sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Igreja e Política: Uma Perigosa e Explosiva Fórmula



Os ditos evangélicos saíram com garra ao campo!

Quem dera fosse os campos branquejados para ceifa. Quem dera fosse os lugares de difícil penetração do cristianismo, onde ser Igreja é uma constante ameaça a segurança pessoal. Quem dera fosse em prol de um movimento de moralidade e re-avivamento espiritual começando em suas próprias vidas, depois “igrejas” e sociedade. Quem dera fosse por causa do Reino e de seu Rei...
Quem dera...
As praças e ruas foram tomadas pelas turbas embriagadas de populismo demagogo, promessas de ódios, guerra de informações e favores “panis et circeses” que deixa em xeque nossa propalada democracia oligárquica e midiática. Agora, com um novo e inusitado elemento em meio à trama (nem tão novo assim), a presença maciça, colorida e “ungida” dos “crentes” enfeitando as passeatas, mas enojando a fé.
Não que eu seja um apolítico, ou alguém avesso a política, ou ainda que possua fobia a política, não é isso. Tenho ojeriza ao que ela tem se tornado e como os modernos “senhores de engenho” se utilizam de sua força de trabalho para conseguir a posse de parte do poder em nossa estrutura republicana. Sempre defendi que a cosmovisão evangélica percebesse as questões sociais a sua volta e fosse um farol a comunidade / sociedade na qual se está inserida, e esse exercício de existência comunitária se dá com conscientização política. Viver “igreja” sem considerar o que se passa em seu município, estado, país é uma alienação, é um evangelho platônico e irreal, é uma ilusão dopante que anestesia nossa capacidade de discernir tempos e épocas.
No entanto, é preciso saber o que se defende o que se projeta qual a razão / propósito dessa afinidade político partidária, de que forma o Senhor será glorificado nessa conjunção de acordos escusos e escandalosos privilégios. O que mais se tenho ouvido é que tais candidatos irão representam a “igreja” e as questões ligadas aos evangélicos. Ledo engano, a grande maioria defende apenas um projeto pessoal e mesquinho, ou é o braço político de um império chamado “igreja tal e tal”.
E quando a irracionalidade religiosa ganha proporções decisivas num estado laico, torna-se um jogo perigoso para democracia. Sempre que aconteceu a união, Estado - Igreja na história, ela foi nociva e degradante para o povo. Desde as Cidades-Estado da antiguidade, os grandes impérios, passando pelo catolicismo medieval aos modernos Estados Mulçumanos, essa mistura tem sido perigosa, explosiva e tirânica. Observo com preocupação os nossos emplumados líderes espalhando seus tentáculos pelo poder sem nenhuma preocupação com a república (coisa pública), mas apenas focados em alcançar posições palacianas ou espraiar sua influência e fortuna, perpetuando-se no poder, tanto religioso quanto político.
Cuidado Brasil com esses “homens de deus” no poder!
Não quero uma nação islâmica, nem catolinizada, muito menos protestantizada. Não quero a minha nação comprometida com nenhum segmento religioso. Prefiro o Estado Laico! O Estado tem que se comprometer com o direito, a justiça, o cuidado com o povo, seja ele de qualquer credo religioso. Como eleitores, temos que exigir o cumprimento das leis, a aplicação dos recursos públicos de forma que venhamos receber o fruto dos impostos pagos, que por sinal são astronômicos e injustos. Como eleitores, temos que exigir paz social e não guerra religiosa.
Quem dera os “evangélicos” fossemos democráticos e fiscalizadores do poder pátrio como são resolutos em suas demonstrações místicas.
O que temos, então, pastores que se associam a velhas raposas e emprestam sua figura e imagem aos guias eleitorais, usando sua gente como massa de manobra e poder de barganha. Os irmãozinhos ganham as ruas como cabos eleitorais abraçando com sua simplicidade as decisões de seus líderes, mesmo sem entenderem bem o porquê delas.     
Como se não bastasse os profissionais da política que transformaram os cargos eletivos em possessão hereditária, muitos “líderes” religiosos (os evangélicos descobriram esse veio) embarcaram na onda do poder pelo poder, abençoados pelo povo alienado e psicologicamente cativos de seus favores com o “divino”.
Talvez não devesse estar falando sobre isso. Uma vez que muitos políticos, dependendo do cargo possuem imunidade, os “líderes evangélicos” possuem imunidade eclesiástica: “Não toque no ungido”.
Tô ferrado!!!
N’Ele, que é fogo consumidor. 

P.S: Peguei emprestado uma citação do irmão André Pensil e sua perspicácia para construir o pensamento deste artigo.         

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