sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Quebrantado Coração



“A intimidade do é para os que o temem, aos quais Ele dará a conhecer a sua Aliança”

(Salmos 25.14)
Semana passada, fui surpreendido por um irmão de fé, que estomagado, reclamava dos informes missionários em sua comunidade sobre a Igreja Perseguida. Incrédulo, ouvi toda a queixa em silêncio. Nenhum dos fatos noticiados havia lhe provocado um senso de fraternidade capaz de calar o coração, sempre disposto em buscar as bênçãos, mas inerte na solidariedade aos irmãos castigados pela perseguição cristofóbica crescente no mundo.
Hoje, ao falar do Evangelho para algumas pessoas, e ao responder algumas questões sobre a vida dos mártires e a simplicidade da vida cristã, alguém interrompeu: “Não quero! Não quero um Deus que não me garanta boa vida aqui neste mundo”. Calei-me por alguns instantes e depois respondi que a salvação em Cristo é o bem maior e a vida eterna a benção incomparável e verdadeira da promessa de Cristo.
Mas, juntando esse a outros fatos parecidos em minhas caminhadas e conversas evangelizadoras pela cidade, fiquei pensativo e de coração machucado pelo “evangelho anunciado” e pelo “evangelho confessado” de nossa gente.
O “evangelho anunciado” tem gerado expectativas meramente terrenas e fugazes, tem criado esperanças financeiras ou tão somente de problemas resolvidos, além de imitar pensamento – reflexão, produzindo, assim, a alienação dos valores eternos, a rejeição ao caminho estreito e espinhoso, além do abandono da cruz.
Quão frágil é a fé construída basicamente em milagres e que não é besuntada com a Palavra da Verdade e da Vida. Quão perigosa é a convicção de quem não pensa racionalmente a sua fé e não a solidifica no conhecimento e no poder de Deus. Quão inútil é a fé expressa neste mundo apenas e que não atravessa os portões eternos.
O “evangelho confessado” não tem abraçado os mandamentos de Cristo. Estamos observando apenas até onde os nossos muros chegam, e quando erguemos um pouco nossa visão é para admirar a grama alheia e não para exercer a solidariedade na dor. O problema dos outros é deles, ninguém tem nada a ver com isso. E assim, a Igreja que é mais organismo que instituição, que é corpo e não um mero associativismo, que é morada do Pai, virou lugar comum onde se barganha as vitórias.
Quão falso é o evangelho sem a cruz que busca freneticamente o bem estar de seu grupo alienado do CORPO. Quão enganoso é o evangelho líquido de mercado, deverás empreendedor e tão pouco fraterno. Quão maligno é o evangelho de resultados, pragmático, transforma gente em número e evangelismo em marketing.
No entanto, sei que há quem verdadeiramente busque quebrantar o coração.
Posto que coração quebrantado não é a costumeira prática religiosa de vitimizar-se, comiserar-se, compungindo o coração numa manifestação lacrimosa e cheia emocionalismo, sem contudo, produzir mudanças em si e em seu meio (Rm 12.1-2).
Não há quebrantamento de coração sem levar em conta a Deus, ofendido pelos nossos pecados e iniqüidades, e ao nosso próximo, sentindo fraternalmente a dor que lhe cabe, e solidarizando-se com o peso da cruz que lhe enverga.
Bem define Kivitz: “Coração quebrantado é um coração que recebe o coração de Deus”.
 
 
N’Ele, que quebranta o nosso coração para a solidariedade da Igreja.

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