentes entre nós estarão com Cristo, e os descrentes, no inferno. Vai alta a noite, e vem chegando o dia.

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