"Portanto ofereçamos sempre por Ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu nome." (Hb 13:15).
Quando o apóstolo Paulo escreveu aos crentes hebreus, muitos sacrifícios já haviam sido oferecidos a Deus por mais de 4.000 anos - desde o tempo de Abel até os dias de Paulo. Uma mudança havia ocorrido e Paulo os instruía que o tempo para os tipos e sombras havia terminado e que agora eles tinham sido introduzidos em coisas melhores. Eles deviam agora adorar a Deus pelo Espírito e na presença de Deus além do véu. A gordura de carneiros e o sangue de bodes, ou qualquer uma das variadas oferendas ordenadas sob a dispensação mosaica, não eram oferendas adequadas a cristãos.
A pergunta que poderia muito bem ocorrer a eles era: "Então não temos nada para oferecer? Não há nada para nós apresentarmos a Deus?". O apóstolo responde dizendo que eles haviam sido introduzidos àquele lugar melhor, onde tinham um altar, "de que não têm direito de comer os que servem ao tabernáculo". (Hb 13:10) Aqueles que ainda ofereciam os sacrifícios que apenas apontavam para Cristo não tinham o direito de participar naquilo que era adequado ao cristianismo e que era a sua característica. Neste, tudo o que é oferecido a Deus é o fruto de Sua própria graça, e nada mais é do que o transbordar de uma viva ligação com Cristo. Para a fé, as coisas velhas haviam verdadeiramente passado.
Então o apóstolo segue mencionando algumas coisas que são adequadas aos sacrifícios cristãos. Sim, era-lhes permitido oferecer algo, mesmo que tivessem que abandonar o templo e todo o seu ritual. Era privilégio deles oferecer "a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu nome". Não era necessário nenhum templo em que devessem oferecer esse sacrifício, e tampouco isso estava limitado a certos dias de festa determinados, mas era para ser oferecido a Deus e era para ser continuamente. Obviamente, apenas aqueles que fossem filhos de Deus e habitados pelo Espírito seriam capazes de apresentar tais sacrifícios. Isto é feito cumprindo-se um versículo que está em Efésios 5: "Falando entre vós em salmos e hinos e cânticos espirituais: cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração". (v.19) (Veja também Cl 3:16).
Vemos algo do caráter dos presentes sacrifícios de louvor no leproso curado em Lucas 17. Ele foi enviado ao templo e aos seus sacerdotes onde deveria oferecer suas dádivas, mas ao ser curado ele teve um vislumbre das glórias da Pessoa que o curou. Ele prontamente voltou suas costas a todo o sistema terreno de adoração para voltar-se ao Senhor Jesus, onde "caiu aos Seus pés, com o rosto em terra, dando-Lhe graças" (v.16). Ele encontrou em Jesus Alguém que era maior do que o templo, mas isto foi somente discernido pela fé. O homem natural volta-se instintivamente para as formas exteriores e para as cerimônias em busca de seu padrão de adoração.
Portanto, em meio às bênçãos que vêm de Deus, ao dar Ele a um homem e à sua esposa um lar aqui neste mundo, onde nosso Senhor não teve nenhum, é importante que exista o espírito de louvor nesse lar. A epístola a Tiago nos lembra que se estivermos aflitos devemos orar, mas se estivermos alegres, devemos cantar salmos. Em outras palavras, temos que receber tudo o que vem de Deus e dar tudo a Deus. Desta forma as bênçãos não removem o Abençoador do lugar que Lhe é devido em nossos pensamentos, pois O reconhecemos e rendemos graças a Ele. Um lar cristão onde o Senhor e as coisas que são dEle são desfrutados, irá freqüentemente ressoar com cânticos de louvor.
Que isto possa ser algo mais característico de nossos lares, pois estes "sacrifícios espirituais" são aceitáveis a Deus por Jesus Cristo (1 Pedro 2:5). Porventura não foram o louvor e a gratidão do leproso curado coisas preciosas e aceitáveis ao Senhor Jesus? Certamente que foram! E somos assegurados pela Palavra de Deus que nossas palavras e cânticos de louvor são aceitáveis a Ele. Que privilégio o nosso, e quão superior àquele dos judeus da antiguidade.
O apóstolo continua: "E não vos esqueçais da beneficência e comunicação, porque com tais sacrifícios Deus Se agrada" (Hb 13:16). Aqui estão mais duas formas de sacrifício que um cristão pode, e deve, oferecer a Deus. O cristão deve fazer o bem. Isto cobre uma variada gama de coisas, pois ele pode fazer o bem de diversos modos. Ele deve fazer o "bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé" (Gl 6:10). Poderá ser ajudando a um doente que necessite de assistência - tanto um que pertença ao Senhor, como, talvez, um incrédulo a quem podemos ter oportunidade de testemunhar por Cristo. Não vamos nos estender nas grandes possibilidades que esta aceitável forma de sacrifício oferece. Que possamos ter um ouvido atento para escutá-Lo a nos dirigir nos caminhos e lugares onde possamos servi-Lo. Talvez ninguém mais fique sabendo, além daquele que foi ajudado e o Senhor. Mas isto é muito melhor, pois então nossos traiçoeiros corações não terão oportunidade de se gloriar nisto.
Por sua ordem, vem então a palavra "comunicação", isto é, distribuir nosso dinheiro e bens a outros, pois isto é também aprazível ao Senhor. Sabemos que o dízimo era exigido de Israel na antigüidade, isto é, que dessem uma décima parte daquilo que ganhavam para o Senhor. Já não existe tal ordem dada aos cristãos. Por que? Simplesmente porque não estamos agora sob a lei e sob os mandamentos para fazermos algo. Estamos sob a graça e sob o senhorio de Cristo. Tudo o que oferecemos a Deus de nossas coisas temporais devemos fazê-lo como sendo o extravasar de um coração transbordante, um coração que está desfrutando de tudo aquilo que a graça nos proveu. Quanto ao senhorio, devemos nos lembrar de que não somos mais de nós mesmos; nós - todos nós - pertencemos uns aos outros. O Senhor nos comprou e somos Seus. Um poeta expressou isto da seguinte maneira:
De tudo o que tenho ou terei, nada é meu,
Pois considero tudo como sendo de Quem me deu;
Meu coração, minha vida, futura e presente,
Pertencem a Ele e são dEle eternamente.
Davi disse a Deus: "Porque tudo vem de Ti, e da Tua mão To damos", quando ofereciam generosamente aquilo que seria para a construção do templo (1 Cr 29:14).
P.Wilson
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