quarta-feira, 22 de maio de 2013

A Decadência da Religião na Holanda - George Gonsalves



Usando um modelo de progressão matemática, um levantamento divulgado há algumas semanas
durante um encontro da American Physical Society, mostra que as pessoas que seguem alguma religião vão praticamente deixar de existir em alguns países. Um destes seria a Holanda, onde 70% dos habitantes não teriam religião alguma até 2050. Hoje, esse grupo é de 40% da população.

Confirmando esta tendência, li há pouco tempo que vários templos religiosos na Holanda estão sendo reutilizados ou simplesmente demolidos. Atualmente, existem 4.200 templos na Holanda, dos quais cerca de 1400 será fechado até 2020, 900 foram abandonados desde 1970. Segundo o professor Peter Nissen, da Universidade de Nijmegen, um terço dos 900 prédios que deixaram de ser utilizados, foi demolido. Outro terço foi assimilado por outras culturas, e o restante foi destinado pelos novos proprietários para funções tais como escritórios, restaurantes, bares e apartamentos.


Tudo isto em um país que teve grandes teólogos e alguns dos movimentos espirituais mais importantes do Cristianismo. Lembremos da devotio modena, movimento que, segundo Johan Huizinga, criou na Holanda uma forte e convencional forma para a vida devota. Desta tendência surgiu uma das obras cristãs mais conhecidas no mundo: A imitação de Cristo, de Tomás de Kempis.

No século XVI a Holanda abrigou o desenvolvimento da "reforma radical", através da liderança de Menno Simons. Ainda hoje os seus seguidores, chamados de menonitas, formam diversas comunidades no mundo, inclusive com forte presença na América do Sul. Poderíamos ainda citar o humanista Erasmo de Roterdã, autor do famosa obra Elogio da loucura, em que fazia severas críticas ao clero católico.

No século seguinte a Holanda acolheria um vigoroso debate sobre a teologia cristã, através das ideias de Jacob Armínio. A perseguição implacável dos calvinistas aos seguidores de Armínio, não deveria turvar os nosso olhos para uma verdade: a religião era muito importante para o povo holandês.

O prestígio dos cristãos ainda era grande no início do século XX, a ponto do teólogo Abraham Kuyper se tornar primeiro-ministro dos Países Baixos entre 1901 e 1905. Contudo, aos poucos todo o fervor religioso foi se desvanecendo. A Holanda se tornou um país de céticos e ateus.

Tudo isso nos leva a algumas reflexões. Primeiramente, precisamos considerar que a obra de Deus deve ser realizada por cada geração no poder do Espírito. Quando cessa o avivamento, ele acaba virando um monumento frio. A geração seguinte não pode viver das bençãos derramadas sobre outrem no passado.

Outrossim, não podemos substituir a comunhão com Deus e a fidelidade à sua palavra por modismos "teológicos". Assim, não devemos ser ingênuos a ponto de acharmos que se marcharmos sobre a cidade dizendo que ela é do Senhor, ela prontamente o será. Precisamos, sim, buscarmos a Deus de forma consagrada para que o mundo veja uma igreja santificada e atuante.

Finalmente, devemos confiar que a igreja não é um artifício meramente humano. Trata-se de uma obra prima, como ressaltou o historiador Paul Veyne. Ocorre que ela não é apenas humana, ela é divina. Assim, Deus cuida bem dela. Ela começou cheia do Espírito no Oriente, se consolidou na Europa e acabou conquistando territórios na América. Não sabemos em qual lugar ela florescerá, mas sabemos que ela não morrerá, pois "as portas do inferno não prevalecerão contra ela".

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